Nem fábrica de sabão escapa da irresponsabilidade da atual administração municipal. A Saboaria Xapuri, gestada pelo Grupo de Mulheres do Bairro da Sibéria, parou de produzir seus produtos por falta de condições da estrutura física do prédio, na realidade uma velha casa de madeira caindo aos pedaços. Os R$ 37 mil destinados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, via município, para a construção das novas instalações da fábrica ainda não deram o ar da graça.
O dinheiro foi liberado no dia 23 de março deste ano, dentro de um montante de R$ 134.381,00 - Convênio 562973 (clique no número e leia) - para, além da construção da sede da fábrica comunitária, atender a abertura de açudes e compra de um veículo traçado. Pela origem dos recursos, acredito que o tal carro traçado deveria ser destinado a atender aos produtores rurais, mas o único veículo desse tipo que foi adquirido pela prefeitura vive a desfilar beleza pelo asfalto desta e de outras cidades vizinhas.
O carro gasta diesel até nos finais de semana e já chegou a ser visto fazendo turismo em ambos os lados da fronteira, fato que infelizmente não posso provar, mas creio que existam testemunhas oculares do fato. Sobre os açudes é melhor nem falar. Só existem no objeto do convênio e nos sonhos de quem ainda acredita nos farsantes que tocam a prefeitura como se fosse uma propriedade particular.
Com relação à Saboaria Xapuri é inaceitável o silêncio das pessoas da comunidade da Sibéria sobre o assunto. Ninguém diz nada e apregoa o velho ditado que quem cala consente. Procurado algumas vezes, o presidente da Associação de Moradores, João Jorge Cosmo da Silva, se esquivou de falar o que acha da situação. A Dona Carmita, líderança de enorme respaldo na comunidade, também não se pronunciou.
A Saboaria é um grande exemplo de que Xapuri, de maneira especial a comunidade liderada por João Jorge, tem grande potencial para encontrar soluções para os seus problemas, principalmente o da falta de empregos. Vejam o que disse o jornalista Juracy Xangai em uma reportagem sobre a fábrica:
"Sabão social
A falta de empregos levou as mulheres da Associação dos Moradores do Bairro da Sibéria, em Xapuri, a buscar formas alternativas de gerar renda a partir da produção do sabão tradicional feito de sebo de gado ou restos de gordura da cozinha. Lideradas por Carmita Pereira de Souza, elas logo descobriram que além do sabão poderiam produzir e vender detergente, desinfetante, pasta para polir panelas, sabão em pó e ainda sabonetes e outros produtos de beleza a base de óleos e ervas da floresta.Foi assim que surgiu a Saboaria Xapuri que com apoio tecnológico da Funtac e empresarial do Sebrae está ampliando suas instalações e colocando seus produtos no mercado atingindo finalmente seu objetivo de gerar ocupação e renda para aquela comunidade que é uma das mais carentes de Xapuri".
Vencedora do Prêmio Chico Mendes de Florestania, na modalidade Iniciativa Comunitária, em 2006, mesmo ano em que conquistou o terceiro lugar no Prêmio Finep, na categoria Inovação Social, a Saboaria Xapuri tornou-se uma referência de empreendedorismo comunitário para o município e para o Acre. Não merece passar por situação tão constrangedora diante da presença de autoridades da vigilância sanitária. Pior ainda é ver o resultado de um trabalho tão bem organizado e de uma importância social tremenda se transformar em bolhas de sabão.
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