segunda-feira, 31 de março de 2014

Rita Maia x IFAC - Um jogo que Xapuri ganhou

Bira Vasconcelos

Hoje o governador Tião Viana esteve em Xapuri para um ato simples, porém de importância histórica, pelo menos pra mim. Nosso Governador deu a ordem de serviço para que fosse iniciada a construção de uma escola com capacidade para 900 alunos, um investimento de 2,6 milhões de reais, onde irá funcionar a Escola Municipal Rita Maia.

Quando digo que é histórica pelo menos para mim, é em função da minha tomada de decisão como então prefeito de Xapuri em ofertar o prédio da melhor escola municipal para o funcionamento do Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Acre-IFAC, e com esse ato convencer, juntamente com o ex-governador Binho, o ministério da educação a implantar o IFAC em Xapuri. O que se concretizou no dia 27 de dezembro de 2010, quando o presidente LULA me entregou a placa de identificação do IFAC-Campus Xapuri.

Juntamente com os professores Sérgio Flórido e João Ribeiro de Freitas, senti naquele ato uma das maiores alegrias como Prefeito e como cidadão, pois sabia que ali se iniciava um novo tempo para os jovens de nossa terra, abria-se naquele momento uma porta chamada OPORTUNIDADE, de melhoria de vida, de crescimento intelectual, mas principalmente de uma opção real à estagnação e ao marasmo intelectual a que estavam fadados, além, é claro, de um novo caminho ante o caminho sem volta das drogas.

Hoje o IFAC conta com 669 alunos, muitos recebendo bolsa para estudarem nos cursos regulares e outros sendo pagos para se capacitarem profissionalmente. Sei que a decisão foi acertada.

Contudo, uma coisa faltava. Quando conversamos, eu e o governador Binho, tinha uma questão: e os alunos da Rita Maia? A resposta foi firme e simples, o IFAC pode dividir o espaço com a Rita Maia no início dos seus trabalhos. Enquanto isso, a prefeitura compra um terreno próximo da atual escola e o Governo constrói outra escola.

Pois bem, como Prefeito compramos uma área de 100x100m, do mesmo tamanho da Rita Maia, na Rua Rotary, e doamos para o Governo. E com o apoio e esforço do Governador Tião foi elaborado o projeto e disponibilizados os recursos. E hoje o governador autorizou a empresa a começar a construção da Rita Maia, e muito em breve com a graça de Deus, teremos nos novos corredores e pátios, a correria, os gritos e alegria de criança se preparando para o futuro.

Obrigado aos servidores, alunos e aos pais da Escola Rita Maia e do IFAC, que passaram por tantos transtornos, mas que em breve estarão em novas instalações.
Obrigado Governador por mais esse compromisso cumprido com Xapuri.

Bira Vasconcelos foi prefeito de Xapuri no período de 2009 a 2012.

Gasolina

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O que chama mais a atenção na imagem acima não é a pequena ave que se abriga debaixo da cobertura de um posto de combustível no centro de Xapuri, também parecendo querer acesso ao líquido inflamável e tão precioso no Acre nas últimas semanas. O que mais impressiona é a quantidade de tambores e corotes ali posicionados a espera da chegada de mais um carregamento de gasolina.

Grande parte desses vasilhames possui um único objetivo: fazer estoque para a venda clandestina. Essa prática tem ocorrido normalmente em Xapuri aos olhos de todos. Um dos resultados disso é que os postos estão tendo combustível apenas por durante algumas horas depois da chegada de cada carregamento. Quem não tem condições de passar horas na fila, fica sem acesso ao produto. E os que se propõem a enfrentar a maratona de espera, também perdem o tempo que gastaram, pois a bomba seca antes de chegar a vez de muitos.

No posto da imagem acima uma única pessoa chegou a comprar de uma só vez 600 litros de gasolina. O destino maior é o bairro da Sibéria, onde o litro pode ser encontrado no mercado negro até por R$ 7,50. O oportunismo e a ganância dessa gente desconhece qualquer princípio ético. Desconhecem o que é partilha e ignoram o que é segurança. E é esse mesmo tipo de gente que em outros lugares do Brasil vai às ruas para protestar contra o governo e depredar o patrimônio público e privado.

A imagem que ilustra o post foi tomada emprestado no Facebook de Haroldo Sarkis.

domingo, 30 de março de 2014

Saiba o que é

O projeto de Lei 2126/11 foi aprovado no último dia 25/03/2014 na Câmara dos Deputados e depende apenas de aprovação no Senado e sanção presidencial.

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Caro leitor (a), você sabe do que se trata o projeto de Lei 2126/11? Caso nunca tenha ouvido falar, talvez você o conheça como Marco Civil da Internet. Lembrou? Você sabe o que isso acarretará e mudará nas normas de utilização da internet pelos usuários? O artigo de hoje visa esclarecer estes pontos, já que o Marco Civil da internet “teve seu primeiro passo dado”, para que suas normas possam surtir efeito, já que a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (25/03/2014), por votação simbólica o referido projeto de lei.

Primeiramente, temos que relembrar a história e analisar a proposta da PL (projeto de lei) verificando quais garantias esta veio resguardar.

A iniciativa surgida no final do ano de 2009, é uma espécie de constituição para quem utiliza a internet, ditando normas, sanções e inicialmente, colocando o governo como uma espécie de administrador da rede. O projeto ganhou bastante força após a descoberta das práticas de espionagem utilizadas pelo governo Norte Americano contra o Brasil e outros países.

A proposta está sendo alvo de divergências políticas e de opinião, o grande receio é que com a aprovação desta lei, seja criada a censura a liberdade que existe e sempre existiu na utilização da rede, dando controle em excesso ao governo e possibilitando atos discricionários de privação de liberdade por parte deste.

Nestes 5 anos que a lei vem sendo discutida, o texto sofreu diversas alterações, sendo aprovada na câmara de forma menos controladora por parte do Governo, e mantendo a liberdade do usuário.

Segundo o Deputado Federal Alessandro Molon (PT-RJ), relator do projeto, os principais princípios deste são: privacidade, vigilância na web, internet livre, dados pessoais, fim da propaganda dirigida, liberdade de expressão, conteúdo ilegal e armazenamento de dados.

Continue lendo em: JusBrasil.

sábado, 29 de março de 2014

“Sinal dos tempos”

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É o que diria minha avó se tivesse vivido o suficiente para ver um quilo de farinha ser vendido ao preço de quase R$ 6,00. Clique na imagem para ampliá-la.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Babilônia

Babilônia

Mais uma belíssima imagem do aventureiro xapuriense Almir Ribeiro. Cachoeira Babilônia, no Rio Xapuri. É chamada assim porque nas suas imediações desemboca um igarapé que leva o mesmo nome. As cachoeiras e corredeiras do Rio Xapuri não impossibilitam a navegação, mas ultrapassá-las requer experiência e destreza dos barqueiros que navegam por elas durante o verão amazônico. A pesca costuma ser farta nessa região.

Comentário de meu eterno professor Eduardo de Souza, um daqueles que se esbaldou nas águas do Rio Xapuri e, portanto, se tornou xapuriense “nato”, apesar da origem potiguar:

Big Raimari,

Tenho ótimas lembranças da Cachoeira Babilônia nos atendimentos Odontológicos que fiz no Edson da Fronteira. Chegava por lá a bordo de barcos pilotados pelos experientes Chico Silva e/ou Cajú. Num calor sufocante essas águas geladinhas a princípio, nos refrescavam prazerosamente. Tive o privilégio de saborear caldo de bodó nas suas margens feitos pelo "chef" Zé de Barros, e também peixe enrolado em papel alumínio jogado direto dentro da fogueira, depois de temperado pelo Zé da Porca. Beleza de cenário.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Falta de gasolina em Xapuri

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Para quem sentia saudades das filas da carne e do gás de cozinha.

