sábado, 13 de novembro de 2021

HQ reflete sobre a realidade dos seringueiros na Amazônia

Bruna Martins

Mapinguari, história em quadrinhos que tem como título a lendária criatura que protege a Floresta Amazônica dos caçadores, traz em um visual deslumbrante uma narrativa que reflete a realidade dos trabalhadores da floresta, os seringueiros. Além disso, a HQ, escrita por André Miranda e ilustrado por Gabriel Góes, também aborda questões como proteção ambiental, folclore e cultura indígena. A revista foi publicada pela FTD Educação em parceria inédita com o WWF-Brasil.

A trama é baseada no Seringal Santo Antônio, no interior do Acre, e gira ao redor do personagem José, filho do líder seringueiro que deixou sua comunidade para trabalhar na capital, Rio Branco. Uma história que aqueles que não moram em centros urbanos devem conhecer bem. 

José passa a trabalhar em uma empresa que atua na compra e venda de terras da comunidade em que cresceu e que assedia moradores de sua terra natal. Isso põe o protagonista em um dilema e conflito entre suas raízes e seu projeto de vida pessoal. Ao retornar para o seringal, José redescobre a história de sua família e os valores locais – o folclore, o movimento seringalista, a cultura indígena e as riquezas da floresta amazônica. Numa narrativa conduzida sobre a fina linha que separa realidade, mito e sonho, o ser lendário Mapinguari simboliza os mistérios incompreensíveis pela marcha do progresso que incendeia a mata.

“Desigualdade social no campo e na cidade, a devastação da Amazônia, as formas sustentáveis de economia, a relação do país com seus povos indígenas – em um enredo absolutamente literário, criação do roteirista de cinema André Miranda”, resume Bruno Rodrigues, editor de texto da FTD Educação.

Ele ainda acrescenta como a história desenvolve uma narrativa verdadeira e profunda, na qual os leitores podem se relacionar: “Brasil profundo não é mera expressão aqui; esta é uma história de raízes, desenraizamentos e novos enraizamentos. No coração da Amazônia acontece a história do protagonista José, que vive um dilema com o qual o leitor pode se identificar e aprender”.

Bruna Martins é jornalista em formação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Fonte: O Eco

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Jornalista diz que o Acre deixou passar com antecedência a boiada do desmatamento

Em artigo publicado pelo site de jornalismo ambiental ((o))eco, nesta segunda-feira (27), o jornalista acreano Fabio Pontes afirma que o Acre, que por 20 anos exerceu certo protagonismo na preservação de sua cobertura florestal, hoje é referência naquilo que há de pior em termos de política ambiental.

De acordo com Pontes, o ritmo sem precedentes de devastação da Amazônia no Acre, que foi o terceiro estado que mais desmatou no mês de agosto deste ano, é consequência tanto do desmonte das políticas de proteção do meio ambiente promovida pelo governo federal quanto pelo local. 

“Por aqui, a estratégia de deixar a boiada passar foi adotada com muito mais antecedência pelo governo de Gladson Cameli (PP) do que aquela exposta por Ricardo Salles diante de um país assustado com a pandemia da Covid-19”.

O jornalista diz ainda que durante sua campanha para governador, Cameli tinha como promessa fazer do agronegócio o carro-chefe da economia acreana. Para isso, ele garantiu desburocratizar e flexibilizar as normas ambientais do Estado e tirar a fiscalização do pescoço de quem queria produzir.

“A principal missão de Gladson Cameli ao assumir o governo do Acre, em janeiro de 2019, era destruir todo o arcabouço institucional de proteção da Amazônia construído durante as duas décadas de governos do PT. Tal política gestada durante o chamado governo da floresta de Jorge Viana (1999-2006), conhecida como Florestania, passou a ser o inimigo público número um de Gladson Cameli”.

Em agosto de 2021, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) detectou 1.606 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 7% em relação a agosto de 2020, quando o desmatamento somou 1.499 quilômetros quadrados.

É a maior taxa para o mês em 10 anos. Com isso, o acumulado desde janeiro também foi o pior da década. O desmatamento detectado em agosto de 2021 ocorreu no Pará (40%), Amazonas (26%), Acre (15%), Rondônia (10%) e Mato Grosso (9%).

