José Cláudio Mota Porfiro
Lucius Annaeus Sêneca, filósofo e escritor dos meus círculos, dorme comigo desde os idos e aborrecidos tempos da Roma dos Césares. Ainda está em minha alma criptografado um certo adágio seu segundo o qual é muito errado quando acreditamos em toda a gente, mas também é mais errado quando não acreditamos em ninguém. Ainda há em quem acreditarmos, certamente!
Um dia, afirmei mais ou menos por aqui que escrever é ofício vão, inglório. É desolador. Vai-se bem devagar, quase parando, apesar de uma certa crítica proclamar por aí afora que, nos escritos daquele triste e vão poeta, há muito de aproveitável. Em realidade, ele foi devorado já pelas janelas de um tempo seu, nebuloso e hostil. Uma pena.
Por esses dias de meu Deus, tenho conhecido aqueles que se arvoram a debulhar alguns milhares de reais para a publicação de um livro, às vezes de muita qualidade. Tenho contato com outros tantos que, por falta de numerário, não têm condições de levar a cabo a maldição do ofício e, apesar de produzirem, não levam ou trazem o produto do seu trabalho ao conhecimento público.
Se o escritor é pobre, os editores somem, até porque ninguém pode obrigar-se a cortesias quando o assunto deve traduzir-se em valores monetários.
O parco escriba que vos alinhava linhas tão melodramáticas, por exemplo, não pode trilhar os caminhos do diletantismo, uma vez que não tem dinheiro para dar-se a luxo tão dignificante. Tem, sim, quatro filhos saudáveis, muitos amigos escorregadios e alguns inimigos velados, por detrás da bananeira, sempre prontos a atirar-lhe, pelas costas, dardos infectados pela maledicência que teima em conviver consigo numa época em que o ser humano já se está humanizando de uma vez por todas. Vejam só!
Uma miragem à frente da minha história rasteira informa que devo buscar pessoas que queiram dar base aos meus sonhos e devaneios:
- Alguém poderia me ajudar? - Ruge o poeta da parte de baixo do pedestal.
Ele está em busca de alguéns ou alguns que lhe deem créditos suficientes para alçar voos mais altos rumo a um céu que já é de tantos. Então, o que é ter um ou muitos colaboradores?
É que, para a felicidade geral da poesia e dos poetas sem tostão, houveram por bem criar um instrumento social denominado crowdfunding... E que bicho é esse!?
São iniciativas de financiamento colaborativas. Ao pé da letra, seria algo como financiamento pela multidão. A ideia é que vá-rias pessoas contribuam, com pequenas quantias, de maneira colaborativa, geralmente via internet, para a viabilização de um projeto.
Nesse novo modelo, a pessoa que incentiva o faz porque se identifica com a causa. É a oportunidade de fazer parte de algo grande, mesmo contribuindo com pouco. É uma maneira de levantar o dinheiro necessário para a realização de um sonho através de pessoas que anseiam por ajudar.
Bem. Agora é a vez do autor da proposta ser bem prático. Mas, antes, é preciso considerar que, aqui, a confiança é a base. Se o cavalheiro ou a dama não acreditam ou não cofiam nele, não há porque fazer parte da rede de colaboradores. É compreensível até.
- Eu não disponho de dinheiro para ir além das minhas despesas domésticas, posto que tenho filhos para criar. Eis a grande verdade. Sou escritor. Muitos me leem até de vez em quando, o que é deveras gratificante. Em 2008, publiquei poucos exemplares de um livro - Janelas do Tempo - porque uma leitora bondosa praticamente o custeou... (Por muito tempo haverei de lembrar o nome de Eva Evangelista, a fada madrinha dos meus versos toscos.) Afora esta primeira publicação, tenho mais quatro obras escritas, mas engavetadas. Agora mesmo, segundo muitos sabem, estou escrevendo o capítulo de número XLIII de um romance nordestino-amazônico e universalista denominado O inverno dos anjos do sol poente. Tenho planos para a elaboração de mais uns quatro ou cinco que são extremamente viáveis. Há fôlego, com certeza. Mas falta o mais interessante, o patrocínio, a viabilização financeira. E é aí que entra a questão da confiança, uma vez que o pagamento será antecipado. Confie em mim e participe, ou não colabore e não se incomode. Tranquilize-se. Afinal de contas, há até a possibilidade da devolução do dinheiro investido.
Aqui, o objeto do crowdfunding é a publicação de um livro de crônicas sufocantes, extasiadas, espasmódicas, intitulado Tardiamente ou nunca mais: the legend of gold eyes horse, de aproximadamente 300 páginas.
Se o orçamento ficar ao custo, por exemplo, de dez mil reais, cada exemplar do livro ficará em torno de R$ 30,00, aproximadamente. A gráfica encarregar-se-á da impressão e encadernação, é claro; serviço este a ser executado no prazo de um mês. O pagamento ou repasse ou transferência será feito antes, pelos apoiadores, de forma a assegurar o valor devido ao gráfico. Uma pessoa poderá adquirir apenas um livro e pagará pelo valor exato deste. Uma empresa poderá querer dez exemplares para presentear os seus visitantes com uma obra que tem perfume de Acre e pagará meros R$ 300,00.
Firme-se, aqui, um compromisso do tamanho da seriedade e da responsabilidade do autor. O lançamento do livro será comunicado com a antecedência de quinze dias, por e-mail ou através dos órgãos de comunicação. Os colaboradores que não comparecerem ao evento haverão de receber o produto adquirido através dos Correios. Isto, é claro, porque muitos dos participantes poderão residir em outras praças.
Então, interessa, num primeiro momento, que os colaboradores confirmem a disposição em participar da cota. Depois - e só mais tarde! - um número de conta bancária será repassado aos benfeitores que poderão dizer sobre quantos livros poderiam comprar.
Para a confirmação, basta que os interessados enviem o seu endereço convencional para o e-mail claudio.ufac23@gmail.com. Pede-se, ainda, que a ideia seja divulgada por todos quantos queiram se fazer partícipes deste empreendimento.
Para conhecer o proponente, de fato e de direito, o partícipe deve, por gentileza, acessar o www.claudio xapuri.blog.uol.com.br (entre os sete melhores do Brasil via UOL). O resto exigirá o testemunho do sa-pientíssimo Dr. Google, que já o conhece desde alguns anos.
Com os agradecimentos antecipados e os cumprimentos do JOSÉ CLÁUDIO MOTA PORFIRO, um escritor sem dote e sem arrimo.
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