sexta-feira, 31 de julho de 2020

Puro sangue?

A inauguração do Diretório Municipal do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em Xapuri, ocorrida nesta sexta-feira, 31, com a presença do senador Marcio Bittar e do deputado estadual Roberto Duarte, trouxe uma mensagem direta para a conjuntura pré-eleitoral no município.

Com a presença de dois nomes de peso no cenário político atual, o evento reitera que o partido não pretende abrir mão de disputar a prefeitura hoje administrada pelo PT. A agremiação continua conversando com as demais siglas da oposição, mas diz não descartar a possibilidade de sair até mesmo com uma chapa “puro sangue”.

“A vinda dos parlamentares garante que a candidatura do MDB no município é uma decisão tomada pela executiva estadual e municipal do partido”, afirmou o pré-candidato Carlos Venícius, ao anunciar a inauguração do diretório.

Márcio Bittar e Roberto Duarte vieram a Xapuri para refutar os boatos de que o MDB estaria inclinado a abdicar da intenção de encabeçar uma chapa única dos partidos de oposição para enfrentar o atual prefeito Ubiracy Vasconcelos, que vai tentar a reeleição.

Para quem acreditou que Carlos Venícius já teria se conformado em ser candidato a vice-prefeito numa chapa encabeçada pela esposa do deputado estadual Antônio Pedro, a servidora do Tribunal de Justiça Carla Mendonça (PP), a inauguração desta sexta-feira foi uma clara afirmação no sentido contrário.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Ocupação de leitos Covid-19 aumenta no Alto Acre

Caminhando para atingir os 2 mil casos positivos do novo coronavírus, os municípios da regional do Alto Acre tiveram aumento no índice de ocupação dos leitos disponíveis para atendimento à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas 48 horas que antecederam o último Boletim da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

As unidades de saúde com leitos clínicos disponíveis na regional para esse tipo de atendimento são, de acordo com a Sesacre, o hospital de referência Raimundo Chaar, em Brasiléia, a Unidade Mista de Assis Brasil e o hospital Epaminondas Jácome, de Xapuri, esses últimos com leitos de suporte para o atendimento de SRAG.

Os Hospitais de Referência são os que possuem maior complexidade de atendimento, com oferta de leitos de terapia intensiva, cuidados semi-intensivos e outras tecnologias que garantam a assistência aos pacientes acometidos pela Covid-19.

Já os Hospitais com Leitos de Suporte são os dotados de leitos reservados aos cuidados transitórios aos pacientes com Síndrome Respiratória. No entanto, quando existe a necessidade de permanência hospitalar, o paciente é transferido para a Unidade de Referência da Regional de Saúde.

Na última segunda-feira, 28, apenas 2 leitos estavam ocupados nas unidades de atendimento da regional, o que representava 10,2% de ocupação. Nesta quarta-feira, 29, esses números subiram para 7 leitos ocupados, dos quais 6 por pacientes testados positivamente para covid-19, o que corresponde a 36,8% dos leitos clínicos.

Até esta quarta-feira, os quatro municípios da regional do Alto Acre acumularam 1.818 casos do novo coronavírus – Brasiléia (763), Xapuri (407), Epitaciolândia (337) e Assis Brasil (311). Assis Brasil e Brasiléia, inclusive, estão entre os 5 municípios com maior incidência de covid-19 no estado.

Os dados referentes a ocupação de leitos são do Boletim de Assistência à Saúde da Sesacre.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Covid-19 em Alta

A Secretaria Municipal de Saúde de Xapuri (Semusa) anunciou na noite desta terça-feira, 28, que vai tomar medidas mais rígidas contra a disseminação do novo coronavírus no município. No entanto, não foram explicadas quais as ações que serão efetivamente adotadas.

A informação foi dada em pronunciamento feito em vídeo publicado na página da prefeitura no Facebook pelo titular da pasta municipal da Saúde, Wagner Soares Menezes, ao atualizar o Boletim Municipal da Covid-19 com o acréscimo de 18 novos casos positivos depois de 10 registros ocorridos no dia anterior.

“Nós temos uma observação a fazer para a população. Muitas pessoas já não estão mais tendo os cuidados devidos que foram tidos dias atrás, nós estamos observando isso. Muitas pessoas estão saindo nas ruas sem máscara, o que é proibido, então a secretaria vai fazer uma atuação mais dura”, disse.

Com os novos diagnósticos, Xapuri chegou a 421 casos confirmados de covid-19, com 17 exames em análise, 407 pessoas sob monitoramento, 292 altas médicas, 2 internações e 5 óbitos registrados desde o dia 27 de abril, marco inicial da pandemia no município.