CONVOCAÇÃO

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O Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha do Estado do Acre – SIACRE, vem a público convocar toda a categoria a participar de uma Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se no dia 29/03 sábado no Ginásio Álvaro Dantas a partir das 08:00 horas da manhã, tendo como objetivo tirar encaminhamentos das seguintes pautas:

  • Informações sobre a PEC dos Soldados da Borracha;
  • Orientar sobre a proposta dos 25 mil;
  • Como anda a votação da proposta no Senado;
  • Apresentar contraproposta do Governo Federal no tocante ao relatório apresentado pelo Senador Aníbal Diniz no ultimo dia 26/04 na CCJ;
  • O indicativo de data para o pagamento dos 25 mil reais e explicar quem terá direito de receber.

Em reuniões no senado com os Lideres do Governo e Senadores o SIACRE definiu novas estratégias de articulação para os encaminhamentos sobre o relatório do Aníbal Diniz com a maior brevidade possível. Levando em consideração que a próxima data para votação desta matéria será dia 02 de Abril de 2014.

Rio Branco Acre, 27 de Março de 2014.

Tráfico humano

João Baptista Herkenhoff

Quando estudamos a História do Brasil aprendemos que a abolição da escravatura ocorreu em etapas. Primeiro foi abolido o tráfico de escravos (1850). Depois foi promulgada a Lei do Ventre Livre, em benefício dos filhos de escravos (1871). Veio depois a Lei dos Sexagenários que libertava da escravidão os idosos (1885). Finalmente, em 13 de maio de 1888 a abjeta escravidão foi totalmente proscrita de nosso país.

Se assim é contada nossa história, o que é esse tráfico humano que a Campanha da Fraternidade deste ano denuncia? Ainda existe o tráfico de pessoas em terras brasileiras, já que o tráfico foi abolido em 1850?

Infelizmente a resposta à indagação é afirmativa.

Crianças são traficadas para extração e comércio de órgãos. Mulheres desprovidas de um mínimo de informação são iludidas com promessas de bem estar e traficadas para a prostituição. Trabalhadores são deslocados do lugar onde vivem e transportados para outros territórios a fim de serem explorados como escravos. Não se trata de uma fantasiosa história de terror, mas de um fato concreto que os Bispos brasileiros, com a reputação conquistada pelos serviços prestados ao povo, certificam, denunciam e condenam, conclamando todas as pessoas de caráter a uma tomada de posição. Sim, não se trata de conclamar os cristãos, e muito menos os católicos. Não é preciso ser católico ou ser cristão para dizer peremptoriamente: basta, isto não pode continuar.

Para o homem religioso o tráfico humano é uma blasfêmia, é ofensa ao Deus Criador. Para o homem que guarda princípios éticos, sem professar uma crença, sem se filiar a um credo, o tráfico humano é uma ignomínia que não pode ser tolerada.

Mas não basta protestar e indignar-se. É preciso exigir providências para que o tráfico humano desapareça dos horizontes nacionais.

Sejam cobradas ações efetivas dos Poderes Executivo e Legislativo. Que se exijam posições firmes e rigorosas do Ministério Público. Que o Poder Judiciário, devidamente provocado, não se cale, nem transija. Que a sociedade civil como um todo assuma sua grande parcela de responsabilidade.

O que não se pode admitir é a atitude de passividade e silêncio, quando sabemos que existem seres humanos tratados como mercadoria. E até pior do que mercadoria porque as mercadorias são guardadas e conservadas para que não se deteriorem, enquanto pessoas humanas vítimas de tráfico são expostas à perda da condição humana, à destruição, à doença e à morte.

Se aqueles que são vítimas do tráfico nem protestar podem, sejamos nós a voz dos que não têm voz, de modo que nosso grito de revolta ecoe de norte a sul.

João Baptista Herkenhoff, magistrado aposentado e Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo, épalestrante pelo Brasil afora. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Comissão de Justiça e Paz, da Arquidiocese e Vitória. Acaba de publicar Encontro do Direito com a Poesia – crônicas e escritos leves (GZ Editora, Rio).

E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520

É livre a divulgação deste artigo, por qualquer meio ou veículo, inclusive através da transmissão de pessoa para pessoa.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Xapuri perde dona Carmen Veloso

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Faleceu na manhã desta quarta-feira, 26, aos 93 anos, dona Carmen Veloso, uma das quituteiras mais tradicionais de Xapuri. Conhecidíssima pela sua cajuína, seus licores e biscoitos, fez parte de uma geração de mulheres fortes e guerreiras que muito contribuíram para a formação da sociedade xapuriense.

Em 2011, em uma conversa com o jornalista Altino Machado, que passava pela cidade, dona Carmen proferiu uma frase que se tornou célebre: “Xapuri está uma merda”. Do fundo de sua pureza e sinceridade, dona Carmen motivou um dos debates mais acalorados, via internet, de que se tem notícia na velha “Princesa do Acre”.

Naquela oportunidade, dona Carmen fez aquilo o que muita gente tem vontade, mas se furta por uma infinidade de razões: exercer o direito sagrado e constitucional de dizer o que pensa, o que acha e o que sente sobre a terra em que vive. Ela ensinou que democracia se faz assim mesmo: com opinião carregada de causa e sentimento.

A partida de dona Carmen se constitui numa grande perda para a cultura de Xapuri. Ela, como outras e outros tantos dessa geração de heróis e heroínas, estão partindo sem conseguir conhecer, apesar dos esforços feitos com muito trabalho e dedicação, o modelo de cidade com o qual – certamente - muito sonharam.

A solidariedade do blog à família Veloso.

terça-feira, 25 de março de 2014

Sai-cinza

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Uma das famosas cachoeiras do Rio Xapuri. Localizada a várias horas de barco a motor, a partir do encontro com o Acre, em frente a cidade, é uma beleza natural praticamente desconhecida do povo da “rua”. A imagem foi pescada na timeline do xapuriense Almir Ribeiro, no Facebook.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Maioridade Penal

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“o recente assassinato de uma adolescente de 14 anos em Brasília pelo namorado prestes a completar 18 anos levou senadores a voltar a defender, em Plenário, mudanças na maioridade penal. Mais cedo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, havia recebido a visita de Joselito Dias e Rosemari Dias, pais da jovem morta, Yorraly Ferreira Dias.O assassino filmou o crime e divulgou o vídeo entre amigos por meio de um aplicativo de troca de mensagens. A principal proposta de mudança na maioridade é a PEC 33/2012, do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que abre a possibilidade de a Justiça aplicar a adolescentes de 16 a 18 anos envolvidos em crimes como homicídio qualificado, extorsão mediante sequestro e estupro penas impostas hoje somente a adultos.

A PEC foi rejeitada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), mas vai a votação em Plenário, depois de apresentação de recurso. Ao pedir a aprovação da PEC 33, Aloysio Nunes explicou que a proposta mantém a regra da maioridade aos 18 anos, mas abre uma exceção que contempla os casos de crimes hediondos. Ele disse que, pelo texto, o promotor que atua na Vara da Criança e do Adolescente perante a qual esteja sendo apurado ato infracional pode pedir a exceção para que o menor de 16 a 18 anos seja julgado como adulto. –

Assim, o juiz, depois de uma apuração criteriosa, poderá chegar à conclusão de que aquele adolescente que cometeu crime hediondo poderá ser submetido à lei penal, e não ao ECA – argumentou o senador. Para o senador Magno Malta (PR-ES), a proposta de Aloysio é um gesto positivo, pois é a uma resposta a uma sociedade que sofre, que se angustia e que “agoniza de dor e de lágrimas”. Ele criticou o governo, que teria “mandado derrubar” a PEC, e lamentou o crime que tirou a vida de Yorraly. – O Senado não pode se acovardar, não pode se apequenar, não pode, enfim, deixar de enfrentar esta questão que angustia a família brasileira – declarou Malta.

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domingo, 23 de março de 2014

Antonico Bucheira: um herói esquecido

Edinei Muniz

Quando João Goulart caiu, em 31 de março de 1964, pouca gente no Acre ousou resistir, tanto que o tal do Edgard Cerqueira, de triste memória - e seu suposto telegrama do Comando Revolucionário (dizem até que era falsificado) - deitou e rolou: meteu os pés sujos na porta da Assembléia Legislativa e ainda encontrou apoio de alguns deputados do PTB (partido de Jango e de Jose Augusto) para sagrar-se governador.

