domingo, 25 de janeiro de 2015

Corrente da Ignorância

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Muita gente que se diz instruída tem entrado na onda de uma corrente propagada há anos na internet contra o auxílio-reclusão, o benefício pago pelo governo aos dependentes dos segurados do INSS que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto.

Se buscassem se informar melhor antes de compartilhar todas as bobagens que veem no Facebook evitariam contribuir com a difusão de mais uma das muitas propagandas falaciosas que permeiam a grande rede.

O governo não está dando nada a ninguém ao pagar o auxílio-reclusão aos presidiários, muito menos a população está sendo garfada em razão dele. Recebe o benefício aquele que contribuiu com a previdência social antes de ir para o xilindró.

Outra lorota é que o valor do “auxílio” – cujo teto corresponde a R$ 1.089,72 – seja multiplicado pela quantidade de filhos do preso. A família do beneficiário recebe o valor único que é suspenso com a progressão para o regime aberto ou em caso de fuga. Dados do INSS de abril de 2010 apontam que o valor médio recebido por família é de R$ 580,00 por mês. Em janeiro de 2012, esse valor médio foi de R$ 681,86.

Também é lenda urbana que todos os presidiários do país sejam beneficiados pelo “bolsa-bandido”. De acordo com Ministério da Justiça, das 549.577 pessoas que encontravam-se detidas em julho de 2012, apenas 35.937 recebiam o benefício.

Isso quer dizer que, ao contrário do que pensa grande parte da população, o auxílio-reclusão é pago a apenas 6,5% dos presos brasileiros. Não é pouca gente, mas não chega perto daquilo o que as tais correntes levam os incautos a acreditar.

Se o auxílio-reclusão é justo ou não é uma outra questão a ser discutida, mas combatê-lo com base na desinformação certamente não é o melhor caminho. Por enquanto, no que pesem as tentativas derrubar o benefício, ele continua um direito legítimo a ser exercido.

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