Cooperativa de seringueiros idealizada por Chico Mendes completa vinte anos de fundação
Joseni Oliveira
A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri completou, nesta segunda-feira, vinte anos de fundação. Administradores e sócios da entidade realizaram uma assembléia extraordinária, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, com o objetivo de fechar a prestação de contas do exercício 2007 e comemorar a data especial.
A Caex foi criada no dia 30 de junho de 1988, ainda sob a coordenação do líder sindical Chico Mendes, com apenas 34 sócios. A cooperativa tinha o objetivo de eliminar do processo de comercialização da borracha a figura indesejável do atravessador e viabilizar o desenvolvimento econômico dos seus associados.
Passados 20 anos de sua criação, a cooperativa tem hoje 386 sócios e uma dívida de quase 1 milhão e 200 mil reais com a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. Com graves problemas herdados da gestão passada, a entidade que foi idealizada por Chico Mendes para atender aos interesses dos seringueiros acima de qualquer outro, vive um momento de luta para escapar da bancarrota.
A empresa chegou a ter todo o seu patrimônio penhorado pela justiça que expediu carta precatória para levantamento e avaliação de bens da instituição. Nos 12 meses, a atual diretoria vem travando uma verdadeira batalha para negociar dívidas e ainda assim conseguiu triplicar o volume da compra da castanha, um dos esteios da sobrevivência da Caex.
O atual presidente da Cooperativa, Luís Íris de Carvalho, mais conhecido como Licurgo, que está no cargo desde maio do ano passado, a nova diretoria encontrou a entidade praticamente falida, devendo impostos municipais e estaduais, com a folha de pagamento com quase cinco meses de atraso e com o seu estabelecimento comercial praticamente sem nenhuma mercadoria nas prateleiras. Licurgo conta que nos últimos anos uma série de atitudes da última gestão da empresa levou a cooperativa à iminência da falência total.
O maior golpe foi a perda dos recursos do Programa de Compra Antecipada da Produção de Castanha, que eram disponibilizados pela Conab. A má gestão do dinheiro levou a Caex à inadimplência com o governo federal em um valor superior a 1 milhão de reais, sem que ninguém saiba onde o dinheiro foi parar. A situação praticamente inviabilizou a Cooperativa.
O momento atual, segundo Luís Íris, é de otimismo com o futuro da Caex. Dívidas foram negociadas, encargos sociais foram atualizados e salários de funcionários foram regularizados. A pendência com a Conab será quitada em um prazo de no máximo três anos, o que de acordo com ele, renovará a confiança da instituição.
"Apesar das muitas dificuldades que enfrentamos, consideramos que ainda temos muito o que comemorar. Principalmente o resgate da importância da cooperativa para a vida e a sobrevivência do seringueiro. É compromisso nosso manter vivo aquele ideal do Chico (Mendes) quando imaginou a criação da cooperativa", disse o presidente Licurgo.
Um dos fundadores e o primeiro presidente da Cooperativa, o ex-prefeito Júlio Barbosa de Aquino considera que a Caex é a responsável pela valorização do extrativismo, principalmente da borracha e da castanha, como meio de sobrevivências das populações dos seringais.
"A partir da criação da Caex, a borracha e a castanha passaram a ter como instrumento regulamentador do seu preço a própria cooperativa. E isso foi extremamente importante para a economia do seringueiro aqui em Xapuri", disse ele.
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