quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Anjo ou demônio?

Artigo do jornalista Leonildo Rosas

Alinhado com setores da imprensa nacional, o Ministério Público Federal voltou a ligar as baterias aéreas e jurídicas contra o senador Jorge Viana (PT).

Os procuradores da República encontraram espaço na mídia para reabastecer o noticiário com a história da compra do helicóptero pelo governo do Estado. Leia aqui.

A denúncia é que o petista, por ter sido presidente do conselho administrativo da Helibras, fez lobby para que a administração estadual adquirisse a aeronave.

É um direito dos procuradores querer explicação sobre a boa aplicação dos recursos públicos. Essa é uma das suas principais atribuições constitucionais.

Atribuição constitucional à parte, não dá para deixar de estranhar a sucessão de ações dos procuradores lotados no Acre contra o senador.

O que se pode concluir é que essas movimentações viraram também um questão de cunho pessoal.

Como político, Jorge Viana está longe de ser santo, mas não pode ser tachado de demônio e de alguém que usou os seus mandatos como trampolim para enriquecimento ilícito.

É um ser humano como qualquer outro. Comete erros e acertos.

O que não se pode negar é que Jorge Viana simboliza, mais do que ninguém, a mudança positiva operada no Acre nos últimos 12 anos.

Sob o seu comando, o Acre saiu da ilegalidade. Deixou de ser manchetes nas páginas policiais para ser destaque como um Estado que faz a boa política com respeito à natureza e ao erário.

Nos oito anos em que esteve no governo, Viana contribuiu para resgatar a autoestima do povo acreano. Isso jamais pode ser desconsiderado.

O escriba pode estar errado, mas há outras coisas bem mais complexas por traz de toda a história.

Parece que estão querendo jogar Jorge Viana na vala comum dos políticos, para passar à população local, nacional e mundial que ele é um político igual aos outros.

Igualando-o ficará mais fácil atingi-lo porque não terá mais o escudo sagrado da proteção popular.

Resta saber até que ponto isso vai ajudar ao Acre.

Foi por mostrar ao país políticos do quilate do Jorge Viana, Marina Silva e Tião Viana que as portas se abriram para o nosso Estado.

Se pessoas como essas forem igualadas ao que há de pior na política nacional as portas podem se fechar. É certo como dois mais dois são quatro.

O Ministério Público Federal é fundamental como guardião da legalidade, mas também erra.

Em meados da década de 1990, chegou ao Acre o procurador da República Luiz Francisco de Souza Fernandes. Foi fundamental para trazer o Estado à legalidade, quando enfrentou o crime organizado.

Luiz Francisco não teve o mesmo desempenho quando fez acusações infundadas contra o hoje vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge Caldeira.

Foi comprovado que o procurador não estava certo e que fez o uso da imprensa para difundir as suas acusações. Foi punido por isso.

Eduardo Jorge, alias, escreveu o seguinte no livro “Era dos Escândalos”, de Mário Rosa:

“A lógica dos justiceiros, que inicialmente ganham simpatia popular, é executar a tarefa de “limpar a sociedade”, é a mesma que faz representantes da imprensa e do Ministério Público deferirem golpes mortais na honra de um suspeito – ou melhor, daqueles a quem consideram suspeitos – antes que o devido processo legal ou mínino de evidências o tenha incriminado”.

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