Uma catraia passa ao lado de outra, naufragada na noite do último domingo (3) deixando, até o momento, uma pessoa morta e duas desaparecidas. Cliquem na imagem de Haroldo Sarkis e notem que nove pessoas estão na embarcação, quase todas usando coletes salva-vidas, com as barbas de molho, depois do que ocorreu no domingo.
No acidente do último domingo, quase vinte pessoas estavam aboletadas dentro da catraia que foi a pique depois de bater contra um tronco de árvore. Nenhuma delas usava colete salva-vidas. Tanto um fato quanto o outro demonstram o que tem sido, desde sempre, a regra dessa histórica travessia entre o centro de Xapuri e o bairro Sibéria: o descaso com a segurança.
Em janeiro passado, a Marinha do Brasil esteve em Xapuri e fez várias ações para melhorar a segurança na navegação fluvial. A principal delas foi obrigar que os donos de catraias comprassem para cada uma das embarcações 10 coletes salva-vidas. Eles, a contragosto, creio eu, compraram.
No entanto, as peças nunca foram efetivamente colocadas em uso. Ficaram penduradas em uma corda como meros objetos decorativos. O catraieiro nunca fez da obrigatoriedade uma exigência para que pudesse zarpar de um lado para o outro do rio, com segurança.
Uns poucos que ousavam vestir os desajeitados, mas eficientes equipamentos salva-vidas eram, vez por outra, vítimas de gracejos e mangoças, segundo alguns relatos. Outros diziam: “Serei eu abestado para colocar colete numa travessiazinha dessas?”.
A verdade é que ninguém abria os olhos para esse perigo real da travessia do rio Acre pelas catraias. Nem os usuários, nem os barqueiros e muito menos as autoridades. O prefeito Bira Vasconcelos admitiu isso hoje pela manhã ao dizer: “ninguém pode se eximir de culpa”.
É evidente que a hora não de se procurar culpados, mas é uma oportunidade para se fazer uma grande reflexão sobre segurança dos transportes em Xapuri. Segurança em um sentido amplo que abranja muitas situações de perigo real como foi o caso dessa tragédia anunciada do rio.
Nesta segunda-feira, por volta do meio-dia, por pouco não ocorreu uma nova tragédia. Um caminhão de um frigorífico perdeu os freios na descida da rampa da balsa, que também faz travessia entre um lado e outro da cidade, e quase atropela um vendedor de sorvetes, cujo carrinho não teve a mesma sorte.
Em janeiro passado, fui ameaçado de processo na justiça porque mostrei uma peça xexelenta (leia aqui) de um parque de diversões instalado em Xapuri. E ainda houve conterrâneo meu que “deu corda” nos donos do parque para que me acionassem nas pequenas causas.
Procuro citar exemplos aparentemente banais e corriqueiros, mas que podem resultar em tragédias como a desse domingo, na qual três vidas se perderam de forma triste e lamentável. Não fazem sentido o argumentos de “fatalidade” ou outro mais absurdo que apregoa que “a morte só quer uma desculpa”. Não, nada disso. Acidentes não acontecem, eles são causados e podem ser evitados.
A grande verdade é que onde há a possibilidade, por menor que seja, de perda de vidas humanas, devem haver medidas preventivas permanentes e eficazes. E a responsabilidade por isso passa por todos nós, Estado, como um todo, e população em geral.
Reflitamos!
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