quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Transparência



O prefeito Bira Vasconcelos foi entrevistado por mim, nesta quarta-feira, no programa Espaço do Povo, que apresento na Rádio Educadora 6 de Agosto. Durante 30 minutos, falou sobre a posse, do primeiro contato com a prefeitura, concurso público, festa de São Sebastião e dos planos para o começo de trabalho.

Se mostrando tranquilo diante da responsabilidade que acaba de assumir, Bira afirmou que não há razão nem tempo para reclamar da situação recebida. "Já esperávamos não encontrar a prefeitura em boas condições, mas a hora, agora, é de esquecer o passado e começar a trabalhar para melhorar a cidade", disse.

Perguntei se não lhe incomodava ver as primeiras ações de sua administração serem escoradas pela estrutura do governo do Estado. "Não me envergonho. A situação de precariedade exige medidas fortes e imediatas, e isso só é possível com a ajuda do governo. Devemos ficar orgulhosos de poder contar com esse apoio", respondeu.

Indaguei também se é uma boa ação a "derrubada" das construções feitas pelo prefeito anterior nas praças Plácido de Castro e São Gabriel, e se as mesmas tem o sentido de desfazer as realizações de Vanderley Viana. "É uma ação necessária para dar uma cara nova a um dos principais espaços públicos de Xapuri. Não há nada de revanchismo ou qualquer resposta ao ex-prefeito", afirmou.

Uma novidade para mim é que o novo prefeito não pede para combinar perguntas antes das entrevistas, hábito da maioria dos prefeitos com quem convivi em 20 anos como funcionário da prefeitura na área de comunicação. É um bom começo e espero que não mude porque acredito que a transparência e a sinceridade com o público são ingredientes para o sucesso de qualquer pessoa pública.

Bira tem em mim um colaborador na área de divulgação social, mas terá, da mesma forma, um cobrador, quando necessário, e um crítico em tempo integral. Não me importo que duvidem disso e nem ligo para as críticas negativas que tenho recebido pela postura de apoio e otimismo quanto ao novo governo.

Farei ainda - espero que Deus permita - muitas entrevistas com o prefeito e procurarei sempre colocá-lo diante das opiniões contrárias às suas ações como administrador. Eu mesmo não hesitarei em fazer as minhas contestações quando necessário. Como bom cumpridor de ordens que sou, cumprirei à risca o primeiro pedido que me fez logo que foi eleito: "Me cobre". Cobrarei.

3 comentários:

Unknown disse...

acho q o prefeito nao deva c envergonhar da ajuda dada pelo governo, pelo contrario, toda ajuda sempre é bem vinda.

Alexandre Nogueira disse...

parabens!!!!!!!!!!!

xapuriense disse...

Raimari,

O último comentário que fiz em teu Blog parece que repercutiu. Recebi alguns e-mail de xapurienses e de amigos petista de Rio Branco.

Acho que alguns não entenderam a mensagem, então vamos lá:

Sobre gestão pública, vale apontar que no contexto brasileiro dois modelos estão em desenvolvimento e disputa. A administração pública gerencial e a administração pública societal. O primeiro inspirado no gerencialismo, ideário que floresceu no Reino Unido e nos EUA, e o segundo possuindo suas origens no ideário dos herdeiros políticos das mobilizações populares contra a ditadura e pela redemocratização do país (movimentos sociais, partidos políticos de esquerda e centro-esquerda, e Ong´s).

No caso do Acre a experiência tem mostrado que o Governo da Frente Popular, que se encontra no comando da administração estadual desde 1999, mesmo com todo o histórico de lutas em defesa da participação cidadã na gestão pública, enveredou pela vertente gerencial que se constituiu no Brasil na era FHC durante os anos 90. As práticas implantadas pelos três governos da Frente até o momento, indicam, claramente, que as lideranças embarcaram na suposta “verdade global” de que as burocracias públicas seriam incapazes de gerenciamento eficiente. Em outros termos: que as empresas públicas deveriam adotar formas organizacionais, e modelos, típicos da gestão privada. É claro que o conceito de burocracia (o apropriado “do senso comum” e não o de Max Weber) é utilizado como justificativa.

Quando falei que Jorge Viana seria o arauto do gerencialismo, apenas tomei como base o que o próprio declarou em uma entrevista concedida ao Jornal O Globo de 07/12/2008. Seus argumentos na entrevista sintetizam e corroboram fortemente com a afirmação do parágrafo anterior. Disse Viana: “Na minha primeira eleição, o Presidente Lula falou: Você tem que fazer curso de gestão, porque vai ser prefeito. Ele conseguiu para mim bolsa de estudos para um curso em Caracas. O curso mostrou que ser bom gestor é parecido com ser empreendedor de sucesso. Tem que trabalhar com metas e uma equipe competente para criar ambiente de governabilidade, conduzir coisas e ter bons resultados... no Acre, a gente entendeu que a prefeitura e o governo eram nossa empresa. Nosso negócio...”

Particularmente acho que cidadão não é cliente. Portanto, sou contrário ao gerencialismo no setor público. Repetindo: minha posição é contra o modelo de gestão conceituado por Bresser Pereira como administração pública gerencial. Quanto ao Bira, desejo todo o sucesso do mundo. Seu êxito será bom para Xapuri, mas acho que perderia uma oportunidade valiosa admitindo e implantando na Prefeitura a “verdade global” do gerencialismo. Mais grave: perderia uma chance valiosa de promover uma participação radical na administração da princesa que virou plebéia.


Carlos Estevão Ferreira Castelo, xapuriense, atualmente cursando Doutorado em Administração na UFRGS.