terça-feira, 5 de novembro de 2019

Chico Mendes inspira novos ambientalistas

Chico Mendes Herói Brasileiro foi homenageado ontem (4) na Chácara dos Professores, em Brasília. A exposição permanente de mesmo nome contou com uma inauguração diferente. Extrativistas, estudantes, professores e companheiros históricos do seringueiro compartilharam histórias, experiências de sustentabilidade e anseios para a construção de um mundo novo.
Em 2019 relembra-se os 31 anos do assassinato de Chico Mendes. Ao mesmo tempo, comemora-se os 34 anos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), que adicionou Memorial Chico Mendes ao nome. Joaquim Belo, atual presidente da instituição, e resume a função dela. “Lutamos pela liberdade da comunidade e pelo direito de manter nosso modo de produção”.
Zezé Weiss, editora da revista Xapuri, uma das organizadoras do evento, ressaltou o papel de diversas organizações na realização do mesmo. CNS, SinproFENAE e Ipam tiveram seu papel reconhecido por juntar os povos da floresta à população da cidade para recontar a história de um guardião da Amazônia. Segundo ela, “Chico Mendes vive e Chico Mendes vive em nós”.
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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Obra de Nilo Diniz homenageia Chico Mendes

“Herói nacional, que foi um verdadeiro educador, organizador, articulador e comunicador”. É assim que Nilo Diniz define Chico Mendes, seringueiro ativista morto em 1988 em Xapuri, no Acre. Sob o título baseado em uma frase do jornalista Antônio Alves, ex- secretário de Cultura do Acre, Nilo lançou nesta segunda-feira (4/11), em Brazlândia o livro Chico Mendes: Um grito no ouvido do mundo.

A obra, que está na primeira edição, apresenta um relato histórico sobre os conflitos sociais e ambientais na Amazônia e uma análise detalhada de coberturas de grandes jornais do Rio Janeiro e de São Paulo, em especial a resistência dos povos da floresta. 
Em entrevista ao Correio, o escritor disse que o atual cenário político o ajudou a publicar a obra. “A motivação pela publicação agora veio da atual conjuntura política desfavorável para as populações tradicionais, indígenas e extrativistas. É uma reação também a pronunciamentos desinformados de autoridades ambientais atuais, desconsiderando a importância histórica do Chico Mendes”, afirma o autor. 

domingo, 3 de novembro de 2019

Portões fechados

Os portões dos 10.133 locais de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 foram fechados às 13h, horário de Brasília, deste domingo, 3 de novembro. Neste primeiro dia de realização do exame, serão aplicadas as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias e a redação.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do exame, informa que os participantes só poderão deixar as salas, em definitivo, duas horas após o início das provas, 15h30, sob pena de eliminação do participante. Só é permitido sair com o Caderno de Questões nos 30 minutos que antecedem o término das provas, ou seja, a partir das 18h30.
O envelope porta-objetos, entregue pelos aplicadores, deverá ser lacrado e identificado pelo participante antes de ingressar na sala de provas. Entre 13h e 13h30, o participante deve aguardar na sala de aplicação até que seja autorizado o início do exame. Durante esse período, são realizados procedimentos de segurança, como fiscalização dos lanches e conferência dos documentos de identificação já apresentados para o acesso à sala. O envelope porta-objetos deve ser mantido embaixo da carteira, durante a realização das provas.
Prova – Os participantes terão cinco horas e meia para fazer as provas deste domingo, com 90 questões, além da redação. São mais de 5 milhões de provas, distribuídas para 10.133 locais de aplicação, em 1.727 municípios brasileiros.

sábado, 2 de novembro de 2019

Finados em Xapuri teve chuva pela manhã

Foi grande o movimento de pessoas no cemitério São José nas primeiras horas deste dia de Finados. Às 8 horas da manhã, foi realizada a primeira das duas celebrações programadas para o dia. A segunda será um terço,  rezado por volta das 17 horas.
Depois das 11 horas da manhã, a tradicional chuva de Finados se fez presente e reduziu a movimentação no cemitério por todo o horário de almoço. O fluxo deve voltar a crescer depois das 14 horas.
Também em Xapuri o comércio informal aproveita a data para faturar. Vendedores de flores, velas, balas, água mineral e até da famosa raspadilha, xarope de frutas com raspas de gelo, dão plantão em frente ao cemitério mesmo com a chuva. 
Chico Mendes é o xapuriense mais ilustre sepultado no lugar. Ao lado do túmulo do líder seringueiro está outro personagem dos conflitos rurais da década de 1980, Ivair Higino, assassinado meses antes de Mendes em uma emboscada na BR-317.

