quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

A política do "acerto".

Na última segunda-feira, 29 de janeiro, o vereador Iran Vasconcelos, do PFL, encaminhou um comunicado para ser divulgado através da Rádio Educadora 6 de Agosto, informando a todos os sócios e não sócios de uma comunidade rural do município de Xapuri, que no próximo domingo, dia 04 de fevereiro, às 9 horas da manhã, estará no referido local realizando a entrega de um kit de telefonia celular rural, além de tratar de outros assuntos de interesse da comunidade. Esse fato, aparentemente normal, denuncia o tipo de relação estabelecido entre o prefeito da cidade, Wanderlei Viana, com a maioria dos representantes da câmara municipal, que tem como base a troca de favores, o conchavo e a subserviência por parte dos edis que compõem a base de apoio ao governo municipal.

A prefeitura adotou como prática usual, permitir a alguns vereadores fazer a entrega de equipamentos às comunidades rurais como se esses bens, muitas vezes oriundos de fontes federais, como o Pronaf, fossem adquiridos pelos próprios vereadores, que estariam beneficiando diretamente, com suas influências, determinada comunidade, numa tentativa escandalosa de cooptar votos de eleitores menos avisados. Em troca, esses vereadores aprovam projetos de lei de interesse do executivo sem o menor critério, atendem aos caprichos do prefeito como se fossem meros empregados e se negam a prestar informações à imprensa a respeito de suas condutas como pessoas públicas representantes do povo que os elegeu. Alguns deles, inclusive, não fazendo questão de esconder a prática dos acordos obscuros para votações de matérias na base do chamado "acerto'.

Esses fatos talvez expliquem os motivos para que os vereadores tenham aprovado o projeto de lei que revogou a concessão feita em 2004 para que o governo do estado passasse a administrar a Rádio Educadora, que funciona como o único canal democrático de comunicação que contesta essas atitudes e proporciona à população, independentemente de cor, raça, sexo ou posição política, o sagrado direito de se manifestar e expressar suas opiniões. Esse grupo político, hoje estabelecido no poder, precisa a qualquer custo calar a boca da imprensa que denuncia e questiona. O pensamento retrógrado e autoritário, herança dos tempos de ditadura militar, permanecem vivos nessas mentes atrasadas. É possível, até, que o exemplo de Hugo Chavez, presidente da Venezuela, pretenda ser seguido por aqui. Se duvidar, a julgar pelo alto grau de subserviência dos vereadores e pelo poder de subjugação do prefeito, logo estará ele, também, governando por decreto.

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