sábado, 17 de agosto de 2013

Brasil inicia testes da vacina contra a dengue

Anvisa autorizou o Instituto Butantan a iniciar a etapa clínica do imunobiológico. O Ministério da Saúde está investindo R$ 200 milhões na pesquisa da dengue e outros produtos biológicos.

O Brasil começa avançar no processo de desenvolvimento da vacina contra a dengue com a permissão do teste em seres humanos. A Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa) emitiu nesta sexta-feira (16) comunicado especial que autoriza o Instituto Butantan a iniciar a etapa de pesquisa clínica do imunobiológico. O Ministério

da Saúde está investindo R$ 200 milhões no Instituto Butantan, o que inclui a pesquisa para a vacina da dengue e projetos de outros produtos biológicos.

A pesquisa do laboratório público deverá ser realizada com 300 voluntários e terá cinco anos de duração. A autorização é para a fase dois do estudo e tem como

finalidade analisar a efetividade, a eficácia e segurança da vacina tetravalente, que pretende prevenir a população contra quatro sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4). Os

testes em humanos serão realizados em três centros de pesquisas clínicas em São Paulo: no Instituto Central (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-

USP); no Instituto da Criança (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) e no Hospital das Clínicas (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP).

O Instituto Butantan iniciou a pesquisa da nova vacina em 2006 e, para tal, contou com a construção de um laboratório piloto, bancos de células e de vírus dos quatro

sorotipos da dengue. Se a vacina for aprovada em todas as etapas de pesquisa clínica, poderá ser comercializada e distribuída à população. A perspectiva do governo

brasileiro, em caso de sucesso em todas as etapas, atender a demanda global e exportar a vacina contra a dengue.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, considera que a autorização para o início dos testes em humanos é um grande passo para o enfrentamento da doença. Ele ressaltou

que a medida está alinhada aos esforços do governo para proteger a população contra a dengue. “O avanço da pesquisa de um laboratório público, no caso o Butantan,

reforça o comprometimento do país com o combate à dengue, uma das priorioridades para o Ministério da Saúde”, afirmou. Além disso, o ministro ressaltou o caráter de

vanguarda do imunobiológico, que ainda não é produzido no mundo.

A PESQUISA - A segunda etapa da pesquisa, também chamada de estudo terapêutico piloto, visa demonstrar a segurança, em curto prazo, do princípio ativo e a

bioequivalência de diferentes formulações do produto. Os testes são realizados em um número limitado – e relativamente baixo – de pessoas e registram como os voluntários

respondem às doses administradas. A partir desses resultados, a pesquisa poderá ser ampliada para um público maior, em larga escala, a chamada fase três do estudo. O

imunobiológico também é pesquisado em outros países e por laboratórios privados.

Além do Butantan, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também está pesquisando uma nova vacina contra a

dengue com apoio do Ministério da Saúde. Os estudos são realizados desde 2009, em parceria com o laboratório privado GSK.

INVESTIMENTOS - O Ministério da Saúde tem investido fortemente em políticas para o controle da dengue. Diversas ações foram implementadas nos últimos anos

em apoio aos estados e municípios, entre elas o aprimoramento da capacidade de alerta e resposta à doença, por meio dos sistemas de vigilância para detecção

precoce de surtos. Também foram destinados recursos, aos estados e municípios para financiamento das ações de vigilância, o que inclui o controle da dengue: R$ 1,05

bilhão em 2010; R$ 1,34 bilhão em 2011; e R$ 1,73 bilhão em 2012. Além disso, todos os municípios receberam adicional de R$ 173,3 milhões, efetuado em dezembro de

2012, para ações de qualificação das atividades de prevenção e controle da dengue, visando prevenir a intensificação da transmissão que sempre ocorre no verão. Em

2011, foram R$ 92,8 milhões para 1.159 municípios.

Em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde lançou campanha de mobilização contra a dengue e intensificou a sua divulgação durante todo o período de maior

ocorrência da dengue em 2013. Também foi oferecido aos profissionais de saúde ensino a distância em manejo clínico do paciente com dengue, por intermédio de

curso promovido pela UNASUS, conhecido como Dengue em 15 minutos. Além disso, as secretarias de Atenção à Saúde e de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde,

vem prestando assistência técnica para organização da rede de serviços de saúde ao atendimento dos pacientes com a doença e apoio às atividades de prevenção e

investigação dos óbitos suspeitos de dengue.

Por Daniela Martins, da Agência Saúde-Ascom/MS.

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