O que disse o governo

Por meio da Agência de Notícias do Acre, o Governo do Estado argumentou, também com base nos dados do Imazon, que os números mostram que o estado apresentou uma redução de 12% no desmatamento no mês de agosto de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado.

“Mesmo não sendo uma fonte considerada oficial, a redução demonstra que as ações adotadas pelo governo do Estado têm sido fundamentais para conter o avanço do desmatamento”, disse a agência estatal.

O governo também citou um dado do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Deter/Inpe), órgão oficial de promoção de informação de dados sobre desmatamento, que afirma que o Acre teve uma redução da extensão de alertas de desmatamento de 35,3% no mês de agosto em relação a 2020.

A diretora executiva da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Ambientais (Semapi), Vera Reis Brown, explicou que os dados de desmatamento devem ser analisados com critério.

“É um assunto complexo que exige a adoção de metodologia que permita comparação dos dados ao longo da série histórica. No entanto, as informações geradas pelo Imazon, MapBiomas, entre outras, têm sido fundamentais na complementação dos dados gerados pelo Inpe e pelo Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental, o Cigma”.

O jornalista acreano Fabio Pontes escreve há mais de uma década sobre Amazônia, cobrindo meio ambiente, povos indígenas e comunidades extrativistas, crises migratórias, mudanças climáticas e a política regional para veículos de imprensa do Acre e do país.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Enquanto a ponte não vem

O governador Gladson Cameli esteve em Xapuri mais uma vez nesta segunda-feira, 16. Na bagagem ele trouxe mais uma balsa, além de máquinas para recuperar ramais no interior do município. 

Inevitavelmente, foi cobrado pela Ponte da Sibéria, promessa que mantém desde a sua eleição. Com bom humor, reafirmou que a ponte é uma realidade, que vai fazer, e desafiou com musiquinha quem transpareceu duvidar.

"Pula, pula, pula e passe a acreditar", disse parodiando uma musiquinha muito usada em campanhas eleitorais. Muita gente realmente acredita na construção da ponte, mas há também aqueles que começam a perder as esperanças. É que já viram muitos "pula, pula" sem qualquer resultado. Mas enquanto a tão esperada ponte não vem, as balsas e catraias - bem ou mal - vão fazendo o seu papel.

sábado, 14 de agosto de 2021

“Ponte da Sibéria”, a redenção ilusória de uma Xapuri maltratada pelo tempo e pela política

Há mais de duas décadas, um movimento que tem origem em uma pequena comunidade acreana chamada Sibéria, no lado oposto do rio Acre, em Xapuri, intercala momentos de ebulição e de hibernação, mas se mantém vivo no anseio de estimados dois milhares de moradores da região e compartilhado por um outro bom tanto de habitantes do município.

A aspiração dos moradores da Sibéria acreana é pela construção de uma ponte sobre o rio Acre, ligando o hoje bairro à área central da cidade. A histórica dificuldade da travessia, antes feita apenas pelas tradicionais catraias e atualmente reforçada por uma pequena e precária balsa metálica mantida pelo governo do estado, por meio do Deracre, cresce a cada dia e enerva os usuários.

A ponte é hoje, ao mesmo tempo, a maior reivindicação do município e a maior promessa do governo para Xapuri. Já teve investimentos anunciados em ato oficial e o governador já disse, na cidade, que se não fizer a obra ou pelo menos não a iniciar no atual mandato muda de nome. Apesar disso, o ânimo dos xapurienses vem arrefecendo com o passar dos anos.

Ocorre que nem de longe, apesar de sua inegável importância, a sonhada ponte sobre o rio Acre representa o que Xapuri mais precisa. Ela é, em verdade, a ilusória redenção de uma cidade que segue sendo extremamente maltratada pelo tempo, que é implacável, e pela política, que ao contrário do que deveria fazer, a tem mantido entre a estagnação e a decadência.

A terra de Chico Mendes sofre hoje duas grandes deficiências, além de outras tantas que são comuns aos demais municípios do interior acreano. A primeira é a falta de um hospital com estrutura mínima para atender a demanda de um município de 20 mil habitantes e a segunda a ausência de uma rede de esgotamento sanitário que sane os problemas decorrentes dessa grave necessidade.

