terça-feira, 30 de setembro de 2008

Jorge do Có no banco dos réus

Jorge Santos Cunha, Jorge do Có ou simplesmente "Monstro do Seringal", trucidou sogro e enteado em junho deste ano.



Com um forte esquema de segurança e uma grande multidão disputando uma das poucas cadeiras da pequena sala das sessões do Fórum de Xapuri teve início na manhã desta terça-feira (30) o julgamento de um dos casos de homicídio mais brutais e repercutidos dos últimos anos no município. No dia 5 de junho deste ano, na colocação Vai-quem-quer, seringal Boa Vista, Jorge Santos da Cunha, 24 anos, o “Jorge do Có”, assassinou com requintes de crueldade o seu sogro, Francisco Pereira da Silva, de 52 anos, a tiros de espingarda calibre 20, e o seu enteado Anderson da Silva Boles Filho, o “Tadeuzinho”, de apenas 4 anos, a golpes de facão. A fúria do assassino foi tanta que o garoto foi degolado e teve uma das mãos decepada, comportamento que lhe rendeu a alcunha de “Monstro do Seringal”.

De acordo com informações da polícia, problemas familiares foram as causas do crime brutal que abalou a cidade. Uma separação mal resolvida e a negativa da esposa, Lenira Marques da Silva, em reatar a relação foi o estopim para a tragédia. Jorge do Có era tido pela família das vítimas como um homem violento e já havia feito ameaças de morte contra o sogro há algum tempo. A violência do crime chocou até mesmo os policiais que se dirigiram ao local na época para resgatar as vítimas. Ao ser preso, Jorge do Có afirmou que vinha sendo ameaçado pelo sogro e que matou para não morrer. Sobre o que justificaria matar uma criança de apenas quatro anos, que ele criou desde pequena, segundo ele, como se fosse seu próprio filho, respondeu: "Eu não sei, acho que perdi o controle e depois não sei mais de nada".

O réu chegou ao Fórum de Xapuri por volta das 09h30m da manhã, depois de o veículo da penitenciária de Rio Branco haver tido problemas por duas vezes no trajeto até Xapuri. O atraso só aumentou a expectativa do público para acompanhar o julgamento. A sala das sessões ficou imediatamente lotada e muita gente do lado de fora à espera de uma oportunidade para assistir pelo menos uma parte da sessão do júri. Com um forte aparato policial e usando colete à prova de balas e bem mais gordo que quando foi preso há quatro meses, Jorge do Có, permanece de cabeça baixa, sem olhar para o público. Foram arroladas no processo apenas 3 testemunhas, dois dos quais policiais militares que participaram das buscas ao criminoso, e há a expectativa de que o julgamento não entre pela noite.
Familiares das vítimas estão presentes no Fórum e pediram punição para Jorge do Có pelo duplo homicídio cometido. Lenira, ex-esposa do acusado e filha de Francisco e mãe de Anderson, as duas vítimas, aguarda que Jorge seja condenado à pena máxima pela brutalidade que cometeu. O defensor público Rodrigo de Almeida Chaves, que faz a defesa do acusado, disse que aguardará o posicionamento da acusação para definir que estratégia adotar para os debates que ocorrerão logo mais. Já o promotor Mariano Jeorge de Souza Melo garante que o acusado sairá do julgamento com uma sentença próxima à pena máxima. O juiz Anastácio Lima de Menezes Filho, da vara criminal de Xapuri, preside o julgamento.
Atualização: 13h05m - O julgamento de Jorge do Có aproxima-se do fim. Neste momento, os jurados estão na sala secreta procedendo a votação dos quesitos. A previsão é de que em menos de uma hora o veredito seja anunciado e a sentença proferida pelo juiz Anastácio Lima de Menezes Filho.

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