Um destaque positivo deste dia de Finados foi o bom serviço de limpeza realizado no cemitério pela prefeirura.

Morte, tema tabu?

Frei Betto

2 de novembro é dia de finados, dos que findaram, os mortos. Será, no futuro, o dia de cada um de nós. Mas quem encara este destino inelutável?

Entre crianças de seis anos de idade convidadas a escrever cartas a Deus, uma delas propôs: “Deus, todo dia nasce muita gente e morre muita gente. O Senhor deveria proibir nascimentos e mortes, e permitir a quem já nasceu viver para sempre”.

Faz sentido. Evitar-se-iam a superpopulação do planeta e o sofrimento de morrer ou ver desaparecer entes queridos. Mas quem garante que, privados da certeza de finitude, essa raça de sobre-humanos não tornaria a nossa convivência uma experiência infernal? Simone de Beauvoir deu a resposta no romance “Todos os homens são mortais”.

É esse ideal de infinitude que fomenta a cultura da imortalidade disseminada pela promissora indústria do elixir da eterna juventude: cosméticos, academias de ginástica, livros de auto-ajuda, cuidados nutricionais, drágeas e produtos naturais que prometem saúde e longevidade. Nada disso é contra-indicado, exceto quando levado à obsessão, que produz anorexia, ou à atitude ridícula de velhos que se envergonham das próprias rugas e se fantasiam de adolescentes.

Conto sete amigos com câncer nos últimos dois anos. Dois, em estado terminal, me chamaram para conversar sobre a morte. Um deles observou: “Outrora, era tabu falar de sexo. Hoje, é falar de morte”. Concordei. A morte era vista como um fenômeno natural, coroamento inevitável da existência. Hoje, é sinônimo de fracasso, quase uma vergonha social.

A morte clandestinizou-se nessa sociedade que incensa a cultura do prolongamento indefinido da vida, da juventude perene, da glamourização da estética corporal. Nem sequer se tem mais o direito de ficar velho. Nós, que já temos acesso ao Estatuto do Idoso, somos tratados por eufemismos que visam a aplacar a “vergonha” da velhice: terceira idade, melhor idade ou, como li na lataria de uma van, “a turma da dign/idade”. A usar eufemismos, sugiro o mais realista: turma da eterna idade, já que estamos próximos a ela.

No tempo de meus avós morria-se em casa, cercado de parentes e amigos, no espaço doméstico impregnado de pessoas e objetos que constituíam a razão de ser da existência do enfermo. Hoje, morre-se no hospital, um lugar estranho, cercado por pessoas – médicos, enfermeiras, auxiliares – cujos nomes ignoramos. 

A agonia é suprimida pelos avanços da ciência – o coma induzido, a medicação que elimina a dor. Não há quase choro nem vela nem fita amarela. O rito de passagem – unção dos enfermos, luto, missa de 7º dia, proclamas – é quase imperceptível.

“Morrer é fechar os olhos para enxergar melhor”, disse José Martí por ocasião da morte de Marx. As religiões têm respostas às situações limites da condição humana, em especial a morte. Isso é um consolo e uma esperança para quem tem fé. Fora do âmbito religioso, entretanto, a morte é um acidente, não uma decorrência normal da condição humana.

Morre-se abundantemente em filmes e telenovelas, mas não há velório nem enterro. Os personagens são seres descartáveis como as vítimas inclementes do narcotráfico. Ou as figuras virtuais dos jogos eletrônicos que ensinam crianças a matar sem culpa.

A morte é, como frisou Sartre, a mais solitária experiência humana. É a quebra definitiva do ego. Na ótica da fé, o desdobramento do ego no seu contrário: o amor, o ágape, a comunhão com Deus.

A morte nos reduz ao verdadeiro eu, sem os adornos de condição social, nome de família, títulos, propriedades, importância ou conta bancária. É a ruptura de todos os vínculos que nos prendem ao acidental. Os místicos a encaram com tranqüilidade por exercitarem o desapego frente a todos os valores finitos. Cultivam, na subjetividade, valores infinitos. E fazem da vida dom de si – amor. Por isso Teresa de Ávila suspirava: “Morro por não morrer”.

Padre Vieira, cujo quarto centenário de nascimento se comemora este ano, advertia no sermão do 1º domingo do Advento, em 1650: “No nascimento, somos filhos de nossos pais; na ressurreição, seremos filhos de nossas obras”.

Frei Betto é frade dominicano e escritor. Autor de 51 livros, editados no Brasil e no exterior, nasceu em Belo Horizonte (MG). Estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia.