sexta-feira, 3 de julho de 2020

O imbecil coletivo e a velha política dando as cartas

Depois de um árduo esforço de muita gente, entre as quais pessoas a quem eu muito estimo, com o fim de me persuadir de que por trás de tanta coisa que se passou de estranha na vida brasileira nos últimos anos estaria o brotar de um novo momento, me convenço de que estava certo em resistir.

No entanto, não carrego comigo nenhum tipo de orgulho. No fundo do coração, meu desejo era, apesar do ceticismo, o de estar errado. De ter que dar o braço a torcer, entregar os pontos. Mas não foi assim, infelizmente, para mim, que nunca acreditei, e nem para aqueles que confiaram piamente no improvável.

Este, certamente, é o ano mais conturbado de que tenho lembrança na minha experiência de mundo. Uma pandemia que torna inseguro o presente e incerto o futuro, agravada pela loucura igualmente epidêmica que assola o país de norte a sul à medida em que mais e mais cadáveres são sepultados sem qualquer cerimônia.

Em Brasília, o centrão dando as cartas no governo do país já é informação mais do suficiente para entendermos que o fundo do poço não está longe. O comando do país foi tomado de uma mediocridade bem ao estilo O Imbecil Coletivo II: a longa marcha da vaca para o brejo, de autoria do ex-guru do Bozoloide, o filósofo Olavo de Carvalho.

No Acre, a recente rasteira aplicada pela direção nacional do PSL no então pré-candidato do partido à prefeitura de Rio Branco, o pecuarista Fernando Zamora, mostra que a correnteza do fisiologismo é muito difícil de ser vencida. Como ele mesmo disse, a velha política ganhou mais uma batalha, e assim seguiremos.

Aqui, na terra da Revolução Acreana e de Chico Mendes, a política da conveniência, seja nos discursos, seja nas ações práticas, segue dando as cartas tal qual o centrão na capital do poder, e o que também não é nenhuma novidade, com o aval, disfarçado de omissão, da atual estrutura de governo.

Sendo mais claro, refiro-me à interferência política na administração pública, perseguição a servidores que não se alinham com ações que não são relacionadas a políticas de governo, mas de cunho estritamente pessoal e eleitoreiro, demissão orientada de servidores temporários que “não somam politicamente”, entre outras vigarices que se tornaram contumazes.

Resta saber até onde esse caminho nos levará. Se temos algo de realmente novo a vislumbrar, sem nos prendermos a velhas amarras de um passado não tão distante; se há, mesmo, uma estrada nova a ser seguida; ou se não existe nada pronto e a construção tenha que ser erguida desde o primeiro tijolo.

Que sigamos, se assim tiver que ser, mas desde que a argamassa de um novo Brasil, de um novo Acre, seja feita de alguns princípios e valores que há muito tempo foram esquecidos. O que não creio é que a grande maioria dos que estão aboletados na atual estrutura de poder possa servir de pedreiros.

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