quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

OS VISITANTES "D'ALÉM MAR": PORTUGUESES EM XAPURI

Fonte: Casa A Limitada (1953). Acervo Digital do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour – Acre.

Sérgio Roberto Gomes de Souza 
O tratamento que os portugueses recebiam de jornais editados no Território do Acre, parecia diferenciar-se do que era dispensado aos “turcos”. Observe-se, por exemplo, matéria publicada pelo jornal Folha do Acre, em sua edição nº 17, onde se lê:
"Num dos recantos mais longínquos ao noroeste do vastíssimo território brasileiro, habita uma plêiade de homens trabalhando laboriosamente sem descanso, acostumados com todas as dificuldades, suportando todos os reveses, sofrendo todas as inclemências, padecendo mil moléstias, curtindo amargas saudades, aturando resignados a corajosamente frequentes necessidades, na fagueira esperança de ir gozar o resto de suas precoces velhices na terra que lhes deu o ser. Esta região é o Acre e os homens são os portugueses".
Em Xapuri, muitos lusitanos dedicaram-se as atividades comerciais estabelecendo, em alguns casos, empreendimentos bem sucedidos. Exemplo disso foi a casa A Limitada, registrada pelos sócios Belchior Santos Costa, João Gomes Fonseca e Adão da Costa Gallo, em 1º de fevereiro de 1926, como consta em publicação do jornal Folha do Acre, de 04 de abril do mesmo ano:
"De Xapuri nos comunica os senhores Belchior Santos Costa, João Gomes Fonseca e Adão da Costa Gallo que constituíram, naquela cidade, em 1º de fevereiro do corrente ano, uma sociedade mercantil de responsabilidade limitada, com capital de cento e cinquenta contos de réis, sob a razão social de Belchior Costa & Companhia Limitada"
Este comunicado esclarece que a “nova” sociedade era constituída pelos sócios que faziam parte das firmas “Belchior dos Santos Costa” e “Fonseca & Vieira”, a primeira extinta e a segunda em liquidação, devido ao falecimento do sócio Antônio Vieira de Souza.
“A Limitada” ganhou prestígio na região, por se tornar uma das principais fornecedoras de mercadorias para os seringais do Alto Acre, Rio Xapuri e Purus. Como seus sócios eram proprietários de vapores e embarcações de menor porte, a empresa realizava o transporte de borracha dos seringais para a cidade de Xapuri e, posteriormente, para Belém e Manaus, de onde o produto era enviado para a Europa e Estados Unidos (SOUZA, 1992, p. 45).
Mas, é importante enfatizar a existência de outros estabelecimentos comerciais que, se não foram tão poderosos economicamente quanto “A Limitada”, identificaram-se profundamente com parcelas da população do município, a exemplo do “Ponto Chic”, local onde funcionava um bar e salão de jogos. O “Ponto Chic” teve em Manoel da Costa Gallo um de seus inquilinos mais importantes. 
Sérgio Roberto Gomes de Souza é professor de História da UFAC.

Nenhum comentário: