Não deveria, mas a maneira como algumas pessoas em Xapuri misturam intencionalmente política paroquiana com fatos da vida cotidiana continua a me surpreender. Aqui, a linha que divide fatos de qualquer natureza e querelas políticas partidárias é tão tênue, que se joga de lado o respeito por pessoas que procuram exercer o seu ofício com máxima retidão possível.
Esquece-se, inclusive, que qualquer cidadão acusado de delitos de qualquer tipo, o que não é o meu caso, assim como dessa e daquela atitude ou posicionamento ético-profissional, aí sim, eu entro forçadamente na questão, é inocente até que se prove o contrário. A presunção de inocência, apesar de princípio jurídico aplicado ao direito penal, pode ser invocado também em casos sem maior gravidade quando, por exemplo, você é gratuitamente tachado de mentiroso.
Todo esse preâmbulo se faz necessário para adentrar ao caso em questão, relacionado ao fato amplamente divulgado por este blog, ocorrido na madrugada do último sábado, quando Anderson Pereira de Mattos foi agredido por um grupo de jovens entre os quais estavam dois filhos do vice-prefeito Eriberto Brilhante da Mota, Mayron e Marcelo, ato repudiado inclusive por mim mesmo, cujo desfecho eu espero ser a responsabilização dos autores, independentemente de serem filhos de bacana ou de qualquer pau-de-arara.
Ocorre que, manhã da última segunda-feira (5), enquanto comentava e lamentava o ocorrido em meu programa de rádio, que vai ao ar na Rádio Educadora 6 de Agosto entre às 8:30 e 10:00 da manhã, me coloquei à disposição das famílias envolvidas no entrevero, Mota, Menezes e Pereira, de forma a permitir que cada uma delas, caso quisessem, se manifestassem sobre o assunto, uma vez que o episódio, por envolver pessoas influentes, causava grande repercussão cidade afora.
Momentos depois, recebo telefonema do ex-vereador José Everaldo Pereira, manifestando interesse de ir à Rádio Educadora falar sobre o assunto em questão. De pronto, disse a ele que já estava à sua espera, ao que ele respondeu não estar preparado naquele momento e que só iria à emissora no dia seguinte. Encerrei a conversa telefônica dizendo a ele que me encontrava à inteira disposição das famílias com relação à repercussão dada ao caso pelo meu programa.
Em seguida, chega à emissora o vice-prefeito Eriberto Mota que, convidado a se pronunciar sobre o caso, falou de sua preocupação com a situação da vítima, afirmando que não protegeria seus filhos de qualquer responsabilidade e lamentando o episódio ocorrido pelo fato de se considerar amigo do pai de Anderson, Jéferson Mattos, assim como do próprio José Everaldo, de quem foi colega de mandato como vereador. Chegou a chorar durante a conversa, cuja íntegra está na emissora à disposição de quem tiver interesse na mesma.
Na manhã desta terça-feira (6), acordo acometido de febre acompanhada de fortes dores abdominais e deixo de me dirigir à rádio para apresentar meu programa diário, como faço normalmente. Como a emissora não dispõe de uma equipe ampla que possibilite substituições sem que haja prejuízo em outro serviço, a emissora permaneceu apenas com programação musical no horário da manhã. Sequer lembrei-me, admito o lapso, que Everaldo ficara de ir ao programa.
Eis que meu telefone residencial toca e, impossibilitado de atender, solicito que seja informado ao senhor José Everaldo, que me aguardava na rádio acompanhado de seu irmão, Carlos Luís, e de um advogado, que não estava em condições de apresentar o programa. Quando me preparava para telefonar ao tio de Anderson Mattos para convidá-lo a ir à emissora no período da tarde, no programa do radialista Joseni Oliveira, me chega às mãos um patético documento manifestando “descontentamento e desagravo” pelo fato de a emissora não haver proporcionado à família de Anderson o “sagrado direito do contraditório”.
Assinado pelo advogado Suede Chaves da Cruz (OAB/AC 664), com procuração anexa outorgada pela vítima, Anderson Pereira de Mattos, o documento afirma equivocadamente que o vice-prefeito “prestou esclarecimentos” sobre o caso junto à emissora. Repito: a íntegra da participação do vice-prefeito está à disposição de quem nela tenha interesse e uma breve transcrição do que Eriberto disse está transcrita logo abaixo, aqui no blog.
Como o vice-prefeito não fez nenhum juízo de valor sobre o episódio que envolve seus filhos, a não ser se solidarizar com a família da vítima e garantir que não passaria a mão na cabeça dos filhos, não sei a que “contraditório” o advogado de Anderson Mattos se refere. Mas apesar de pensar desta maneira, os microfones do meu programa continuam à disposição da família, não para desabafos ofensivos e passionais como o que recebi de uma irmã de José Everaldo, Maria da Luz Pereira, em uma nota de repúdio para ser publicada aqui no blog na qual se refere aos envolvidos na agressão com o termo “cães adestrados”, mas para posicionamentos sóbrios sobre a situação do rapaz e de como a família está acompanhando o trabalho da polícia no caso.
