Nada melhor na vida que ser criança à moda antiga. Bola nos pés descalços, na cabeça nenhuma preocupação com a vida que apenas começa, no coração a pureza e a inocência tão sagradas e cada vez mais precocemente roubadas.
Foi assim que cresci, entre bolas de futebol do tipo ‘dente de leite’, no campinho do Centro Social, e gibis, muito gibis, da Disney, da Marvel, da Turma da Mônica, do Tex e do Zagor, além dos chamados ‘bolsilivros’ e literatura de cordel.
Lia de tudo na infância e pré-adolescência, de jornal velho a bula de remédio. Lembro-me de minha mãe a bater na porta do banheiro enquanto sentado no vaso eu viajava por mundos distantes e terras desconhecidas.
- Não sei o que esse menino faz trancado nesse banheiro. Vai ficar doido de tanto ler, dizia.
Em certa fase da idade adulta me afastei muito do hábito de ler. Nunca abandonei a leitura, mas deixei ler muita coisa indispensável que esteve ao meu alcance. E isso, tenho plena convicção, influenciou de maneira fundamental no grau de conquistas que obtive na vida.
Hoje, chegando aos 40 de jornada, procuro influenciar os filhos mais novos nesse vício bom cada vez mais abandonado. Nesses dias, vou levá-los ao quintal do Clenes e do Cleílson, onde talvez também seja possível bater uma bolinha.
Na imagem, meu caçula, Raimari Júnior, incorporando o personagem Cascão, da Turma da Mônica. O garoto é fã da obra de Maurício de Souza e, às vezes, também dá trabalho de ir para o banheiro após jogar bola no quintal.
Bom sábado para todos.
Um comentário:
Nossa, Raimari,
que bakana seu texto. E pensei logo em nosso quintal quando vi a foto...
Que maravilha!
Um abraço e obrigado pela força de sempre!
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