quarta-feira, 15 de julho de 2020

Síntese do cenário eleitoral em Xapuri

A pandemia do novo coronavírus está retardando o calendário eleitoral em 2020, mas os novos prazos estabelecidos pelo Congresso Nacional por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estão avançando com rapidez. O calendário inicial, definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro do ano passado, previa o primeiro turno em 4 de outubro, e o segundo, em 25 de outubro. A PEC adiou o primeiro turno para 15 de novembro e o segundo para 29 de novembro.

De 31 de agosto a 16 de setembro é o período destinado às convenções partidárias e à definição sobre coligações, e 26 de setembro o último prazo para registro das candidatura. Após 26 de setembro será o início da propaganda eleitoral, também na internet. O dia 27 de outubro é o prazo para partidos políticos, coligações e candidatos divulgarem relatório discriminando as transferências do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral).

Assim, espera-se que as movimentações comecem a ocorrer de maneira mais intensa a partir da entrada da segunda quinzena de julho. Em Xapuri, seguem as indefinições, sendo a principal delas relacionada à coalizão ou não dos partidos de oposição. Os pré-candidatos de MDB (Carlos Venícius), DEM/PP* (Carla Mendonça) e PSD (Gessi Capelão) seguem mantendo os seus nomes em evidência e não se sabe ainda se a aliança vingará. Dos três, os dois primeiros estão mais próximos e o último corre por fora.


Já foi dito aqui outras vezes que a união entre eles não é coisa simples de resolver. Na queda de braço há uma mistura de ressentimento e egocentrismo. O MDB se ressente de ter sido preterido na distribuição de cargos pelo governo, que entregou quase todos ao DEM que, por sua vez, nas figuras de seus representantes municipais, se acham únicos merecedores das dádivas que emanam do Palácio Rio Branco. Já Gessi Capelão, hoje no PSD, foi rifado pela direção do antigo partido, o MDB. 

A verdade é que existe um único ponto de convergência entre os partidos de oposição em Xapuri: a certeza de que saindo divididos serão presa fácil para o PT, do atual prefeito Ubiracy Vasconcelos. Fora isso, não se achegam e em alguns casos até se detestam. Diante do impasse, está claro que todos estão na expectativa de um xeque-mate que pode e deve partir de cima, principalmente como resultado dos encaminhamentos que se deram a partir dos representantes dos partidos em nível estadual. 

Por falar nisso, cria-se, agora, a expectativa sobre que efeitos a recente reaproximação do MDB estadual com o governador Gladson Cameli poderá ter na definição da chapa de oposição em Xapuri. Se haverá uma busca pelo consenso ou se progressistas - sustentados pelos democratas - e emedebistas realmente se oporão no município que é um dos últimos redutos de poder do PT no estado. Resta aguardar pelos acontecimentos dos próximos dias. De certo, apenas que em política tudo pode acontecer.

Advogado deverá ser vice de Bira na chapa para reeleição 

No lado da situação, a coisa está quase resolvida. PT e PSB seguirão juntos em busca da reeleição. A indefinição se resume ao nome para compor a chapa majoritária com o petista Bira Vasconcelos. A atual vice-prefeita, Maria Auxiliadora, esposa do deputado estadual Manoel Moraes, é a preferida pelo seu partido para continuar na posição, mas alegando problemas de ordem pessoal e familiar ela já descartou a possibilidade de concorrer novamente. 

Caso se confirme a saída de Maria Auxiliadora, restarão duas alternativas ao PSB: o advogado Maxsuel Maia e o ex-vereador Eriberto Mota, que já foi vice-prefeito no primeiro mandato de Ubiracy Vasconcelos (2009-2012). Wagner Menezes, presidente do diretório municipal do partido, que seria um possível nome para o cargo, optou por não se desincompatibilizar do Secretaria Municipal de Saúde, uma das mais estratégicas, politicamente, e não pode mais ser candidato.

Entre as duas opções restantes, não há um sinal claro de predileção por parte da cúpula partidária em Xapuri. Questionado a respeito do assunto em reportagem publicada nesta quarta-feira, 15, pelo jornal ac24horas, o dirigente municipal Wagner Menezes afirmou que as discussões a respeito da definição prosseguirão e que o resultado delas será uma decisão pautada no debate democrático e na convicção de que o melhor caminho será escolhido.

“O mais importante nesse momento é a consolidação da chapa proporcional e certeza de que o partido se manterá ocupando o seu lugar na aliança que construiu a atual administração. A definição do nome que comporá com o prefeito Bira Vasconcelos ainda está em aberto e sairá no momento oportuno a partir do consenso que será encontrado nas futuras reuniões”, completou.

Fontes no partido apontam para três situações, todas relacionadas aos nomes que o PSB tem disponíveis, mas sob conjecturas distintas, que podem ser decisivas para a definição do nome que disputará o cargo de vice-prefeito na chapa da esquerda que, além de petistas e socialistas, deverá contar também com PC do B e PDT.

Primeiro, ainda se trabalha no partido com a possibilidade de Maria Auxiliadora reconsiderar a decisão de não ser candidata. Depois, há uma corrente que vê em Maxsuel Maia um nome mais favorável para o atual momento político. E, por último, o pensamento de que a saída do ex-vereador da Eriberto Mota da condição de pré-candidato à câmara para a de vice-prefeito enfraqueceria a chapa proporcional.

Eriberto Mota é tido no PSB como um dos nomes mais fortes na composição da chapa para vereador, fato que é notório pela sua história na política local, além de ser oriundo de uma das famílias mais tradicionais do município. Abrir mão de sua candidatura à câmara significaria prejuízo certo para a legenda quanto ao coeficiente eleitoral. Em razão disso, há a tendência de que o partido opte pela sua manutenção na chapa proporcional.

O jovem advogado Maxsuel Maia é uma das novas promessas da política de Xapuri, cidade onde nasceu, mas de onde cedo saiu para estudar. Formou-se em História na Ufac e em Direito na antiga FAAO, hoje U:Verse, e voltou para o município onde instalou seu escritório de advocacia. A indicação do seu nome como candidato a vice-prefeito na chapa da situação é a que aparece como mais provável de ser confirmada até o dia 16 de setembro.

Em tempo, o prefeito Ubiracy Vasconcelos já declarou mais de uma vez que o seu candidato a vice é do PSB, afastando especulações de que estaria à procura de um nome fora da aliança que o seu partido mantém na atual gestão municipal. Ele disse recentemente que “em política se conversa com muita gente, mas o nome para compor a chapa só não sai do partido aliado se o PSB não quiser ou se não tiver nome para apresentar”. 

DEM/PP* - Para quem não está em dia com a movimentação política na Princesa do Acre, explico que, oficialmente, o Democratas pulou fora do barco que deveria levar o empresário Aílson Mendonça, filho do deputado Antônio Pedro, à disputa da eleição municipal como nome aclamado pela oposição e abençoado pelo governador Gladson Cameli. Como, em verdade, a embarcação tomava o rumo de águas perigosas, com o passageiro sem salva-vidas, o rebento resolveu manter os pés em terra firme.

A desculpa esfarrapada para o fato real de que a pré-candidatura sucumbiu à rejeição seguidamente apontada por levantamentos de consumo interno foi a de haver optado por cuidar das suas empresas. Como admitir fracassos não é tarefa bem aceita por muita gente, de bate pronto a madrasta de Aílson, Carla Mendonça, foi anunciada como pré-candidata pelo Progressistas (PP), com a chancela do marido, o deputado Antônio Pedro. Assim, o DEM continuou na briga, com um poder de apelo a mais ao chefe Gladson.

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