O parlamento português aprovou ontem o acordo ortográfico da língua portuguesa já ratificado por Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Entre as novas regras, estão o fim do trema e do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" em palavras paroxítonas, como "idéia".
Da Sucursal da Folha de São Paulo em Brasília
Em tese, mesmo sem a aprovação de Portugal, as novas normas já estariam em vigor no Brasil, porque para isso bastam as assinaturas de três países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
A implantação da reforma ortográfica, porém, estava sendo adiada devido a não-adesão de Portugal. Agora, o país europeu estabeleceu um prazo de seis anos para a adaptação de livros e provas de concurso público, entre outros.
O acordo foi firmado em 1990. Em 1995, o Congresso brasileiro o aprovou. Agora, a implantação definitiva depende só de um decreto do presidente Lula, ainda sem data.O MEC (Ministério da Educação) informou, via assessoria de imprensa, que, na semana que vem, o ministro Fernando Haddad irá procurar o seu par no governo português para definir um cronograma conjunto.
No Brasil, porém, o prazo de adaptação será mais curto. Recentemente, o MEC determinou que, em 2010, os livros didáticos de escolas públicas já terão de estar adaptados. As editoras podem começar a mudança já no ano que vem.
O ministério irá definir também um cronograma para a implantação das novas regras em outros suportes, como livros de literatura e dicionários.
Entre as novas regras, estão o fim do trema, do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" em palavras paroxítonas, como "idéia" e "jibóia", e do acento diferencial para distinguir o verbo "pára" da preposição "para". Também deixarão de existir consoantes mudas ainda usadas em Portugal ("óptimo").
A reforma causou polêmica em Portugal. Nesta semana, um abaixo-assinado contrário a ela obteve 33 mil adesões.Um dos motivos para que Portugal demorasse a aprovar o acordo, que é de 1990, foi a pressão das editoras nacionais, que tinham medo de perder mercado para as brasileiras.
Editoras brasileiras ouvidas pela Folha de São Paulo, porém, dizem que ainda há dificuldades para entrar nos mercados africano e português, como as diferenças de vocabulário e de currículo.
Leia mais sobre o assunto (assinantes do jornal ou do UOL) na Folha de São Paulo.
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