Mas, como toda regra tem lá suas exceções, em Xapuri, terra de cabra valente, um simples açougueiro, decidido a entrar para a história, rabiscou uma cena de heroísmo digna das mais altas homenagens. O nome dele era Antônio Leopoldo, mais conhecido como “seu Antonico bucheira".

Antonico, desde cedo, já se mostrava diferente. Como magarefe, nunca obedeceu à regra (imposta pela elite obviamente) de que “carne de primeira”, tão logo chegasse ao açougue, teria que ser reservada aos ricos. Com ele, a carne, seja qual fosse, era de quem chegasse primeiro. Os ricos babavam de ódio, mas Antonico nem aí para eles.

Com a queda de Jango, petebista roxo que era, Antonico se inquietou. Falou, falou e nada pôde fazer. Reclamava que o povo era mole e não tinha coragem de pegar nas armas para assegurar a volta do Jango e de José Augusto.

Lá pelas tantas, numa heróica manhã de agosto de 1964, quatro meses após o golpe, argumentando a excessiva elevação dos preços das mercadorias, Antonico resolveu ensinar como se reage contra os tiranos: tomou Xapuri de assalto e distribuiu alimentos de graça para a população pobre.

Seu Antonico, e mais uma meia dúzia de revoltosos, entre eles o Zé Bento, pegaram nas armas e dominaram os pontos estratégicos da cidade: a Prefeitura, a Agência dos Correios, onde cortaram o fio do telégrafo, e também, claro, o quartel da guarda, trancafiando os militares de plantão.

Com a cidade totalmente dominada, Antonico dirigiu-se ao comércio, chamou o povo, e distribuiu alimentos de graça para todo mundo. Mas, enquanto ele fazia isso, os seus companheiros de revolta não agiam como a mesma firmeza. O Zé Bento, responsável por vigiar o Quartel da Guarda Territorial, acabou fraquejando e libertou o Cabo Expedido (seu antigo companheiro de farda). Daí em diante, um a um, todos os revolucionários, posicionados em pontos estratégicos, baixaram as armas, só restando Antonico.

Ao receber ordem de prisão, Antonico, que realmente não era fácil, ainda tentou resistir, mas não demorou para perceber que seria em vão, pois fora informado que todos os seus companheiros de levante já encontravam-se devidamente presos. Sem saída possível, acabou se rendendo.

Por tal ato, Antonico chegou a responder um inquérito policial, mas não deu em nada. Dizem que o Guilherme Zaire, poderoso que era naquela época, entrou na questão e livrou nosso combatente da cadeia.

Antonico morreu pouco tempo depois. Partiu sem saber que foi dele o maior ato de bravura contra a ditadura militar produzido no Acre.

Alguém conhece algum outro?

NOTA: o que digo no primeiro parágrafo, sobre a suposta falsificação do telegrama e o pé na porta da ALEAC, tem como base o que disseram Nabor Junior e Iolanda Fleming, dois ex-governadores do Estado do Acre. Não inventei nada...está tudo no livro "Brava Gente Acreana", do ex-senador Geraldo Mesquita Junior.

Edinei Muniz é advogado.

sábado, 22 de março de 2014

Xapuri, 109 anos!



Três momentos distintos da história da cidade que teve origem a partir da povoação ocorrida no local onde o seringalista João Damasceno Girão ocupou para formar seu seringal no ano de 1894. Chamava-se Mariscal Sucre antes da Revolução Acreana. Foi elevada à categoria de Vila em 25 de agosto de 1904. Em 22 de março de 1905 foi considerada cidade, situada às margens do rio Acre. Xapuri tornou-se município pelo Decreto n° 9.831 de 23 de outubro de 1912. Foi instalado como município somente em 1° de abril de 1913.

A região foi habitada por indígenas das tribos xapuris, catianas, moneteris e outras menos numerosas. A excursão de Manuel Urbano da Encarnação à foz do rio Xapuri, em 1861, foi o início da colonização. As terras, onde atualmente se localiza a cidade, eram de propriedade do cearense Manuel Raimundo, sendo transferidas para João Damasceno Girão e Benedito José Medeiros, em 1894 e 1898, respectivamente.

Xapuri participou ativamente da independência do Acre, quando, em 1902, integrava o Território das Colônias, ocupado por autoridades bolivianas. Juan de Dios Barrientos, intendente, consultou os moradores para a organização da Junta dos Notáveis - Conselho Municipal. A 30 de março daquele ano, cinco representantes locais foram escolhidos para componentes do Colegiado.

Ao tomar conhecimento do teor do contrato de Aramayo ou Bolivian Sindicate, em 2 de junho, a Junta renunciou. Plácido de Castro, ciente do ocorrido, iniciou o movimento revolucionário, culminado com o ataque à Vila, em 6 de agosto, e domínio da situação. Foi proclamada a Independência do Acre, com a confraternização da população de Xapuri.

Fonte: Biblioteca do IBGE.

Névoa densa em campos de algodão seco

*CLÁUDIO MOTTA

Uma tarde, ela finalmente se foi, depois de dizer que apenas compraria um cigarro na esquina. Mas não demorou nem uma lua e já havia voltado, exatamente quando ele também já se houvera ido. E, quando ela mais uma vez partiu, ele estava de volta com saudades da amante. Ocorreu o desencontro num dia que se repetiu por muitos, e por meses a fio, até que um desistiu do outro. Alguém disse que, felizmente, não havia crianças no meio do idílio rocambolesco. Naqueles campos tórridos, fertilidade não existia nenhuma. Viço também não. Presente ali apenas uma névoa seca devastadora de corações e sonhos.

Lágrimas e entulhos do destino parco rolaram aos borbotões, ladeira abaixo, de parte a parte, cada um no seu quadrado, por densos dias que foram também muitos. Ele passou a viver das saudades em um cubículo escuro do cortiço da rua dos javalis. Ela se tornou apenas uma sobrevivente nos fundos da casa de uma espécie de senhorios maltrapilhos que lhe davam apenas o de comer, posto que o dinheiro tornara-se ralo para todos super viventes do mundo dos desvalidos daquela província estanque.

O amor existiu em uma época anterior, de qualquer maneira, pelo bem ou pelo mal, uma vez que a tônica era tão somente o acasalamento.

Vieram dias de sufocante trabalho  -  e quase nenhum dinheiro  -  que levaram o homem a fugir dos parcos princípios morais nunca adquiridos e enterrar-se em um antro de jogatina e bebedeira. Em fins de semana, numa aventura sem fim, ganhava e perdia o que não tinha. Apenas uns trocados ele levava para casa, depois de haver, mais uma vez, ido à lona. Uns pães, algum feijão, rala farinha, tripa, bucho e mocotó de boi. E só.

Não se maldizia, nem falava nada que significasse perseverança. Olhava para ela, ainda uma morena enxuta, e abaixava a cabeça já no rumo do banheiro. Para espantar o marasmo, ela cantarolava uma modinha qualquer, bem triste, bem singela, bem agourenta, que muito dizia do seu estado de espírito, da sua desolação. Nada houvera dado certo. Por isto, nenhuma palavra de ambas as partes. Nem juras de amor, nem discussões acerca do que ambos tinham certeza.

Um dia, a fonte secou e ele, paulatinamente, foi deixando de arranjar os biscates com o que ganhava ralos caraminguás. Depois, adoeceu gravemente vindo a ficar hospitalizado por meses a fio. Contraíra o mal dos derrotados. Sofria de tristeza degenerativa. Já não acreditava em si próprio e por ali não havia quem lhe desse a mão, ou o ombro. Muito menos ela. Disseram a esta época que o dinheiro havia sumido pela porta e o amor pulara a janela, e ninguém dele nunca mais deu conta. Uma lástima.

Ela, no início, nada fazia. Cantarolava sempre. Jamais demonstrara afeto algum. À noite, ficava à janela olhando para as estrelas como se a perguntar sobre quais os motivos da sua desdita ao lado daquele palerma. Mais tarde, deitava-se ao lado dele na caminha sem conforto. Lá mal cabiam os dois que se encostavam meio sem querer e, depois, acasalavam porque, parece-nos, nada mais havia para fazer. Nem sonhar com dias melhores ou piores.

