domingo, 12 de julho de 2020

Da falência a uma esperança de futuro

Inaugurada em 2008 pelo governo do estado em parceria com o governo federal, a fábrica de preservativos masculinos de Xapuri foi anunciada como redenção do extrativismo e saída sustentável para a combalida economia do município, que viveu um momento de sonho quando aportou na cidade o empreendimento de US$ 10,6 milhões, financiado pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Durante 10 anos sob gestões estaduais passadas, a fábrica chegou a gerar cerca de 170 empregos diretos no município, absorvendo látex nativo de 200 seringueiros, em média, apesar de o número de famílias extrativistas cadastradas chegar a 700. Foi um período de euforia em que as boas notícias que ganhavam o mundo pelas páginas dos jornais escondiam o fato de que o empreendimento possuía um futuro incerto.

Em 2018, a fábrica foi à falência em razão do alto custo do preservativo produzido em Xapuri. O valor de R$ 0,14 pela unidade da camisinha acreana pago pelo Ministério da Saúde inviabilizou a produção depois que o governo do estado não conseguiu mais arcar com o custo excedente.

A saída encontrada pelo governo para não ver o projeto morrer, foi repassar o empreendimento à iniciativa particular, em 2018, por meio de uma parceria público-privada (PPP). Com isso, a nova gestora da fábrica passou a ser a empresa CLPO, ligada ao grupo Lima Pontes S/A, que para administrar o negócio criou a firma chamada Indústria de Produtos de Látex da Amazônia S/A.

Nos últimos dois anos, a nova gestão fez pesados investimentos na recuperação dos maquinários e no reposicionamento da indústria para um sistema voltado à obtenção do lucro financeiro. Assim, o empreendimento passou por uma verdadeira reforma nos seus processos de gerenciamento, tendo como resultado uma impressionante redução nos custos operacionais com relação ao que era praticado na gestão estatal. 


A mudança de controle da fábrica também enfrentou sérios problemas de ordem burocrática, principalmente no que se refere ao contrato de fornecimento de preservativos com o Ministério da Saúde, cujo gestor é o governo do estado por meio da Funtac. 

A grande dificuldade consistia em um entrave jurídico que restou do processo de privatização da antiga Natex que impedia que a nova gestão recebesse os pagamentos efetuados pelo MS. A questão foi resolvida por meio de um novo contrato firmado entre a fundação estatal e a indústria para a fabricação das camisinhas.

Na última quinta-feira, 7, foi anunciada mais uma conquista para a nova gestão do empreendimento: a obtenção da certificação de conformidade do Inmetro para a produção dos preservativos, concedida pelo Instituto Nacional de Tecnologia, que permitirá a retomada da linha de produção que estava parada há oito meses.

Dessa maneira, a falência da antiga Natex – a indústria agora se chama Iplasa - se converteu em esperança da manutenção dos empregos e do sonho de muita gente para que o empreendimento se mantenha de pé. Com os duros efeitos da pandemia de covid-19 que o mundo e o Brasil enfrentam, mais do que nunca Xapuri e o Acre vão precisar.

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