terça-feira, 7 de julho de 2020

Chuva de estupidez humana

Infectado pelo novo coronavírus e, como sempre, possuído pelo seu desvario negacionista, o presidente Jair Bolsonaro voltou a tripudiar sobre as mais de 65 mil mortes provocadas pela doença no Brasil, na tarde desta terça-feira (7), ao anunciar que contraiu a Covid-19 em entrevista a emissoras de TV.

Para ele, o vírus é como uma chuva, que uma hora vai atingir todo mundo, mas que pouquíssimas pessoas, em especial as idosas e com comorbidades, vão efetivamente ter problemas com a doença. No seu caso específico, não deixou a situação por conta de seu histórico de atleta, mas recorreu a um bom guarda-chuva.

Guarda-chuva esse que a grande maioria dos brasileiros pagadores de tributos, infelizmente, não tem à sua disposição – um bom serviço médico exclusivo e disponível assim que a situação apontar para o menor sinal de complicação. Sem o acessório, milhares já se molharam e foram à cova em caixão lacrado e sem velório.

Aproveitou também - e não poderia ser diferente - para fazer uma propagandazinha da cloroquina, medicamento que para a ciência, no caso da covid-19, não possui eficácia comprovada, além de apresentar efeitos colaterais perigosos, mas que para ele mostrou resultado em poucas horas. “Estou perfeitamente bem”, disse.

Mas a chuva em torno de Bolsonaro não é feita apenas de fake news e coronavírus. Nas redes sociais, bolsonaristas se puseram e choramingar por conta dos memes comemorando a doença do presidente. Dilúvio de hipocrisia de quem muito se divertiu com as pragas atiradas contra Dilma Rousseff durante o seu processo de impeachment.

Não creio que as pessoas de bom senso e desprovidas de patologias político-partidárias queiram ao presidente o que ele já desejou à sua predecessora. Também não entendo que ele deva ser tratado como vem destratando os demais brasileiros, lançando mão de uma verdadeira chuva de estupidez humana.

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