terça-feira, 17 de agosto de 2021

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Enquanto a ponte não vem

O governador Gladson Cameli esteve em Xapuri mais uma vez nesta segunda-feira, 16. Na bagagem ele trouxe mais uma balsa, além de máquinas para recuperar ramais no interior do município. 

Inevitavelmente, foi cobrado pela Ponte da Sibéria, promessa que mantém desde a sua eleição. Com bom humor, reafirmou que a ponte é uma realidade, que vai fazer, e desafiou com musiquinha quem transpareceu duvidar.

"Pula, pula, pula e passe a acreditar", disse parodiando uma musiquinha muito usada em campanhas eleitorais. Muita gente realmente acredita na construção da ponte, mas há também aqueles que começam a perder as esperanças. É que já viram muitos "pula, pula" sem qualquer resultado. Mas enquanto a tão esperada ponte não vem, as balsas e catraias - bem ou mal - vão fazendo o seu papel.

sábado, 14 de agosto de 2021

“Ponte da Sibéria”, a redenção ilusória de uma Xapuri maltratada pelo tempo e pela política

Há mais de duas décadas, um movimento que tem origem em uma pequena comunidade acreana chamada Sibéria, no lado oposto do rio Acre, em Xapuri, intercala momentos de ebulição e de hibernação, mas se mantém vivo no anseio de estimados dois milhares de moradores da região e compartilhado por um outro bom tanto de habitantes do município.

A aspiração dos moradores da Sibéria acreana é pela construção de uma ponte sobre o rio Acre, ligando o hoje bairro à área central da cidade. A histórica dificuldade da travessia, antes feita apenas pelas tradicionais catraias e atualmente reforçada por uma pequena e precária balsa metálica mantida pelo governo do estado, por meio do Deracre, cresce a cada dia e enerva os usuários.

A ponte é hoje, ao mesmo tempo, a maior reivindicação do município e a maior promessa do governo para Xapuri. Já teve investimentos anunciados em ato oficial e o governador já disse, na cidade, que se não fizer a obra ou pelo menos não a iniciar no atual mandato muda de nome. Apesar disso, o ânimo dos xapurienses vem arrefecendo com o passar dos anos.

Ocorre que nem de longe, apesar de sua inegável importância, a sonhada ponte sobre o rio Acre representa o que Xapuri mais precisa. Ela é, em verdade, a ilusória redenção de uma cidade que segue sendo extremamente maltratada pelo tempo, que é implacável, e pela política, que ao contrário do que deveria fazer, a tem mantido entre a estagnação e a decadência.

A terra de Chico Mendes sofre hoje duas grandes deficiências, além de outras tantas que são comuns aos demais municípios do interior acreano. A primeira é a falta de um hospital com estrutura mínima para atender a demanda de um município de 20 mil habitantes e a segunda a ausência de uma rede de esgotamento sanitário que sane os problemas decorrentes dessa grave necessidade.

O “além de outras tantas” citado acima, no caso de Xapuri se refere a muita coisa, no que tange às necessidades mais básicas negligenciadas por todas as esferas administrativas - da displicência com a oferta de medicamentos aos mais necessitados, passando pela péssima coleta e destinação do lixo à falta de investimentos de peso na infraestrutura local.

Se a ponte da Sibéria não for entendida como mera parte de um processo longo e contínuo de investimentos públicos que possam, pouco a pouco, mudar a cara da cidade e melhorar a vida de seus moradores, seguiremos nessa estafante rotina de ilusão e de promessas vazias que se renovam a cada eleição, alimentado um ciclo vicioso de bajulação e pajelança.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Juntos e misturados

Deixando as diferenças momentaneamente de lado, prefeito e vereadores de Xapuri foram bater à porta do governador Gladson Cameli em busca de ajuda para o município. 

Junto com Bira Vasconcelos, foram oito vereadores dos nove que compõem a Câmara Municipal. Só faltou Ronaldo Ferraz, do MDB, que estava acometido de  gripe. 

