quinta-feira, 9 de julho de 2020

Abandono e revitalização da Cerâmica de Xapuri

















A antiga Cerâmica Municipal de Xapuri é um daqueles patrimônios que deveriam ser eternamente mantidos e cuidados. Parte relevante do desenvolvimento da cidade passou pela velha olaria e muita coisa, material e imaterial, foi construída com base na mistura do suor vertido de testas e pelo barro amassado por mãos de muitos xapurienses de fibra. 

Ela, durante muito tempo, foi importante para a administração pública municipal por fornecer, com baixo custo, tijolos para o calçamento de ruas, uma das principais necessidades do município na área de serviços urbanos. Para a população, oferecia o mesmo produto a um preço bem mais acessível que os ofertados pelas lojas de material de construção.

Apesar da inegável importância, a Cerâmica de Xapuri nunca foi efetivamente vista pela grande maioria dos administradores da cidade como um instrumento capaz de gerar benefícios à coletividade – conjugando geração de emprego e renda. Sempre esteve nas mãos de um ou de outro, ora da iniciativa privada ora de pessoas ligadas à própria administração pública, servindo como fonte particular de lucro.

Ao longo de seguidos anos, a olaria foi sendo dilapidada e a área ao seu redor invadida irregularmente. Da estrutura que possuía não restou praticamente nada, a não ser a cobertura. O estrago se deu, principalmente, quando esteve nas mãos de empresários ligados politicamente a prefeitos por meio de processos obscuros dos quais nunca foi dado conhecimento ao público.


No início de seu primeiro mandato, em 2009, o atual prefeito, Ubiracy Vasconcelos, entendendo a viabilidade de uma indústria de tijolos na cidade, firmou uma parceria com o governo do estado, via Funtac – Fundação de Tecnologia do Acre - para a realização de um estudo de viabilidade econômica da olaria. A intenção era dotar a cerâmica da capacidade de produzir 18 mil tijolos por dia.

Esse estudo resultou no conhecimento de que são necessários recursos da ordem de R$ 300 mil para que a cerâmica seja adequadamente reestruturada, considerando que lá mais nada existe desde a administração passada. No entanto, os anos se passaram e o objetivo da retomada do empreendimento ficou apenas nesse estudo de viabilidade.

Dessa maneira, a Cerâmica Municipal pode ser considerada como um dos grandes símbolos da incapacidade gerencial de várias administrações para um empreendimento comprovadamente capaz de produzir ganhos à cidade e sua população, se tornando uma espécie de empresa pública geradora de empregos e outros incalculáveis benefícios.

De maneira alheia ou não às questões político-partidárias e do debate eleitoral que já se estabelece em Xapuri, o tema relacionado à revitalização da Cerâmica Municipal é oportuno e pertinente, pois significa esperança de emprego para a mão de obra ociosa existente na própria comunidade do bairro onde a mesma se localiza e que leva o seu nome.


Que fique transparente, antes de qualquer costumeiro mau entendimento, que essa modesta opinião não representa instrumento de crítica destrutiva ou mal intencionada contra as administrações passadas ou mesmo a atual, mas mero relato de fatos testemunhados e constatados pelo acompanhamento ininterrupto da vida do município nos últimos 32 anos.

De igual maneira, também não se presta de defesa ou de ataque para este ou aquele no campo do enfrentamento político local, uma vez que todos os grupos inseridos na atual conjuntura de Xapuri, sem exceções, têm, de alguma maneira, responsabilidades pela situação em que se encontra a velha Cerâmica Municipal, assim como de outros problemas crônicos da cidade.

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