Família brasileira é expulsa de terras por autoridades bolivianas
O casal de produtores rurais Raimundo Barroso de Azevedo, 54, e Francisca Pereira da Costa, 35, está em busca do apoio das autoridades brasileiras depois de ser violentamente expulso, no mês de outubro do ano passado, de uma colocação localizada na Bolívia, na área de fronteira com o Brasil, cuja compra foi efetuada há oito anos.
Com farta documentação em mãos referentes à compra das terras, o casal afirma que foi vítima de uma trama engendrada por outro brasileiro, que possuiria dupla nacionalidade, para se apossar de suas terras, contando para isso com a cumplicidade de terceiros e da própria justiça boliviana.
Segundo Raimundo Barroso, popularmente conhecido em Xapuri como Raimundo Sancho, esse brasileiro é aposentado no Brasil pelo INSS por motivo de invalidez (ele seria deficiente visual), mas possui duas colocações nas quais trabalha na coleta de castanha, ambas localizadas em terras bolivianas.
O agricultor afirma que, na base do suborno, o seu desafeto conseguiu falsificar uma série de documentos e levantar testemunhas que propiciaram uma ação judicial cujo objeto era a posse de cerca de 500 hectares de terras de onde o casal retirava o sustento dos 8 filhos.
A ação na justiça boliviana teve o pior desfecho possível para Raimundo Sancho e Francisca Pereira. Além de ser totalmente desfavorável ao casal, o juiz determinou o imediato despejo dos brasileiros que estão acampados nas terras de uma filha do agricultor, no lado brasileiro da fronteira.
Raimundo e Francisca denunciam também que durante a ação de despejo executada pela justiça boliviana houve violência, abuso de autoridade e até assédio sexual a uma das filhas do casal, uma garota de apenas 14 anos de idade.
“Casa comigo que eu resolvo todos os problemas do seu pai”, teria dito à garota um sujeito que seria do setor de imigração da Bolívia.
Outra filha do casal, de 13 anos, foi obrigada a iscar anzóis para que um policial boliviano pescasse na beira do rio, para onde levou a garota sem a autorização dos pais.
Francisca Pereira, que na chegada da polícia estava na companhia apenas das crianças, diz que a residência foi invadida e que os filhos homens tiveram armas de fogo encostadas na cabeça para que informassem onde estavam escondidas as armas do agricultor.
A comida que ela acabara de fazer para o almoço foi devorada pelos policiais que chegaram a tomar um prato da mão de uma criança. Móveis e objetos pessoais foram danificados ao serem jogados no terreiro e uma cômoda onde eram guardadas as roupas dos filhos do casal chegou a ser confiscada pelos bolivianos que eram comandados por um juiz.
A foto é de Alexandre Lima, editor de O Alto Acre.
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