quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mero pitaco

O deputado Manoel Moraes (PSB) lamentou, na última sessão da Aleac, o naufrágio da catraia que deixou três mortos, em Xapuri, na noite do último domingo (3). De acordo com reportagem de Rutembergue Crispim (leia), o parlamentar afirma que apenas a construção da ponte poderá evitar tragédias como a que se abateu sobre três famílias.

“Lamento muito a morte destas pessoas. Foi uma fatalidade. Mas precisamos agir o mais rápido possível, garantindo a construção de uma ponte naquela região. Só isso evitará que novas pessoas sejam vítimas. Tenho certeza de que a nossa união garante a realização desta obra tão importante para Xapuri”, afirmou, na tribuna, o deputado.

Em seu blog pessoal, Moraes culpa a burocracia para a construção da ponte pelas mortes em Xapuri (leia aqui).

“Se não houvesse tanta burocracia, tantas etapas a serem vencidas, hoje não estaríamos contando corpos em Xapuri. Há décadas que a população de Xapuri sonha com a construção dessa ponte, agora está mais do que provado que é uma necessidade urgente”, diz o deputado.

Louvo todo o esforço que tem sido feito em favor da construção da ponte em Xapuri, independentemente de nomes ou partidos políticos, mas discordo do deputado Manoel Moraes em alguns pontos: primeiro, não houve fatalidade, mas sim tragédia anunciada. Segundo, a falta da ponte não deve nada a esse acidente, cujos responsáveis são muitos.

Precisamos, sim, da ponte, e justificativas para que ela se torne realidade já não são mais necessárias. Não podemos creditar à falta dela a responsabilidade por essa tragédia que abalou e consternou toda uma cidade. Não dependemos da ponte - nem a população e muito menos as autoridades – para termos mais compromisso com a segurança coletiva.

A causa do acidente do último domingo foi a mesma que na maioria das vezes motiva os desastres automobilísticos: a falta de prudência e respeito pelas medidas básicas de segurança. O resultado da perícia sairá dentro de 20 dias, mas é fato comprovado pelos depoimentos de sobreviventes que o barco estava superlotado e que ninguém usava colete salva-vidas.

O naufrágio aconteceu com uma catraia que faz a travessia entre as duas partes da cidade, daí a relação forçada com a ausência da ponte, mas poderia ter ocorrido também com um dos muitos barcos a motor que todos os dias transportam centenas de pessoas, geralmente sem coletes, rio abaixo, rio acima. O transporte fluvial é uma necessidade e sempre irá existir. O cerne da questão é a adoção das medidas de seguranças, que já são obrigatórias, mas que devem ser efetivadas e fiscalizadas pelas autoridades competentes.

Em entrevista, na última segunda-feira (4), o prefeito Bira Vasconcelos sintetizou numa frase tudo o que se pode dizer dessa tragédia: “Ninguém pode se eximir de culpa”. E realmente somos todos culpados. Desde sempre, autoridades, imprensa e população têm feito vistas grossas para o perigo real e constante da travessia das catraias em Xapuri sem qualquer medida de segurança. Ali, diariamente, vão e voltam crianças e idosos, todos alheios ao risco iminente.

Infelizmente, o que realmente pode evitar que novas pessoas sejam vítimas de acidentes como o que aconteceu na noite do último domingo não é a mera construção de uma ponte, mas os ensinamentos tirados da própria tragédia, da experiência traumática que – queira-se ou não - servirá como dura e triste lição que desejamos que permaneça na lembrança das pessoas, autoridades e população, por um tempo bastante duradouro.

É meu mero pitaco.

2 comentários:

Clénio Jorge disse...

O deputado Manoel Moraes (PSB) fez um discurso nesta terça-feira, 05, falando sobre a morte de três pessoas em naufrágio de uma catraia em Xapuri no último domingo. O acidente aconteceu por volta das 23 horas quando a embarcação, que transportava cerca de 15 passageiros da cidade até o bairro de Sibéria, bateu em um tronco que flutuava no rio Acre. De acordo com Moraes, o acidente foi uma tragédia anunciada, pois não há iluminação no ponto de embarque e há anos a população vem cobrando a construção de uma ponte no local.


“O Governo construiu 46 pontes na BR-364 até Cruzeiro do Sul de forma que não se justifica o povo de Xapuri ter que usar uma catraia, embarcação da época da fundação do Estado, para atravessar o rio”, argumentou. “É uma vergonha! Xapuri já deu sua contribuição para a formação do Acre e não é por falta de recursos que não tem a sua ponte”, comentou.

O deputado lembrou que já fez cinco viagens até Brasília em busca de recursos para a ponte e que a bancada federal do Acre deve se mobilizar ainda mais no sentido de conseguir a liberação do dinheiro para a obra. “Não defendemos a construção de uma ponte por que é bonito, mas porque queremos segurança para a nossa população”, disse.

Unknown disse...

Caro Raimari.
Concordo plenamente com o seu pitaco e acrescento uma situação que já se anuncia.É o transporte, via canoas, de crianças e adolecentes(estudantes), que habitam às margens dos Rios Acre e Xapurí.