No mesmo documento, o advogado, em nome de seu representado, insinua que eu estivesse mentindo quando informei as razões pelas quais não compareceria à emissora de rádio, lembrando-me que o “caso em tela é de POLÍCIA e não de política”. Ora, quem falou em política foram os autores do texto e isso, para mim, sem querer ser assertivo, pode ser sintomático. Pode denunciar a intenção de se levar o assunto para um lado político com o qual não tenho nenhuma ligação. Essa atitude pode evidenciar que esse circo se montou única e simplesmente pelo fato de os envolvidos serem filhos do vice-prefeito. Mas também posso estar enganado, é claro.
A manifestação do advogado traz ainda à luz uma acusação grave que precisa ser averiguada com rigor pela polícia para que a justiça haja com dureza. Segundo o documento, Anderson Mattos foi agredido por um grupo de marginais que compõem a denominada “Gang da Fivela”, composta principalmente pelo filho do vice-prefeito Eriberto Mota, Mairon Mota Menezes; por Leandro Menezes, filho do funcionário da Seaprof, Nilberto Menezes; Renan Dankar, filho de Rômulo Dankar, pelo filho de outro funcionário da Seaprof, Paulo Sérgio Oliveira, de nome Lorran, além de outro não identificado até o momento.
A polícia de Xapuri precisa esclarecer urgentemente se o que houve nesse malfadado carnaval fora de época foi apenas uma confusão de jovens empolgados, empurrados por certa frouxidão dos pais, cuja briga resultou em graves consequências que poderiam ser ainda piores, ou se a cidade está à mercê de uma perigosa quadrilha de marginais formada por filhos de algumas das melhores famílias da sociedade local.
De minha parte, fiz o que achei correto e considero que agi com extrema isenção e imparcialidade no trato com o caso em repercussão, lembrando aos que se atreverem cogitar o contrário que sou tão amigo e admirador de Eriberto Mota quanto de Jéferson Mattos. Divulguei e comentei as informações que apurei na polícia e junto a testemunhas, algumas delas, inclusive, afirmando que foi a própria vítima que deu início à confusão, fato que, se confirmado pela polícia, não justificará as covardes agressões recebidas pelo jovem, mas, da mesma maneira, fará recair sobre ele certa e proporcional responsabilidade sobre o episódio.
Ademais, reafirmo a minha solidariedade às famílias envolvidas neste lamentável acontecimento, esperando que o ocorrido sirva de lição para todos, sem exceção, assim como me mantenho à disposição, tanto através deste blog quanto de meu programa de rádio, assim, é claro, que estiver recuperado dessa tão persistente quanto inconveniente dor de barriga.
3 comentários:
Raimari, me solidarizo com vc nesse episódio. Nós que temos coragem de passar as informações sempre findamos muitas vezes mal interpretados.
Foi uma explosão de testosterona. Vamos deixar de colocar lenha na fogueira, pessoal. Jéferson e Eriberto precisam de cabeça fria prá conversar e por um fim nesta história. Guardem suas opiniões para si mesmos. Vamos parar com a fofoca.
Caro Raimari,até nisso um episódio negativo traz prejuizos até para quem não é das famílias envolvidas,eu que fui criado com o Eriberto praticamente o ví nascer, nunca ví algo semelhante o que o seus filhos fizeram,totalmente direferente da sua personalidde,como o Jerferson Mattos, gente finíssima tanto ele como sua Esposa e família, não vou comentar sobre os filhos deles porque não os conheço, pois faz dezenove anos que me mudei aqui pra Porto Velho,agora como Xapuriense me entristeço profundamente com essa nova geração que não viveu nossos tempos em Xapuri, aonde todos era-mos como irmãos,sou pai de tres filhos hoje e posso sentir na pele o que o Eriberto e o Jerferson estão passando,só peço que Deus tire o òdio dos corações de todos e dê força as duas familias...e a voce Raimari aquele abraço amigão,aqui na minha casa em Porto Velho a gente sempre se reune Aílton Farias,Amilca Farias e Fío maravilha e levamos horas relembrando os bons e velhos tempos,o Ailton farias vem pra cá e fica radiando jogo pros meus filhos ouvirem entre brasília e santiago ou américa pensa numa cabeça? o cara lembra dos times inteiro,quando vír a PVH não esqueça de fazer parte desse seleto time aqui na minha casa,desculpa fugir um pouco desse fato lamentavel,foi só pra concientizar a todos que nós Xapurienses temos muito mais momentos bons e inesqueciveis do que esse acontecimento negativo que infelismente foi entre os filhos dois amigos de uma geração maravilhosa..
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