terça-feira, 27 de maio de 2008

Vinte anos depois

Acusados de matar o sindicalista Ivair Higino vão a júri popular nesta quarta-feira. Família da vítima espera por justiça 20 anos depois

Foto: Jornal Página 20

Familiares de Ivair Higino, acompanhados da sindicalista Júlia Feitosa

O Tribunal do Júri de Xapuri vai levar ao banco dos réus, nesta quarta-feira, os acusados pelo assassinato do sindicalista Ivair Higino de Almeida, morto no dia 18 de junho de 1988, seis meses antes de o líder sindical Chico Mendes ter o mesmo destino.

Vão a julgamento Cícero Tenório Cavalcante, Oloci Alves da Silva e Gentil Alves da Silva, os dois últimos, respectivamente, filho e sobrinho do fazendeiro Darly Alves da Silva, condenado como mandante do assassinato de Chico Mendes, há 20 anos.

Os outros acusados de envolvimento na morte de Ivair Higino, o fazendeiro Alvarino Alves e seu sobrinho Darcy Alves, esse condenado como sendo o autor do tiro que matou Chico Mendes, não serão levados a julgamento porque para eles o crime já prescreveu por circunstâncias relacionadas à idade de ambos.

O tempo de prescrição do processo para os dois acusados foi reduzido pela metade. No caso de Alvarino, por ter mais de 70 anos na época da pronúncia, e no caso de Darcy, por ser menor de 21 anos na época do crime.

Os réus e as 16 testemunhas arroladas no processo foram intimados à cerca de um mês para a sessão do Tribunal do Júri, que será presidida pelo juiz Anastácio Lima de Menezes Filho, e que deve ter início às 8 horas da manhã, com o sorteio dos sete cidadãos xapurienses que comporão o corpo de jurados.

Este será o julgamento de maior repercussão em Xapuri desde o caso do sindicalista Chico Mendes, que foi julgado em 1990, quando Darly e Darcy Alves foram sentenciados pelo juiz Adair José Longuini, na data em que Chico Mendes completaria 46 anos de idade, após quatro longos dias de estafante julgamento. Era o dia 15 de dezembro daquele ano.

O clima em Xapuri é de tranqüilidade, mas de evidente expectativa, em virtude da inevitável relação que há entre os dois crimes. A falta de uma solução ou de um ponto final para o caso de Ivair Higino tem sido, nesses últimos 20 anos, motivo de intensas cobranças à justiça e de acusações de desinteresse da parte daqueles que são ligados à causa defendida pelo sindicalista.

O julgamento acontece no apagar das luzes do tempo previsto para a prescrição do processo, que é de 20 anos, a ser completado no próximo dia 18 de junho. A ausência de provas materiais do crime, motivo do processo se arrastar por tanto tempo na justiça, também deve ser a maior das dificuldades para a acusação, que será feita pelo promotor Mariano Jeorge de Souza Melo, tendo como assistente o advogado Gumercindo Clóvis Garcia Rodrigues.

Ivair Higino foi assassinado na madrugada de 18 de junho de 1988, numa emboscada na porta de sua casa, na BR-317. O crime aconteceu em um momento de extrema tensão entre trabalhadores rurais e grandes proprietários de terra. Monitor das Comunidades Eclesiais de Base e um dos dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Ivair Higino era um dos braços direitos de Chico Mendes na realização dos empates. Os dois estão sepultados lado a lado no cemitério da cidade.

Os pais do sindicalista, o aposentado José Higino de Almeida, 71 anos, e dona Luzia Maria Siqueira, de 66, devem comparecer ao julgamento. Ivair era o filho mais velho do casal.

3 comentários:

ALTINO MACHADO disse...

Sindicalista Júlia Feitosa? Ela é de qual sindicato, Raimari? Pelo que sei ela é assessora do governador Binho Marques. Ou não?

Raimari Cardoso disse...

Pois é, assessor governamental e sindicalista se tornaram coisas tão parecidas que acho que fiz confusão. Mas, na verdade, apanhei essa foto com legenda e tudo. Para o jornal Página 20, Júlia é sindicalista.

Unknown disse...

Julia e igual a bombril tem mil e uma utilidade, e sindicalista, assessora de governo, Presidente do Comitê Chico Mendes e se considera a Madrasta da Angela Elenira e Sandino, e ainda se julga Dona do nome Chico Mendes.