sexta-feira, 19 de junho de 2009

Para Virgílio Viana, crise é positiva

A crise econômica mundial é uma oportunidade para mudar o modelo de desenvolvimento do Brasil, na opinião do ex-secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana.

Eric Brücher Camara, da BBC Brasil em Londres

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Em Londres para falar sobre as experiências de sua Fundação Amazonas Sustentável em projetos de REDD (sigla para redução de emissões por desmatamento e degradação de florestas), Viana criticou o modelo brasileiro em entrevista à BBC Brasil.

"O estilo de desenvolvimento que o Brasil adota, no geral, é profundamente equivocado", disparou Viana.

"O sistema de transportes brasileiro, só baseado em rodovias, é algo que não faz sentido num mundo que caminha para uma economia de baixo carbono. Precisamos repensar profundamente todos os setores da vida nacional."

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As críticas do especialista em meio ambiente se estendem ainda à aprovação de projetos de construção de usinas termelétricas no país, que, segundo ele, estão "sujando a boa matriz energética" brasileira.

'Crise positiva'

Para Viana a atual crise é "muito positiva", porque abre a possibilidade de não apenas o Brasil, mas todo o planeta mudarem o estilo de desenvolvimento.

"Se não fizermos isso, nós estaremos fritos, literalmente, porque essa questão do clima são fatos objetivos que temos que enfrentar da forma mais eficiente possível", disse Viana.

O ex-secretário foi muito aplaudido na terça-feira em sua palestra em Londres sobre a experiência em projetos REDD no Amazonas.

Viana defendeu diante de uma audiência que incluía a ativista Bianca Jagger e o acadêmico da London School of Economics Anthony Hall uma solução simples para a viabilização de REDD.

Leia mais sobre REDD e dê a sua opinião sobre a viabilidade de um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia no blog Planeta & Clima.

O grande obstáculo na implementação de projetos que evitem o desmatamento é o financiamento. Nesta questão, os defensores do REDD se dividem em duas correntes, os que preferem instrumentos de mercado e aqueles que sustentam que a participação do governo seja fundamental.

Viana propõe uma solução combinada entre os dois: a verba proveniente do mercado de carbono seria dedicada a projetos específicos e localizados; enquanto recursos geridos pelo Estado sejam aplicados em ações de governança.

Créditos de carbono

Para evitar o risco de de que a entrada de créditos de carbono provenientes de projetos de REDD inunde o mercado, derrubando o preço do carbono, o estudioso propõe que uma cota de apenas 10% dos créditos seja reservada a REDD.

Como argumento de que é possível implementar este modelo, Viana citou o projeto Juma, gerenciado pela FAS no Amazonas, que no ano passado foi aprovado com louvor no teste de qualidade da empresa alemã TÜV.

O modelo já atraiu o interesse de 15 países da África, que se reuniram com o ex-secretário do Amazonas em Londres nesta semana.

O tema REDD deve ser um dos assuntos mais polêmicos na negociações para um acordo pós-Kyoto na reunião das Nações Unidas sobre o Clima de dezembro, em Copenhague.

Embora os países já tenham concordado em incluir a preservação de florestas em um futuro acordo sobre o clima, ainda não há qualquer tipo de arcabouço para orientar a implementação disso.

Um comentário:

xapuriense disse...

Esse á o marido da Dona da empresa que funcionou no "Polo moveleiro em Xapuri"? Uma tal de Etel??? Carmona??? (acho que deve ser assim que se escreve)