Na pauta, pedidos de ajuda ao município em várias áreas. Saúde, Educação, Segurança Pública, ramais e até a folclórica ponte que sob Cameli tem promessas firmes de concretização. Mas enquanto a obra não sai, os pedidos foram de extensão do horário de funcionamento da balsa que faz a travessia do Rio Acre.

Bira Vasconcelos propôs assinatura de convênio para aquisição de combustível e requereu uma patrol para auxiliar na reabertura de 600 km de ramais na região. 

“Temos quase mil e duzentos quilômetros de ramais e sozinho a gente não tem como dar conta. O governador tem nos ajudado desde o nosso primeiro mandato sem nunca olhar para essa questão de partido. Sou grato por todo apoio e espero que essa parceria seja mantida”, disse o prefeito.

Gladson prometeu ajudar e garantiu que fará investimentos. Disse que entregará uma nova ambulância (não ficou claro se é do Samu) ao município e prometeu pedir à Secretaria de Segurança Pública que reforce o contingente da Polícia Militar no município.

“É muito importante ouvir os vereadores, porque eles são quem de fato estão onde os problemas existem. Eu não faço nada sozinho, e sempre vou está aberto para críticas e sugestões. Quando as queixas chegam pra gente dessa forma, respeitosas e necessárias, não posso ficar de braços cruzados. Já acionei todos os setores responsáveis por cada problema aqui colocado e vamos agir, ajudar, resolver, porque nosso compromisso é cuidar de vidas, da nossa gente”.

Resta aguardar.

Saneamento mais próximo dos pequenos municípios

Ricardo Lazzari Mendes (*)

Os gargalos do saneamento estão presentes em municípios de todos os portes. A falta de abastecimento de água potável ainda é um problema para 35 milhões de brasileiros e aqueles que vivem sem acesso à rede de esgoto somam 100 milhões de pessoas.

Porém, a população dos municípios menores tem maior dificuldade para acesso aos serviços de infraestrutura básica de saneamento. A escassez de recursos financeiros e a falta de mão de obra qualificada para atender às demandas de empreendimentos do setor são alguns dos fatores determinantes desse atraso.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2017, divulgada em 2020, mostra maior presença de rede de coleta de esgoto nas cidades mais populosas, alcançando 97,6% entre aquelas com mais de 500 mil habitantes. Nos municípios com população com 100 mil a 500 mil, o serviço de coleta de esgoto aparece em 92,9%.

Na outra ponta, cidades com população até 5 mil habitantes, 57,6% contam com esses serviços. Na faixa intermediária, entre 5 mil a 10 mil habitantes, 50,2% dispõem de empreendimentos de sistemas de esgoto contra 56,4% entre as localidade entre 10 mil a 20 mil habitantes.

O Novo Marco Legal do Saneamento traz um novo modelo de organização dos municípios capaz de atender às demandas das cidades menores. A nova legislação determina que os Estados devem criar unidades regionais de saneamento básico, que são agrupamentos de municípios, não necessariamente limítrofes.

Apesar da participação facultativa nas prestações regionalizadas, os municípios só contarão com recursos federais se integrarem esses blocos. A proposta de operações regionalizadas é alcançar o subsídio cruzado, seja por cidades de uma mesma região, bacia hidrográfica ou região administrativa. O modelo permite ampliar a escala com a prestação de serviço e construção de empreendimentos reunindo essas localidades. Com o aumento da produtividade das prestadoras de serviço, há potenciais ganhos de eficiência. Assim, a modelagem de blocos e operações regionalizadas devem possibilitar às companhias estaduais deficitárias e também aos municípios menores, sem recursos suficientes para investimentos em saneamento, soluções mais adequadas e de melhor eficiência.

O esforço para cumprir os objetivos de universalizar o abastecimento de água e chegar a 90% de atendimento do esgotamento sanitário, até 2033, deve ser de todos os entes da federação. O novo marco legal do saneamento é apenas o pontapé inicial de uma mudança significativa na qualidade de vida da população brasileira, que deve ser implantado com planejamento e acompanhamento das agências reguladoras.

(*) Ricardo Lazzari Mendes é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), engenheiro pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e doutor em engenharia hidráulica e sanitária pela Escola Politécnica da USP.