quarta-feira, 24 de junho de 2009

São João do Guarani



A vida de quem se aventurou na viagem à colocação Guarani neste ano não foi das mais fáceis. Motos deixadas à margem do caminho, tratores puxando carros atolados e pessoas retornando do meio do percurso eram evidências das péssimas condições em que ficou a estrada que dá acesso à localidade, após a chuva que caiu na véspera e no dia da festa.

Nenhuma dessas dificuldades, no entanto, são capazes de tirar a disposição de quem realmente detém o propósito de chegar até a capela de um das almas milagrosas mais conhecidas do Acre: João do Guarani, um seringueiro morto na solidão da floresta, supostamente vítima de malária, no início do século passado, que se transformou, nos anos e décadas seguintes em santo informal dono de uma multidão de devotos espalhados por todos os lugares do Acre e do Brasil.

O culto ao “santo da floresta” tem mais de 100 anos de existência – teria começado por volta do ano de 1906 - e atrai para Xapuri pessoas de outros municípios acreanos e até mesmo de outros estados da federação. Com 42 quilômetros, o percurso até a colocação Guarani era tradicionalmente feito a pé ou a cavalo e durava cerca de 12 horas para ser concluído. A dificuldade da caminhada era um dos componentes do pagamento feito pelas graças alcançadas.



No local, uma pequena capela erguida em madeira e um antigo cruzeiro de ferro se transformam em palco de manifestações de fé e devoção só vistas em Xapuri na maior festa religiosa do município, a festa de São Sebastião, padroeiro da cidade. São pessoas que dizem ter alcançado milagres materializados em forma de cura das doenças mais variadas, solução para dificuldades financeiras e de problemas amorosos.

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