Depois, a preta passou a arranjar serviço enquanto faxineira. Comprou chita e renda e fez o seu próprio vestidinho. Passou a usar perfumes bem baratos, o que demonstrava algum pensamento positivo. O batom era de um vermelho vivo aliado ao ruge carmim. Alguma jóia de pobre estilo miçanga lhe enfeitava as orelhas e o pescoço. Uma vizinha arranjou um sapato à Luiz quinze sobre o qual só depois aprendeu a andar.

Ancas largas, rebolava facilmente como toda mulata da sua estampa. Chegava a impressionar alguns amigos fura olhos frequentadores do boteco da esquina. Foi quando ele deixou de jogar baralho e sinuca.

Não. Ela não arranjou nenhum novo amor. Mas também deixou de prestar atenção ao seu ex-apaixonado que pouco ou nada passou a significar. Fazia-lhe visita a cada primeiro domingo de cada mês, no hospital. Lá chegando, imperava o velho mutismo de parte a parte. Não havia mágoa. Apenas alguma decepção rasa lhes embotava a alma e a língua. Coitados. Não mais se aceitavam. Também não rompiam o relacionamento. Olhavam-se apenas, de longe. Ela, sentada a uma cadeira próxima ao leito da enfermaria. Ele, de pijamas desbotados, deitado no catre de ferro muito próprio das casas de misericórdia que abrigam pobres sem esperança. Sequer despedida havia. Nem um meneio de cabeça.

- Santa ignorância! – Eram as palavras da funcionária que tinha a cara daquela enfermeira alemã que matava judeus enforcados sob as suas garras de onça.

Sim, a ignorância aflorou à pele de ambos. Talvez um analista conseguisse dizer alguma coisa. Mas eles eram pobres e sequer sabiam da existência desse tipo de profissional tratador de almas refratárias. O doce do algodão houvera sumido mal completaram um ano do relacionamento. Alguma parca tenra mínima consideração apenas passou a existir. Nada mais que isso. E já era muito, posto tratar-se de duas almas secas como a névoa que povoa a madrugada do deserto.

Vi tudo à distância. Não ri. Não chorei. Não fiquei alegre ou triste, uma vez que já não tenho papas na língua para tal. Sequer possuo tutano suficiente para emoções tardias ou mais ou menos baratas. Apenas analisei a situação com os meus olhos de lince estrábicos e cansados. Precisei chegar à conclusão segundo a qual o diálogo sustenta o amor. Comunicar-se é a habilidade social que conecta as pessoas.

Não. Eu não tenho a solução para os males que afligem a alma. Não trago na algibeira o cálice dos remédios que cicatrizem as feridas do coração. Todavia, é inegável que mulher não vem com manual de instruções ou certificado de garantia. Assim como, todo homem sai da fábrica com defeitos em peças e até em sistemas. Como parte considerável delas, também a maioria deles deveria ser denunciada aos órgãos de proteção ao consumidor enquanto produtos avariados pela insensibilidade, insegurança, inabilidade, falta de diplomacia, deseducação doméstica, incompreensão, libido de mais e sinceridade de menos.

Vejamos, então. Não é exatamente necessário que as mulheres sejam tolerantes com o desmando de quem quer que seja, principalmente, vindo do calhorda com quem houve por mal casar ou se amasiar, o que dá no mesmo. Mas é preciso que sejam mais dialógicos e mais diplomáticos. É conveniente, sim, que ambos se façam compreensivos, mas apenas até onde todos os argumentos se esgotarem.

Há um aforismo brasileiro segundo o qual, ser diplomático é discordar sem ser discordante... Não é necessário ir às vias de fato. Não tem aí o porquê para a briga, nem para o desembainhar das armas. Como na letra do samba, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.

Da mesma forma, considero que ser espirituoso é a metade de ser diplomático. Antes da briga, alguém pode tentar contornar a situação pela força do riso. Rir é sempre o melhor remédio. Mas também, não é preciso entrar naquela de que compreender é perdoar. Isso vicia a eles e elas.

Eu, por exemplo, poeta medíocre e diplomata vão, sou filho de uma casta de nobres sem arrimo. Busco compreender os desalinhos de ambas as partes. Casei e batizei pelo menos umas oito vezes. Tolerei mulheres chatas por um dia. Já tive donzelas algumas e meretrizes muitas, em paráfrase a um poeta de Vila Isabel.

Certo é que os caminhos são muitos e os atalhos existem em profusão. Por isto, em verdade vos digo que, se o lobo compreendesse os cordeiros, ali mesmo morreria de fome.

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*Cronista nascido sob o sol morno de um abril qualquer do século anterior, no Principado de Xapuri.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Pós-Graduação para Xapuri

Prezado Raimari,

A Universidade Federal Fluminense e a Universidade Aberta do Brasil oferecem 30 vagas para o município de Xapuri para Especialização Lato Sensu em Planejamento, Implementação e Gestão da EaD. Gratuita e via MOODLE.

Pode nos ajudar divulgando em seu blog?

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quinta-feira, 20 de março de 2014

Denúncia de excessos em Xapuri

Ouvidoria do Sistema Integrado de Segurança Pública solicita instauração de procedimento administrativo para apurar conduta do comandante da PM de Xapuri

O ouvidor do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP), Valdecir Nicacio Lima, enviou mensagem ao blog Xapuri Agora informando que solicitou à corregedoria da Policia Militar a instauração de procedimento administrativo para apurar a conduta do capitão Sílvio Araújo da Silva, comandante da 2ª Cia. Policial Militar de Xapuri, durante tumulto ocorrido na última terça-feira, 18, quando moradores tentaram bloquear a Estrada da Borracha, na entrada da cidade, como protesto contra a ação policial de coibir a tentativa de invasão de uma área de terras de propriedade do Estado.

O capitão Sílvio é acusado de agredir com um tapa no rosto uma adolescente de 17 anos que participava da manifestação. Ela aparece na imagem acima de camisa verde, com o militar ao fundo. Um vídeo gravado pela câmera de um telefone celular no momento do tumulto mostra quando o oficial da PM parte para cima da garota depois que esta profere ofensas verbais contra os policiais que efetuavam a detenção de três membros do movimento de invasão. Após ser divulgado na internet o vídeo provocou uma onda de críticas e protestos contra a atitude do militar, que por telefone negou a agressão. 

O comandante da PM em Xapuri afirmou que se dirigiu à garota para efetuar sua detenção por desacato à autoridade, mas que desistiu no intento com o objetivo de não “acalorar” mais a situação, que já era bastante tensa. Quanto ao suposto tapa, o militar disse que realmente tocou o rosto da menina com o dedo em riste, mas que não admite que aquele gesto tenha se caracterizado numa agressão. O militar também disse desconhecer que pessoas que compartilharam o vídeo na internet estivessem sendo coagidas por policiais a retirar as postagens das redes sociais, como chegou a ser denunciado.

- Informo ainda, que essa Ouvidoria acompanhará os trâmites administrativos referente ao caso, afirmou na mensagem Valdecir Nicácio, ouvidor do SISP.

A seguir, a íntegra da mensagem enviada ao blog:

Gerência de Ouvidoria ouvidoria.sisp@ac.gov.br

10:09 (Há 4 horas)

Bom dia Sr. Raimari,

Cumprimento-o cordialmente, oportunidade em que informo a Vossa Senhoria que tomei conhecimento através da matéria veiculada em seu blog sobre os excessos cometidos por um policial militar durante uma desocupação de terra em Xapuri, e como Ouvidor do Sistema Integrado de Segurança Pública, solicitei à corregedoria da policia militar que fosse instaurado procedimento administrativo para apurar a conduta do referido policial. Informo ainda, que essa Ouvidoria acompanhará os trâmites administrativos referente ao caso, e encontra-se à disposição para esclarecer qualquer dúvida ou prestar qualquer informação se que fizerem necessárias.

Atenciosamente,

Valdecir Nicacio Lima
Ouvidor do SISP.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Aniversário da Cidade

Prefeitura divulga programação

Programação

Clique na imagem para ampliar.