O “além de outras tantas” citado acima, no caso de Xapuri se refere a muita coisa, no que tange às necessidades mais básicas negligenciadas por todas as esferas administrativas - da displicência com a oferta de medicamentos aos mais necessitados, passando pela péssima coleta e destinação do lixo à falta de investimentos de peso na infraestrutura local.

Se a ponte da Sibéria não for entendida como mera parte de um processo longo e contínuo de investimentos públicos que possam, pouco a pouco, mudar a cara da cidade e melhorar a vida de seus moradores, seguiremos nessa estafante rotina de ilusão e de promessas vazias que se renovam a cada eleição, alimentado um ciclo vicioso de bajulação e pajelança.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Juntos e misturados

Deixando as diferenças momentaneamente de lado, prefeito e vereadores de Xapuri foram bater à porta do governador Gladson Cameli em busca de ajuda para o município. 

Junto com Bira Vasconcelos, foram oito vereadores dos nove que compõem a Câmara Municipal. Só faltou Ronaldo Ferraz, do MDB, que estava acometido de  gripe. 

Na pauta, pedidos de ajuda ao município em várias áreas. Saúde, Educação, Segurança Pública, ramais e até a folclórica ponte que sob Cameli tem promessas firmes de concretização. Mas enquanto a obra não sai, os pedidos foram de extensão do horário de funcionamento da balsa que faz a travessia do Rio Acre.

Bira Vasconcelos propôs assinatura de convênio para aquisição de combustível e requereu uma patrol para auxiliar na reabertura de 600 km de ramais na região. 

“Temos quase mil e duzentos quilômetros de ramais e sozinho a gente não tem como dar conta. O governador tem nos ajudado desde o nosso primeiro mandato sem nunca olhar para essa questão de partido. Sou grato por todo apoio e espero que essa parceria seja mantida”, disse o prefeito.

Gladson prometeu ajudar e garantiu que fará investimentos. Disse que entregará uma nova ambulância (não ficou claro se é do Samu) ao município e prometeu pedir à Secretaria de Segurança Pública que reforce o contingente da Polícia Militar no município.

“É muito importante ouvir os vereadores, porque eles são quem de fato estão onde os problemas existem. Eu não faço nada sozinho, e sempre vou está aberto para críticas e sugestões. Quando as queixas chegam pra gente dessa forma, respeitosas e necessárias, não posso ficar de braços cruzados. Já acionei todos os setores responsáveis por cada problema aqui colocado e vamos agir, ajudar, resolver, porque nosso compromisso é cuidar de vidas, da nossa gente”.

Resta aguardar.

Saneamento mais próximo dos pequenos municípios

Ricardo Lazzari Mendes (*)

Os gargalos do saneamento estão presentes em municípios de todos os portes. A falta de abastecimento de água potável ainda é um problema para 35 milhões de brasileiros e aqueles que vivem sem acesso à rede de esgoto somam 100 milhões de pessoas.

Porém, a população dos municípios menores tem maior dificuldade para acesso aos serviços de infraestrutura básica de saneamento. A escassez de recursos financeiros e a falta de mão de obra qualificada para atender às demandas de empreendimentos do setor são alguns dos fatores determinantes desse atraso.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2017, divulgada em 2020, mostra maior presença de rede de coleta de esgoto nas cidades mais populosas, alcançando 97,6% entre aquelas com mais de 500 mil habitantes. Nos municípios com população com 100 mil a 500 mil, o serviço de coleta de esgoto aparece em 92,9%.

Na outra ponta, cidades com população até 5 mil habitantes, 57,6% contam com esses serviços. Na faixa intermediária, entre 5 mil a 10 mil habitantes, 50,2% dispõem de empreendimentos de sistemas de esgoto contra 56,4% entre as localidade entre 10 mil a 20 mil habitantes.

O Novo Marco Legal do Saneamento traz um novo modelo de organização dos municípios capaz de atender às demandas das cidades menores. A nova legislação determina que os Estados devem criar unidades regionais de saneamento básico, que são agrupamentos de municípios, não necessariamente limítrofes.

