terça-feira, 15 de maio de 2012

Confiança na polícia

Rui Santos

Dados do ICJBrasil (Índice de Confiança na Justiça), elaborados pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (DIREITO GV), indicam que 77% da população com renda inferior a 2 salários mínimos não confia na atuação da população. Essa descrença atinge 59% da população com renda acima de 10 salários mínimos. Já entre a população com nível de renda entre 2 e 10 salários mínimos, o grau de desconfiança varia entre 65%e 63%.

Em termos gerais, o grau de satisfação da polícia é muito baixo. Segundo o levantamento, apenas 36% da população declarou estar satisfeito ou muito satisfeito, contra 63% que declararam insatisfeitos ou muito insatisfeitos.

A pesquisa ouviu 1.550 pessoas de 6 estados do pais (Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco) e Distrito Federal, entre capital e interior no primeiro trimestre de 2012. No interior, a confiança na polícia é um pouco maior: 40% da população afirma confiar na polícia, contra 35% dos que residem na capital.

Assim como acontece no Judiciário, o grau de insatisfação com a polícia e consequente desconfiança na instituição, afetam a sua legitimidade e o seu funcionamento.

O ICJBrasil também procurou saber quais são os motivos que levam a população a acionar a polícia. A principal motivação envolve os casos de perturbação ou barulho (24% das respostas), seguido de perto por roubos e furtos (23%), denúncias de briga e agressão (19%), acidentes de trânsito e danos materiais (empatados, com 7% cada). Os casos envolvendo violência doméstica, pessoas com atitudes suspeitas, tráfico de drogas e socorro a pessoas com problemas de saúde (3% cada), aparecem em seguida.

Instituições

O ICJBrasil também avaliou a confiança da população nas demais instituições do Estado. As Forças Armadas lideram, disparado, o ranking das instituições que a população mais confia, com 73% das respostas, seguida pela igreja católica (56%), Ministério Público (55%), grandes empresas (45%) e imprensa escrita (44%). Depois da imprensa escrita aparecem o Judiciário, com 42% e o Governo Nacional, com 40%. Completam o quadro emissoras de TV, com 33% de confiança, vizinhos, 30%, Congresso Nacional (22%) e Partidos Políticos (5%).

Confiança na Justiça

O ICJBrasil do primeiro trimestre de 2012 marcou 5,2 pontos, uma queda em relação ao ICJBrasil registrado no trimestre anterior, que foi 5,3 pontos. Isso significa que, em uma escala de 0 a 10, a população dá nota 5,2 para o Judiciário. Esse índice é calculado a partir de outros dois subíndices, o de percepção e de comportamento. O subíndice de percepção foi de 3,8 pontos, mantendo-se inalterado em relação ao quarto trimestre de 2011. O de comportamento teve uma leve queda, de 8,7 para 8,6.

Em relação aos Estados, a população do Distrito Federal foi a que declarou mais confiar no Judiciário, com 5,5 pontos no ICJ, seguida por Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com 5,4. São Paulo, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais tiveram um ICJ de 5,2 pontos.

Em relação à percepção, o Rio Grande do Sul apresentou o maios subíndice, com 4 pontos, enquanto o menor foi registrado em São Paulo (3,7). O maior subíndice de comportamento foi aferido no Distrito Federal (9,1 pontos) e o menor em Pernambuco e Minas Gerais (8,4).

Rui Santos é Assessor de Imprensa Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.

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