Oficial da PM nega agressão

 

Um vídeo propagado na internet desde a manhã de ontem denuncia uma suposta agressão cometida pelo comandante da Polícia Militar de Xapuri, o capitão Sílvio, contra uma garota de 17 anos que participava do movimento de invasão que se tornou o fato mais importante de Xapuri nos últimos meses.

O tumulto começou quando os manifestantes presentes no local tentaram bloquear a Estrada da Borracha. No momento em que a PM realizava a detenção de três participantes do movimento, a garota proferiu uma ofensa verbal contra os policiais que efetuavam as prisões. É possível identificar a frase “polícia de merda”.

Naquele momento, o capitão Sílvio foi de encontro à moça, com o dedo em riste, e pedindo respeito para com a Polícia Militar, desferiu um toque brusco em seu rosto. O ato passou a ser considerado como um tapa desferido pelo militar na cara da garota. Com a postagem do vídeo na internet, a atitude do oficial da PM gerou uma onda de protestos via Facebook.

Contatado pelo telefone, o capitão Sílvio negou a agressão. Ele afirmou que se dirigiu a ela para efetuar sua detenção por desacato à autoridade, mas que desistiu no intento com o objetivo de não “acalorar” mais a situação. Quanto ao suposto tapa, o militar disse que realmente tocou o rosto da menina com o dedo em riste, mas que não admite que isso tenha se caracterizado numa agressão.

O comandante da Polícia Militar de Xapuri também diz desconhecer que pessoas que compartilharam o vídeo na internet estejam coagidas para retirar as postagens. Mostradas as versões, segue, abaixo, o link que direciona ao vídeo para que cada um tire suas próprias conclusões acerca da polêmica.

https://www.facebook.com/photo.php?v=636066983114263&set=vb.100001329017504&type=2&theater.

Impasse

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Manifestantes permanecem às margens da Estrada da Borracha.

Excesso

Maxsuel Maia, via Facebook.

Em todas as instituições e corporações existem os bons e os maus profissionais. Os bons merecem ser elogiados, já os maus precisam ser combatidos e denunciados. No vídeo acima, gravado na minha pacata Xapuri, fica claro o despreparo emocional de um oficial da Policia Militar diante de uma situação que ele mesmo deixou tensa. Nem entrarei aqui no mérito das terras, me limitarei a falar sobre a atuação destemperada daquele que estava ali para estabelecer a ordem.

Assistindo ao vídeo, em nenhum momento notei reações violentas por parte dos "invasores", que se limitaram a gritar palavras de protesto, questionando acerca da prisão de alguns companheiros. Ninguém ali estava armado para o enfrentamento ou atirando pedras e paus nos policiais, cena comum nesse tipo de distúrbio. Mesmo assim, demonstrando nunca ter estudado uma disciplina chamada "uso progressivo da força", um policial parte pra cima de uma cidadã e desfere um tapa em seu rosto, numa atitude completamente desproporcional ao caso concreto.

Alguns defensores da ação alegam que houve desacato ao policial, como se isso justificasse o abuso cometido. Se houve o desacato, o procedimento correto seria dar a voz de prisão e conduzir a autora à delegacia para lavrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência. Pelo artigo 331 do Código Penal Brasileiro, a pena para o crime de desacato é detenção de até dois anos e não um tapa no rosto do autor.

Posto isso, é dever da corregedoria da Polícia Militar investigar os excessos dessa ação, punindo os infratores. Outro fator que denuncia o despreparo de alguns policiais é a tentativa de coagir os moradores que comentam ou compartilham o vídeo em redes sociais.

Segundo relatos, alguns jovens xapurienses foram "convidados" a retirar o vídeo de suas páginas pessoais. Alguém precisa esclarecer a esses maus policiais que vivemos num estado democrático de direito e que a época em que os militares coagiam, batiam e mandavam a população se calar ficou no passado distante.

Maxsuel Maia é xapuriense e ex-blogueiro.

Nota do blog: Infelizmente não consegui incorporar o vídeo ao blog, mas segue, abaixo, o link para que o leitor possa tirar suas conclusões. Neste momento estou tentando contatar o capitão Sílvio, comandante da PM em Xapuri, para que o mesmo possa contar sua versão.

https://www.facebook.com/photo.php?v=636066983114263&set=vb.100001329017504&type=2&theater.

terça-feira, 18 de março de 2014

“Invasão não consolidada”

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Policiais Militares de Xapuri, com apoio de um contingente vindo do município de Brasiléia, removeram, na manhã desta-terça-feira, 18, as demarcações de lotes feitas na área de terras pertencente ao governo do estado, alvo de tentativa de invasão desde a noite do último domingo, 16. Houve princípio de tumulto, com três pessoas sendo conduzidas à Delegacia de Polícia de Xapuri depois de tentarem bloquear a Estrada da Borracha.

De acordo com o promotor de justiça de Xapuri, Bernardo Fiterman Albano, a medida tomada pelo governo do estado de usar o poder de polícia para a retirada dos invasores foi legítima, uma vez que no local ainda não havia uma situação de invasão consolidada. Caso já houvessem barracos construídos, com famílias residindo na área, a reintegração de posse somente poderia ocorrer através de mandado judicial, segundo ele.

O episódio movimentou a cidade neste início de semana tanto pelo ineditismo quanto pela repentina possibilidade que se abriu na cabeça de muita gente de obter um quinhão das terras que foram alvo da invasão. Pessoas que se dirigiam ao local apenas por curiosidade subitamente se transformavam em sem-teto e passavam a buscar o seu pedaço. No meio da balbúrdia se encontravam funcionários públicos, aposentados e comerciantes.

Segundo alguns relatos de pessoas envolvidas no movimento, havia gente se apossando individualmente de oito lotes. Alguns já começavam a especular preços para a futura negociação de terrenos. Uma faixa vermelha foi confeccionada com os dizeres: “Conjunto Habitacional Chico Mendes” numa alusão ao objetivo do governo de levantar na área uma obra em homenagem ao líder sindical. 

Até por volta do meio-dia desta terça-feira, a situação era tranquila no local da tentativa de invasão. Cerca de duas dezenas de policiais militares garantiram a trafegabilidade da Estrada da Borracha durante todo o período da manhã. Apesar da chuva, um grupo de cerca de 50 membros do movimento também permaneceu nas imediações se abrigando da chuva embaixo de uma lona preta.

Fontes do governo afirmam que em um segundo momento a Secretaria de Trabalho e Assistência Social fará em Xapuri um levantamento das condições de moradia dos participantes do movimento. Resta esperar que mesmo resultando em insucesso nesse primeiro instante, o movimento, independentemente dos fatores que o originaram, traga frutos futuros para quem realmente necessita de um pedaço de chão para firmar moradia.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Invasão em Xapuri

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Xapuri nunca possuiu movimento organizado de sem-tetos, mas literalmente da noite para o dia uma área de terras de cerca de 17 hectares, pertencente ao governo do estado foi invadida por centenas de pessoas para fins de moradia.

A ação começou a ocorrer por volta da meia-noite do último domingo, 16, e na manhã desta segunda-feira praticamente toda a área, que fica localizada na entrada da cidade, já havia se transformado em um enorme mosaico formado pelas divisões de lotes feitas com arames, linhas, cordas, sacolas plásticas e outros materiais.

Partes de outras áreas como a que circunda o aeroporto de Xapuri, pertencente à Aeronáutica, além de um terreno pertencente à extinta Companhia de Laticínios do Acre (Cila), também começaram a ser invadidos, mas a ação foi coibida pela Polícia Militar.

Entre os invasores que se encontravam na área pertencente ao governo do estado na manhã desta segunda-feira, era possível se notar pessoas de algumas posses, entre as quais haviam até mesmo funcionários aposentados e pequenos comerciantes.

A presença de representantes do governo vindos de Rio Branco nesta tarde para se reunir com os líderes do movimento não surtiu efeito. Uma proposta para que os invasores se retirassem do local até a chegada da Assistência Social para fazer um cadastro daqueles que realmente necessitam de um pedaço de terra não foi aceita. 