Apesar da participação facultativa nas prestações regionalizadas, os municípios só contarão com recursos federais se integrarem esses blocos. A proposta de operações regionalizadas é alcançar o subsídio cruzado, seja por cidades de uma mesma região, bacia hidrográfica ou região administrativa. O modelo permite ampliar a escala com a prestação de serviço e construção de empreendimentos reunindo essas localidades. Com o aumento da produtividade das prestadoras de serviço, há potenciais ganhos de eficiência. Assim, a modelagem de blocos e operações regionalizadas devem possibilitar às companhias estaduais deficitárias e também aos municípios menores, sem recursos suficientes para investimentos em saneamento, soluções mais adequadas e de melhor eficiência.

O esforço para cumprir os objetivos de universalizar o abastecimento de água e chegar a 90% de atendimento do esgotamento sanitário, até 2033, deve ser de todos os entes da federação. O novo marco legal do saneamento é apenas o pontapé inicial de uma mudança significativa na qualidade de vida da população brasileira, que deve ser implantado com planejamento e acompanhamento das agências reguladoras.

(*) Ricardo Lazzari Mendes é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), engenheiro pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e doutor em engenharia hidráulica e sanitária pela Escola Politécnica da USP.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Projeto de rodovia deixa em risco área intocada da Amazônia

No Acre, propostas para conectar ‘municípios isolados’ a estradas principais tendem a avançar desmatamento já em alta para regiões intactas do bioma; após o Alto Juruá, o Alto Purus é o alvo de políticos

No momento em que a Amazônia registra taxas recordes de desmatamento impulsionado, principalmente, pelo desmonte da política de proteção ambiental promovida pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), lideranças locais se articulam para tirar do papel projetos de infraestrutura que colocam, ainda mais em risco, a preservação do bioma. É o que acontece, por exemplo, no Acre, com articulações políticas para abrir estradas em regiões hoje intocadas pela ação humana. 

Após o projeto da rodovia entre as cidades de Cruzeiro do Sul, no extremo oeste do estado, e Pucallpa, no Peru, na bacia do rio Juruá – que concentra uma das maiores biodiversidades do mundo – agora começam as tratativas para construir uma estrada na região do Alto Rio Purus. A proposta é fazer a conexão rodoviária entre os municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus. 

Leia reportagem do jornalista Fábio Pontes, no site ((o))eco

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Política ambiental é decisiva para o País

João Guilherme Sabino Ometto

A mudança de discurso do presidente Jair Bolsonaro quanto à política ambiental brasileira, na recente Cúpula do Clima promovida por seu colega norte-americano, Joe Biden, foi positiva para o Brasil. Ao anunciar mais verbas para fiscalização, antecipação em dez anos, para 2050, da meta de neutralidade na emissão de dióxido de carbono e erradicação até 2030 do desmatamento ilegal, sinalizou uma nova atitude do País num tema crucial para a humanidade.

Contudo, o ceticismo referente à postura brasileira somente será reduzido se ações concretas confirmarem o teor do pronunciamento de Bolsonaro. Temos boa oportunidade de apresentar uma nova política ambiental até a 26ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (COP 26), em novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia. Cabe-nos demonstrar, na prática, o comprometimento com o combate às mudanças climáticas e, principalmente, a proteção das florestas, revertendo o aumento do desmatamento e queimadas na Amazônia verificado nos últimos dois anos.

O Brasil precisa inserir-se novamente como protagonista na agenda global do meio ambiente. Não pode mais ser excluído de eventos importantes, como ocorreu, em dezembro último, na reunião Climate Ambition Summit, preparatória à COP 26, pois está à frente de muitas nações desenvolvidas na redução da emissão de carbono e é estratégico nessa questão, considerando suas hidrelétricas, biocombustíveis e as energias eólica e solar. Liderou o debate do clima, apresentando o renovável etanol na ECO-92 e, na Rio + 20, levantou bandeiras contra o aquecimento global, ao contrário de países hipócritas, que nunca mexeram uma palha nesse assunto, praticando a diplomacia do faz de conta.

