sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Aragens estivais

CLÁUDIO MOTTA PORFIRO

As chuvas torrenciais

Em grandes mananciais

Molhavam os destinos

E os mil desatinos

Dos que habitavam aquelas zonas ressequidas

De corações e vidas partidas

Com muito sal, muito mal

E sem nenhum mel

Ou tão somente fel.

Pássaros tortos ou mortos

Chocavam-se contra as vidraças

De um futuro quase inexistente,

Feito penitente, onipresente.

Vendavais arrancavam árvores

E florestas, sem aparar arestas

De almas entregues ao desamor

E ao distanciamento

Não sem algum fingimento

De um para com o outro.

Recordavam-se, sim,

Durante todos os infinitos segundos

De todos os dias rotundos

Das suas infelizes vidas vencidas

O quão haviam sido felizes

Apesar dos tantos deslizes

Sem nenhuma sombra de dúvida,

Isto, há muito pouco tempo

Ou por apenas alguns dias

Em tardes e noites frias,

Bem antes de acordar.

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*José Cláudio Mota Porfiro foi dado à luz do sol morno de um abril qualquer no Principado de Xapuri.

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