A terras do governo invadida nesta segunda-feira fica localizada em frente ao aeroporto da cidade. A área foi adquirida há alguns anos com o objetivo de ali ser construído um memorial em homenagem ao líder sindical Chico Mendes, segundo informações de fontes não oficiais que foram propagadas na época.

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Desconhece-se, até o momento, de onde partiu ou como se deu a origem do movimento repentino de invasão, mas é bem possível que por trás de tudo exista um componente político cuja finalidade maior é causar reflexos nas eleições de outubro próximo.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Saúde do Homem em Xapuri

A equipe estadual do programa Saúde do Homem estará, nos dias 22 e 23, na unidade de saúde Félix Bestene, em Xapuri, realizando atendimento médico voltado ao público masculino de 20 a 59 anos de idade. Os procedimentos serão das 8 às 17 horas, com profissionais das áreas de geriatria, urologia e clínica-geral.

Serão ofertadas ações de prevenção e orientação sobre o câncer de próstata e de pênis, disfunção erétil, aferições da pressão, hipertensão arterial, orientações nutricionais e de boa qualidade de vida.

De acordo com o coordenador do programa Saúde do Homem, médico Mauro Trindade, a ação será iniciada no sábado, 22, em virtude do aniversário de Xapuri. “Aproveitamos as datas festivas que aglomeram um maior número de pessoas, pois muitos que residem na zona rural vêm prestigiar a festa e podem fazer uma avaliação médica”, explicou.

A expectativa é atender cerca de dois mil homens. “Nosso foco é incentivar a população masculina nas ações preventivas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e reduzir os índices de doenças e mortes”, finalizou.

A informação é de Marcelo Torres, da Agência de Notícias do Acre.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Da série: Imprensa e políticos acrianos se merecem desde sempre

Sérgio Roberto Gomes de Souza*

José Thomaz da Cunha Vasconcelos (foto 01) era natural da cidade de Goiânia- PE, tendo se tornado bacharel em direito no ano de 1889. Antes de ser nomeado governador, no dia 13 de novembro de 1922[1], já havia exercido o cargo de prefeito dos Departamentos de Tarauacá (1918) e do Alto Acre (1920).

Foto 01: José Thomaz da Cunha Vasconcelos – governador do acre entre 1923 e 1926

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Fonte: Jornal Folha do Acre de 24 de março de 1923, ano XIII, nº 452, p. 01

Como governador, ficou mais conhecido no Acre por seu temperamento explosivo do que por suas realizações, o que levou setores da imprensa do Território a expressarem certo “alívio” com o fim de sua administração. Observe-se o exemplo do jornal Folha do Acre. Durante o período em que Cunha Vasconcelos permaneceu no cargo, o periódico nada publicou que pudesse colocar em dúvida a “honestidade” e o “comportamento” do chefe do Executivo no Território, porém, não aguardou sequer a embarcação que o levava para o Rio de Janeiro aportar na primeira cidade do Amazonas para acusá-lo de mau uso dos recursos públicos, enriquecimento ilícito e uso abusivo de poder como demonstra o editorial da edição do dia 10 de junho de 1926:

Não há mais dúvida sobre o afastamento do Senhor Cunha Vasconcelos, do cargo de governador do Acre, estando assim terminado o longo período em que se via o Território, suportando esse homem intolerável que aqui nada mais fez durante três anos, três meses e dois dias, do que sugar os cofres públicos em proveito próprio e dos seus, saindo rico da administração acreana. Atravessamos neste longo período uma situação de lama e de horror. E agora estamos fora da alçada deste novo Calígula, gozando a felicidade de tê-lo afastado. [2]

O texto difere-se sobremaneira de uma publicação feita pelo mesmo jornal no dia 24 de fevereiro de 1924 onde consta: “O atual governador do Território conquista pela lealdade de sua maneira de agir e pela lisura de seus atos, a aureola de simpatia que o torna credor do carinho com que vem de ser recepcionado com sua Exms. Família”.[3] A mudança na linha editorial foi brusca. Mas, Cunha Vasconcelos também demonstrou seu lado “volúvel”. No ano de 1923, recém nomeado governador, fez a seguinte afirmação em entrevista concedida ao jornal Folha do Acre, no dia 24 de fevereiro de 1923: “Um fado amigo me impele para o Acre, terra que muito amo, parecendo que terei de terminar os meus dias entre os acreanos”.[4] Porém, nem bem terminara seu governo e Cunha Vasconcelos já estava na cidade do Rio de Janeiro onde, de acordo com o historiador Francisco Bento da Silva, “agrediu um condutor de bonde e, para livrar-se da prisão, resolveu passar por senador da República, cargo que nunca exerceu” (SILVA, 2012, p. 43).


[1] A data de nomeação difere-se da data em que tomou posse do governo no Acre e iniciou seu mandato como governador.

[2] A queda do Régulo. Folha do Acre, Rio Branco – AC, 10 de junho de 1926, ano XV, p. o1

[3] Folha do Acre, Rio Branco – AC, 24 de fevereiro de 1923, ano XIII, nº 452, p. 01.

[4] Idem.

*Professor de História da UFAC.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Minha rua

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Recém chegado na rua Evaristo S. da Silva, me apaixonei pela tranquilidade do lugar. Gente simples, muita criança, e bastante natureza nas proximidades. Prejudica o ambiente, no entanto, um esgoto a céu aberto que durante muitos anos vem sendo negligenciado pelas administrações municipais.

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Aparentemente acostumados com a situação, moradores contam que as manilhas para a canalização do canal malcheiroso chegaram a ser descarregadas no local, há alguns anos, mas findaram por ser recolhidas pela prefeitura, sendo encaminhadas para outro destino, talvez mais nobre que o bairro Mutirão, em Xapuri.

Vacinação contra o vírus HPV

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Mães evangélicas boicotam vacinação de filhas contra HPV. Segundo elas, a imunização de crianças e adolescentes incentiva a prática sexual precoce. Evangélicas também consideram que a melhor forma de prevenir Doenças Sexualmente Transmissíveis é a fidelidade no casamento. Leia mais no portal Aquiry Notícias.

Dia Internacional da Mulher

Natex convida deputada Perpétua Almeida para interagir com funcionárias

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A fábrica de preservativos masculinos Natex realizou, na última segunda-feira, 10, atividade alusiva ao Dia Internacional da Mulher, com o tema O Papel da Mulher na Sociedade. A deputada federal Perpétua Almeida (PC do B) foi convidada de honra da direção da fábrica participar do encontro com as funcionárias da Natex.

As 70 mulheres que atuam na fábrica tiveram a oportunidade de partilhar com Perpétua as suas experiências de vida e trabalho. Apesar do componente político e profissional, o interesse maior foi em relação à vida privada da parlamentar, que teve que explicar como conseguia conciliar as tarefas de política, mãe, esposa e dona-de-casa.

"Foi muito interessante fazer esse debate, porque talvez muitas delas estejam vivenciando problemas em relação a isso e me viram como alguém que pode ajudar, uma vez que apesar de todos esses anos de vida pública, completei 26 anos de casada. É impressionante, como nós, mulheres, somos parecidas, independente do nível cultural, profissional ou classe. Queremos o sucesso profissional, mas nunca às custas do fracasso familiar", explicou a deputada.

A Natex, foi inaugurada em 2008, na gestão do ex-governador Binho Marques  É a única fábrica de preservativos que trabalha com borracha natural. A fábrica tem uma mulher no cargo de diretora executiva, a gaúcha Dirley Bersh.

Ao todo, 170 empregos diretos são gerados pela fábrica e 700 famílias extrativistas de látex são beneficiadas, incrementando R$ 2 milhões na economia da borracha e 100 milhões de camisinhas produzidas por ano.

Um Ano de Francisco

Por Alcides Leite

Em 13 de março de 2013, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa e adotou o nome de Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis.  Em um ano de pontificado muita coisa aconteceu. A audiência das atividades promovidas pelo Vaticano mais que quadruplicou e os acessos às redes sociais oficiais da Igreja dispararam. Neste período, a freqüência nas paróquias européias, até então declinante, cresceu significativamente. Uma atividade da Igreja nunca reuniu tanta gente como na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.

