quarta-feira, 8 de julho de 2020

O abandono da Pousada do Cachoeira

Fiquei triste em saber que um empreendimento que custou cerca de R$ 200 mil aos cofres públicos foi abandonado à própria sorte. Tinha consciência de que a situação da Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira há tempos não era boa, mas confesso que fui surpreendido pelo cenário mostrado pela reportagem do xapuriense Leônidas Badaró, no jornal ac24horas

Fui testemunha do começo desse projeto que tinha como objetivo primordial gerar emprego e renda para a própria comunidade a partir da exploração turística das belezas e da história de uma das regiões mais simbólicas do movimento dos seringueiros de Xapuri que culminou com o assassinato do líder sindical Chico Mendes em 1988. Era uma iniciativa que tinha todos os motivos e justificativas para dar certo, mas que sem um planejamento de gestão eficiente jamais chegou a se tornar o que se pretendia dela e terminou enveredando pelo caminho do fracasso e do abandono. 

Antes mesmo do fim dos governos do PT, o chamado "turismo ecológico" na região já havia perdido a força, com a presença cada vez menor de visitantes de outros estados e países, que na sua maior parte eram pesquisadores e estudantes de áreas ligadas à natureza e ao movimento social que tinha a localidade como uma das mais importantes referências, por ali serem encontradas figuras diretamente ligadas à história de Chico Mendes. Um dos principais efeitos desse enfraquecimento foi o abandono da estrada que dá acesso ao seringal, que passou da condição de uma das mais bem conservadas do município para um estado muito ruim de trafegabilidade.

De acordo com a reportagem, o atual momento do inicialmente promissor empreendimento é de absoluta rejeição tanto por parte do governo do estado, que o idealizou e construiu, quanto da comunidade local, que foi o principal alvo dos investimentos. A saída para evitar o total abandono e a consequente destruição das instalações é, segundo a secretária estadual de Turismo, Eliane Sinhasique, encontrar algum empresário que tenha interesse em assumir o controle do espaço que até 2018 foi zelado por ocupantes de cargos comissionados do governo do estado, entre eles uma prima de Chico Mendes.

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