O fato é que o Brasil precisa de uma nova atitude referente à Região Amazônica e medidas concretas para conter o desmatamento ilegal, sem o que ficará isolado e perderá recursos e negócios. Não me refiro apenas a eventuais sanções oficiais de governos, mas também às decisões de investimentos produtivos. Para os detentores do dinheiro, os princípios de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança) são cada vez mais decisivos.

Além do discurso, precisamos de ações congruentes com a importância do País para a sustentabilidade global, considerando suas dimensões, clima, biodiversidade, reservas hídricas e potencial como produtor de alimentos e energia limpa. A política ambiental também precisa fazer justiça à postura avançada da agropecuária, que conservar imensa área de matas nativas e mananciais fluviais.

Sessenta e um por cento da cobertura vegetal nativa do Brasil estão preservados, sendo que 11% do total encontram-se dentro das 5,07 milhões de propriedades rurais do País. Apenas 9% do nosso território são ocupados por lavouras e 38,7% correspondem à produção agrícola, pastagens e florestas. Na nossa matriz energética, 42,9%, contra 13,8% na média mundial, provêm de fontes renováveis, sendo 17% referentes ao setor sucroenergético.

Temos muito o que mostrar e dispomos de kow how sobre como trabalhar a terra de modo sustentável. Estamos dispostos a compartilhar esse conhecimento com outros povos. Porém, não é prudente - e nem justo com os agropecuaristas e trabalhadores do campo - esconder tudo isso sob a fuligem das queimadas amazônicas.

Seria um grande avanço do Brasil, na agenda global da década que se inicia, adotar uma postura transparente, corajosa e sinérgica com os esforços das nações civilizadas, encarando de frente a questão amazônica, que não é nova, demonstrando o que sabemos fazer em termos de preservação e que estamos dispostos a enfrentar o problema. Com certeza, os produtores rurais estarão ao lado do governo nessa causa. Agindo assim, inauguraríamos uma etapa construtiva nas relações internacionais, atrairíamos mais investimentos e, sem dúvida, preservaríamos nossa floresta e, claro, nossa soberania.

João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).

sábado, 16 de janeiro de 2021

Colapso da saúde no Amazonas

A Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu nota pública nesta sexta-feira, 15, manifestando a sua solidariedade com a população, os médicos e demais profissionais de saúde de Manaus e de todo o estado do Amazonas, onde o sistema de saúde está em colapso e com gravíssimos problemas, como falta de leitos, de cilindros de oxigênio e de equipamentos imprescindíveis ao tratamento dos pacientes com Covid-19.

De acordo com a entidade, no intervalo de uma semana, a média móvel de casos aumentou 85,3% em Manaus, sendo que apenas nas últimas 24 horas houve a confirmação de 3.816 novos casos no estado. Só na capital amazonense foram 2.516 novas infecções. Números recordes desde o início da pandemia, que já matou quase 6 mil pessoas em todo o estado desde o início da pandemia, das quais quase 4 mil apenas em Manaus.

A AMB afirma na nota que está acompanhando com atenção e muita preocupação o andamento da trágica situação dos amazonenses. 

“Entendemos ser nosso dever orientar os médicos a se pautarem pelas melhores evidências científicas e para que não adotem, mesmo nesta situação desesperadora, tratamentos que não tenham a devida comprovação científica até presente momento”, diz um trecho da publicação.

A Associação Médica Brasileira conclamou os cidadãos amazonenses a se unir à classe médica, que desde o princípio da pandemia está na linha de frente colocando muitas vezes a própria vida em risco para garantir assistência à população, mas também cobrou dos governantes legalmente constituídos e as autoridades públicas de saúde que assumam sua responsabilidade na grave crise sanitária.

A entidade exigiu que sejam disponibilizados imediatamente para hospitais os cilindros de oxigênio, conforme solicitam em ação já ajuizada o MPF (Ministério Público Federal), a DPU (Defensoria Pública da União), o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Ministério Público de Contas do Estado do Amazonas.

“Conclamamos por providências urgentes com aumento de leitos, com hospitais de campanha e com a garantia de todos as demais necessidades que se façam obrigatórias para o tratamento da Covid-19”, diz outro trecho da nota.

Por fim, a AMB convocou a população do Amazonas a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo coronavírus.