No final de 2013, o papa Francisco foi escolhido como personalidade do ano pela revista Times, e também pela revista The Advocate, especializada na defesa dos direitos dos homossexuais. Eugenio Scalfaro, editor-chefe do jornal italiano La Repubblica, confessamente ateu, publicou uma série de perguntas que gostaria de fazer ao papa, sem, no entanto, esperar que ele as lesse. Dias depois, o próprio papa, como é de seu costume, pegou o telefone e ligou pessoalmente ao Sr. Scalfaro convidando-o para um encontro. As respostas às perguntas do editor-chefe, assim como a íntegra do encontro entre os dois, foram publicadas no jornal. 

Das inúmeras declarações marcantes, proferidas pelo papa nesse curto período de pontificado, podemos selecionar algumas que servem para traçar o perfil do pontífice.

- Se uma pessoa que é gay, procura a Deus, e têm boa vontade, quem sou eu para julgá-la.

- Não vou ficar falando o tempo todo de aborto, casamento gay e uso de contraceptivos, pois a Doutrina da Igreja já é clara a este respeito, e eu sou filho da Igreja.

- A Corte Eclesial é a lepra da Igreja.

- Eu não poderia viver sozinho no Palácio. Preciso de gente, encontrar pessoas, falar com as pessoas...

- Enquanto não se eliminar a ex­clusão e a desigualdade dentro da sociedade e en­tre os vários povos, será impossível desarraigar a violência.

- Não nos preocupemos somente com não cair em erros doutrinais. Por­que «é frequente dirigir aos defensores da “orto­doxia” a acusação de passividade, de indulgência ou de cumplicidade culpáveis frente a situações intoleráveis de injustiça e de regimes políticos que mantêm estas situações»

- Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a todos nós: «Onde está o teu ir­mão?» (Gn 4, 9). Onde está o teu irmão escravo? Onde está o irmão que estás matando cada dia na pequena fábrica clandestina, na rede da pros­tituição, nas crianças usadas para a mendicância, naquele que tem de trabalhar às escondidas por­que não foi regularizado? Não nos façamos de distraídos! Há muita cumplicidade...

- Desejo uma Igre­ja pobre para os pobres.

- As doenças enfrentadas por diversas instituições eclesiais, ao longo da história, têm raízes na auto-referencialidade, numa espécie de narcisismo teológico.

- Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído às ruas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguran­ças.

O papa também tomou decisões profundas e corajosas, que geraram ódio e maledicências nos setores reacionários da Igreja. Ele confirmou Gerhard Muller, amigo e seguidor do pai da Teologia da Libertação, o peruano Gustavo Gutierrez, como Prefeito da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé. Depois, o promoveu a Cardeal. O papa também fez questão de prefaciar um novo livro escrito por Muller com participação de Gutierrez. No Consistório que criou novos cardeais, a grande maioria dos nomeados vêm de países em desenvolvimento, inclusive dos países mais pobres do mundo, como Haiti e Burkina Faso.

Para promover mudanças na cúria, o papa nomeou um grupo de oito cardeais, de todos os continentes. Várias sugestões, dadas pelo chamado G8, já começaram a ser implantadas, como a criação de uma Secretaria especializada em assuntos financeiros. Ação que reduz as tarefas da antes toda poderosa Secretaria de Estado.

No aspecto teológico, o papa Francisco também tem promovido uma revolução. Nas reuniões anteriores à sua eleição, ele fez um resumo sobre a direção que a Igreja deveria tomar para reencontrar o seu vigor apostólico. Para ele a Igreja deve sair de si mesma e ir às periferias geográficas e existenciais, deve resgatar o cristianismo primitivo, baseado no ensinamento capital: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. A principal função da Igreja deve ser evangelizar, levar Cristo aos que sofrem e estão longe Dele. A Igreja, como dizia Paulo VI, deve voltar a ser a mãe fecunda que vive a doce e confortadora alegria de evangelizar.

Mesmo tendo promovido importantes mudanças, resta muito a ser feito na Igreja. Peçamos a Deus que dê vida longa a Francisco para que ele possa fazer todas as reformas necessárias para tornar irreversível o caminho de retorno à Igreja primitiva dos tempos de Jesus Cristo, a verdadeira Igreja Cristã.  

Alcides Leite é economista e professor da Trevisan Escola de Negócios.

terça-feira, 11 de março de 2014

Efeito cheia ou majoração abusiva?

Em alguns pontos comerciais de Xapuri, o quilograma do tomate já atingiu R$ 6,00. Telefonei, na tarde desta segunda-feira, 10, para dois supermercados em Epitaciolândia, e lá o preço do produto variava entre R$ 2,80 e R$ 3,40. 

A presidência da Acisa – Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre - informou que nesta terça-feira, 11, às 9h, concederá uma entrevista coletiva na sua sede, em Rio Branco, para esclarecimentos à imprensa.

Uma outra situação decorrente da crise provocada pela cheia do Rio Madeira foi relatada por um proprietário de lanchonete. Segundo ele, vendedores estão pressionando donos de estabelecimentos comerciais a fazerem estoque garantindo que haverá falta de produtos nos próximos dias.

- Eles estão se aproveitando da situação para aumentar suas vendas e faturar as suas comissões em cima de uma situação de incerteza gerada pela interdição da BR-364, afirmou o pequeno comerciante que pediu para não ser identificado.

Saudade das Cartas

João Baptista Herkenhoff

Da mesma forma que proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a ONU também proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Idoso. É um documento da maior importância, não tão conhecido quanto merece ser. Nele se afirma que o idoso tem direito de continuar a viver em sua própria casa, cidade e ambiente social. Tem direito de decidir que tipo de assistência prefere. Ainda a Carta de Direitos dos Idosos determina que cabe ao Governo o dever de assegurar a eles uma renda adequada à sobrevivência digna. Concordo com tudo isto, mas acho que se omitiu a proclamação de um dos direitos do idoso: o direito à saudade. No elenco da Declaração de Direitos das Pessoas de Terceira Idade penso que deveria ter sido contemplado expressamente o saudosismo como direito fundamental.

Nestes tempos em que vivo os altos e baixos da Terceira Idade, fui surpreendido por um sentimento intenso de saudosismo.

A primeira saudade que me acudiu foi a saudade das cartas.

Sou do tempo das cartas por via postal, que carregavam um certo mistério.

Aderi à internet, aos e-mails, pela praticidade deste tipo de comunicação, mas tenho saudade das cartas de antigamente.

Os e-mails também podem ter muita força de comunicação, mas as cartas tinham um sabor especial.

A primeira beleza das cartas é que dependiam da entrega e o carteiro era muitas vezes esperado com ansiedade e alegria.

Não foi à toa que a alma de Pablo Neruda atingiu culminâncias em “O Carteiro e o Poeta”. Numa perdida ilha do Mediterrâneo, um carteiro recebe a ajuda do poeta Pablo Neruda para, através da Poesia, conquistar o amor de Beatrice, sua eleita. O carteiro, que era o mediador da correspondência do Poeta, aprende, aos poucos, a traduzir em palavras seus sentimentos pela amada. Em troca, Mário, o carteiro, foi o interlocutor do Poeta, mostrando-se capaz de ouvir suas lembranças do Chile e compreender as dores do exilado.

Guardo todas as cartas que recebi de minha mulher, quando éramos namorados.

Como ela também guardou as que mandei, temos em nosso arquivo todas as cartas que trocamos.

Hoje estou vivendo a segunda metade da década dos setenta. Eu a conheci quando tinha dezessete anos.

Tenho também saudade do flerte.

Hoje já não se flerta mais.

Flerte, que coisa linda! Mulher objeto? De forma alguma... Mulher destinatária... da admiração, do encantamento, do discreto desejo.

Suprimiram-se as etapas do amor. Numa sociedade capitalista não se perde tempo. O tempo destinado à poesia, numa sociedade de consumo, escrava do ter, desalmada, é tempo perdido.

Mas temos de reagir. Salvaguardar a Poesia porque Poesia é Humanismo.

Que mundo triste seria este mundo se desaparecessem os poetas.

