Na TV, no cinema e em retratos
Encobertos dos holofotes por décadas, a epopéia dos trabalhadores nordestinos nos seringais ganhou registros em mídias diversas nos últimos anos.
Embora mobilize o interesse da academia, a saga dos “soldados da borracha” demorou a ganhar visibilidade pública. Pouco se sabia da sina dos migrantes nos seringais, bem como dos familiares que permaneceram no Nordeste. Em 2004, porém, a história chegou ao cinema através do documentário “Borracha para a Vitória”, do cineasta Wolney Oliveira.
Com 55 minutos de duração, o média-metragem apresenta o depoimento de sobreviventes do episódio histórico. O filme foi um dos projetos contemplados pelo primeiro edital do “DOCTV”, iniciativa do Ministério da Cultura que financia produções no campo documental. O interesse pela “batalha da borracha”, explica Oliveira, despontou após a leitura de uma série de reportagens publicadas na imprensa cearense sobre o tema.
Durante as filmagens, foram colhidos mais de 50 depoimentos, que resultaram em 50 horas de gravação. Após a finalização do documentário, que estreou no XIV Cine Ceará (2004), Oliveira alimenta novos projetos: pretende convertê-lo num longa e dirigir uma ficção inspirada na trajetória dos “soldados”.
Três anos depois, o cotidiano inóspito dos seringais chega à televisão na mega-produção “Amazônia”, escrita por Glória Perez e exibida pela Rede Globo. Com o aval da emissora carioca, o grande público pôde se familiarizar com a saga dos migrantes envolvidos na extração da borracha. A trama teve bons índices de audiência e destacou a epopéia dos nordestinos pelo Norte, uma história que, na verdade, antecede à II Guerra Mundial e se prolonga até os dias atuais.
Fotografia
O Nordeste oculto na floresta também inspirou o fotógrafo baiano Antônio Alcântara a produzir a série “Seringueiros”, que reunia 40 imagens, em preto e branco, dos migrantes que trabalham em Xapuri, Brasiléa e Cruzeiro do Sul (municípios do Acre). Na maioria, homens que foram recrutados durante a “batalha da borracha” ou seus descendentes.As fotos retratam o dia-a-dia dos seringueiros: o trabalho, a família, a religiosidade, o lazer, as tradições perpetuadas. A série de imagens foi convertida em postais, acompanhados de textos sobre os diversos ciclos da borracha na história brasileira, que contribuíram, dentre outras coisas, para o alargamento das fronteiras. Além de Fortaleza, a exposição foi vista em São Paulo, Paraíba, Pará e em Freiburg (Alemanha).
Extraído do jornal Diário do Nordeste
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