segunda-feira, 23 de março de 2015

O DRAMA DA PERDA DA MORADIA

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O aposentado Sebastião Rodrigues de Souza, 59 anos, é uma das mais de 100 pessoas que continuam alojadas no abrigo instalado no ginásio de esportes Álvaro da Silva Mota, em Xapuri, depois de passado quase um mês do pico da enchente histórica do Rio Acre, que atingiu o nível de 18,30 metros de profundidade no último dia 27 de fevereiro, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

Estabelecido no box de número 13 do maior dos quatro abrigos ainda mantidos na cidade, Sebastião é um dos desabrigados que não voltarão para suas casas, pois essas foram levadas pelas águas ou pelo desbarrancamento do rio. O aposentado morava sozinho na Rua do Igarapé, um local considerado histórico por sua relação com o início da Revolução Acreana e pela vizinhança com o Museu Casa Branca, um dos cartões postais da cidade.

Sebastião conta que sair de sua casa foi uma das decisões mais difíceis de sua vida, especialmente pelo fato de ser deficiente físico. Ele perdeu a perna direita no ano de 2001 em uma acidente de trabalho, quando vivia em Rio Branco. Quando relatou o momento em que foi comunicado por um sobrinho de que sua casa havia sido levada pela enchente, os olhos marejaram.

“Nunca pensei passar por uma situação dessas, foi a pior coisa da minha vida. Perdi minha casinha e me encontro sem ter para aonde ir e nem familiares tenho muitos aqui em Xapuri. Mas foi a natureza quem quis assim e estou superando. Tenho muita fé no poder público de que as pessoas que estão passando por tudo isso não vão ficar abandonadas”, afirmou Sebastião.

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Na imagem acima, Sebastião observa da janela a aproximação das águas no encontro do Igarapé Santa Rosa com o Rio Acre, ainda no dia 21 de fevereiro. Esse era – mais ou menos – o nível que a enchente de 2012 havia alcançado. Ao lado e atrás de sua moradia, dois vizinhos já estavam com suas casas atingidas pela alagação e também tiveram o mesmo destino. Abaixo, a imagem de como ficou o lugar em que estava a casa do aposentado.

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Xapuri ainda tem um número superior a 30 famílias desabrigadas pela enchente. A grande maioria delas não retornará para as antigas residências. A Câmara de Vereadores aprovou na semana passada o projeto de lei que dispõe sobre o pagamento do Aluguel Social, benefício de cunho temporário disponibilizado enquanto as medidas permanentes não chegam. Enquanto isso, pessoas como Sebastião Rodrigues de Souza permanecerão no desconforto dos abrigos.

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