“Mãos, cabelos, corpo, músculos, seios, extraordinário milagre de coisas suaves e sensíveis, tépidas, feitas para serem infinitamente amadas.

Mas o seu belo braço foi num instante para mim a própria imagem da vida, e não o esquecerei depressa.”(Rubem Braga).

“Pode teu seio roçar de leve em meu braço,

podes ficar em silêncio, olhando longe – não me torturo;

uma grande, uma total serenidade desceu sobre nós

na noite leve leve, clara clara, clara e leve.” (Newton Braga).

“Trancou-se no quarto, olhou-se no pequeno espelho, reparou que o rosto estava afogueado, considerou demoradamente o seu corpo, apalpou com complacência os seios rijos, cujos bicos ficaram intumescidos, imaginou, pela centésima vez, as carícias, os abraços, os beijos do namorado, que já não tinha mais o que esperar”. (Aylton Rocha Bermudes).

“No silêncio da noite houve um frufru nervoso.

Apenas minha mão que, abrindo ala entre rendas,

Buscou teu seio como um pássaro medroso.

Foi tão leve a carícia que te fiz,

Tão medrosa, tão cheia de segredos,

Que foi surpreso que senti, feliz,

Teu corpo estremecer ao toque dos meus dedos.” (Athayr Cagnin).

“Sejam-me frutos os teus seios verdes,

quando a fome do amor pulsar em mim.

Sejas o vinho em hálito odoroso,

que me vem antes e depois do sono”. (Evandro Moreira).

“Os meus seios redondos são quais flores

Quais rosas em botões intumescidos,

Que te causam o desejo de sabores,

Alertando-me os múltiplos sentidos.”  (Renata Cordeiro).

“Amar, jovem, é pouco, e ainda que doam

As palavras nos lábios, ao dizê-las,

esquece os teus cantares. Já não soam.

Cantar é mais. Cantar é um outro alento.

Ar para nada. Arfar em deus. Um vento.” (Rainer Maria Rilke, tradução de Augusto de Campos).

“O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E  os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só as que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.” (Fernando Pessoa).

João Baptista Herkenhoff, 77 anos, magistrado aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo, conferencista e escritor. Autor do livro Os novos pecados capitais (Editora José Oympio, Rio).

E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br

Homepage: www.jbherkenhoff.com.br

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520

segunda-feira, 10 de março de 2014

Ovos de ouro

Assustei-me no caixa de um supermercado de Xapuri ao perceber que um ovo vermelho está custando nada menos que cinquenta centavos de real. Ruim constatar que até mesmo o bom e velho “bife do olhão”, sempre uma boa alternativa aos altos preços de produtos como a carne e o frango, também está sendo inserido no rol da carestia.

Magestoso

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Rio Acre em frente a Xapuri.

Vazante

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Em Xapuri, o Rio Acre baixou mais de um metro nas últimas 12 horas. No domingo, 9, o rio atingiu o nível de 13,98 metros, atingindo 16 famílias e desabrigando 4. Com a vazante, a preocupação se volta para os desbarrancamentos, fenômeno que em 2012, na última grande enchente, causou grandes estragos no município.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, os locais mais propícios a sofrer desmoronamentos em Xapuri estão localizados nos bairros da Bolívia e do Pantanal. Por volta do meio-dia desta segunda-feira, 10, o nível do rio baixou dos 13 metros, continuando acima da cota de alerta, que no município é de 12,50 metros.

Mulher Destaque em Cruzeiro do Sul

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A homenagem foi criada pela câmara de vereadores no ano passado, para comemorar a passagem do Dia Internacional da Mulher. O objetivo é distinguir as mulheres que se destacam nas áreas social e política.

Este ano, 13 mulheres receberam o título. Entre elas a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB) e a ex primeira dama do estado Bete Cameli, viúva do ex governador Orleir Cameli.

“ Para mim foi interessante estar ao lado de pessoas incríveis, que tem toda uma história em Cruzeiro do Sul, como a parteira idosa que já ajudou a trazer ao mundo tantas pessoas; a professora Porcina de 84 anos de idade; a mocinha de apenas 12 anos que já trabalha como voluntária ajudando as pessoas do TFD; a Perpétua que tanta ajuda deu na política. Apesar de tantas histórias lindas, todas nós temos fome de carinho, de amor, de reconhecimento. Fiquei muito envaidecida por ter recebido esse título. Eu cumpri meu papel, que foi ensinado pela minha mãe que dizia que era preciso fazer as coisas com carinho e muito amor, senão, não vale a pena “, disse Bete Cameli.

A festa de entrega dos títulos aconteceu na sede da Igreja Assembléia de Deus. No final as homenageadas receberam a bênção do pastor presidente da Assembléia de Deus em Cruzeiro do Sul, Pastor Carlos Alberto dos Santos.

“É melhor ser reconhecida primeiro pelos seus e depois pelos outros. Essa homenagem me sensibiliza mais que o reconhecimento em Brasília, ou no resto do Brasil. Porque foi daqui que eu saí. Voltar sendo reconhecida é maravilhoso. Principalmente porque a gente sabe que Cruzeiro do Sul é muito exigente. Por onde andei, sempre me esforcei para não envergonhá-los. Esse reconhecimento de Cruzeiro do Sul me deixa muito feliz”, comemorou Perpétua.

domingo, 9 de março de 2014

Rotina acreana

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A foto é de Louize Otávia, via Facebook. Rio Acre acima da cota de transbordamento, que em Xapuri é de 13,40 metros. Algumas famílias já foram removidas de suas casas pelo Corpo de Bombeiros e outras podem ser obrigadas a bater em retirada a qualquer momento. A conhecida casa de festas Mirantes Bar mais uma vez está atingido pelas águas. Em tempos em que até mesmo a imagem do santo padroeiro de Xapuri, localizada na praça que leva o seu nome, já foi desabrigada (isso aconteceu no ano de 2012), há, realmente, motivos de preocupação.

sábado, 8 de março de 2014

Falta gasolina em Xapuri

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A imagem acima, feita pela câmera de um telefone celular, é do ano de 2010, na última vez em que ocorreram filas nos postos de combustível de Xapuri. É irônico que o motivo daquela escassez do produto no Acre era exatamente contrário ao de agora. Os rios Madeira e Abunã estavam tão secos naquele mês de setembro que as balsas não conseguiam fazer a travessia com veículos pesados. Neste sábado, 8 de março, não há gasolina nos dois únicos postos da cidade. A previsão mais otimista é do distribuidor da Petrobrás no município: Um carregamento talvez chegue apenas na próxima segunda-feira.

Mulheres

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Nota de Esclarecimento

A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), entendendo as restrições de tráfego na BR-364, decorrentes da cheia do Rio Madeira, que originou a decretação de Situação de Emergência no Estado do Acre, delegou, por força do Convênio CONFAZ 23/08, competência à Secretaria da Fazenda do Acre – Sefaz – a proceder o desembaraço e controle das internalizações de mercadorias destinadas ao nosso Estado, cuja operacionalização deverá ser efetuada no Posto Fiscal da Tucandeira.

Diante do exposto, as transportadoras e transportadores autônomos, de posse do documento de Registro de Entrada expedido pela Sefaz, poderão proceder as descargas e entregas das mercadorias aos destinatários.

Na oportunidade, recomendamos às transportadoras e aos transportadores autônomos a guarda do registro de entrada das mercadorias pelo prazo mínimo de 120 (cento e vinte) dias.

Mâncio Lima Cordeiro

Secretário de Estado de Fazenda.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Poesia acordando

Na distância,

As luzes tremeluziam

E traduziam

A poesia do velho esteta,

Indiscreta,

Como a alma do suarento poeta,

Nas mais variadas cores,

Revolvendo velhos amores,

Que passaram tão rapidamente e,

Consequentemente,

Deles já sequer ficou a semente da idade

Que roubou um tanto de realidade

E emoção

Que sucumbiu no choque com a razão

E quase morreu,

Mas não feneceu.

Ontem mesmo floresceu.

Verdadeira beleza.

Renasceu!

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José Cláudio Mota Porfiro foi dado à luz de um sol morno de um abril qualquer do século anterior, no Principado de Xapuri.