O blog apurou que uma das prováveis ações da Semusa diante da instabilidade da curva de contágios é a de pôr em prática uma medida que, por enquanto, está apenas no decreto: a aplicação de multas contra pessoas que insistem em desrespeitar as normas estabelecidas pela saúde municipal.

Curva de contágios

A respeito da oscilação de casos que vem ocorrendo em Xapuri desde a metade do mês de junho, o enfermeiro Francisco Andrade, coordenador da equipe de enfrentamento à pandemia no município, disse que uma das razões é a quantidade de testes que vem sendo realizada até agora.

“Estamos testando muito, ainda não enfrentamos a falta de testes. Já fizemos mais de 900 testes e dificilmente alguém sai da unidade sem ser testado. Até alertei a Secretaria sobre pessoas de outras cidades buscando atendimento aqui, alegando facilidade”, explicou.

Atendimento na zona rural

O funcionamento de duas unidades de saúde na zona rural de Xapuri, localizadas no Assentamento Tupá e no seringal Cachoeira, é uma esperança de que a demanda sobre a unidade de referência Félix Bestene Neto seja desafogada. Contudo, a Secretaria de Saúde ainda não confirmou se essas equipes farão atendimento para covid-19.

Para o fortalecimento dessas unidades do interior, a prefeitura convocou recentemente 3 enfermeiras e 3 técnicas em enfermagem. As profissionais foram aprovadas em concurso público realizado em 2018, destinado a selecionar candidatos para assumir vagas efetivas na área de saúde do município.

Outros 6 profissionais foram aprovados em processo simplificado na área de apoio – 3 agentes de portaria e 3 auxiliares de serviços gerais. Para a área médica, o município abriu vagas para três clínicos gerais, mas o primeiro prazo de inscrições venceu sem que surgisse candidatos interessados. O certame foi prorrogado.

Até a última atualização do Boletim Municipal, 26 localidades rurais de Xapuri tinham casos registrados de coronavírus, com um total de 77 pessoas infectadas. Dos 18 casos confirmados nesta terça-feira, 3 são trabalhadores rurais.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Parte da história de Xapuri

A imagem mostra uma equipe do Corpo de Bombeiros de Xapuri desgalhando uma das antigas mangueiras da rua Cel. Brandão para ser cortada em toras. 

Acometidas por envenenamentos na calada da noite ou pela própria ação do tempo, várias dessas árvores históricas já não fazem mais parte da paisagem das principais ruas da cidade. 

Estão, aos poucos desaparecendo. Junto com elas está indo embora parte da história e da cultura de Xapuri. Descrevo um pouco dessa história em matéria feita para o jornal ac24horas

segunda-feira, 27 de julho de 2020

O Acre não merece Bruno

Nada impede, obviamente, que o glorioso Rio Branco Futebol Clube contrate o goleiro Bruno, assim como nada pode evitar que aqueles que têm a menor porção de respeito pela vida sigam reservando ao criminoso a ojeriza pelo delito repugnante que cometeu. O estigma que o assassino carregará pelo resto da sua existência faz parte de seu castigo. Disso, a brandura da lei brasileira não o libertará.

O coro entoado nas redes sociais acreanas em defesa do feminicida me deixa incrédulo. Ele não é digno de apoio popular, não faz jus ao mantra de que todo mundo tem direito a uma segunda chance, pois ele a está tendo sim, mas não poderá dela usufruir sem que tenha de conviver com o clamor pela justiça que para muitos ainda não foi feita.

Muito menos a sua condição se assenta na célebre frase de Jesus Cristo quando disse: “quem nunca errou que atire a primeira pedra”. O crime de Bruno não foi um mero erro, um desvio de conduta, mas uma atrocidade sem tamanho. Bruno não cometeu um crime qualquer, mas matou impiedosamente uma mulher para fugir de uma responsabilidade e jogou o corpo aos cães.

O crime cometido pelo então goleiro do Flamengo foi a consumação, com extremo requinte de maldade, de uma das mais cabais demonstrações de menosprezo pela vida de um semelhante que um ser humano poderia dar. O fato de a perversidade ter sido cometida contra uma mulher indefesa e mãe de uma criança dá intensidade ao sentimento de impunidade que permanece vivo.

Quanto ao Rio Branco, repito: nada o impede dessa nefasta contratação; mas como uma das maiores e mais tradicionais instituições do esporte acreano, o clube se apequena diante da inegável demonstração de indiferença com a causa do combate à violência contra a mulher em um estado que é campeão nesse tipo de mazela social.

O Acre já tem problemas demais; não merece Bruno.

Quem são os nossos ídolos?

Maria Meirelles

O Rio Branco Futebol Clube anunciou, com pompas e celebrações, a contratação do goleiro Bruno Fernandes, assassino condenado de Eliza Samúdio. A modelo foi assassinada, esquartejada e, segundo investigações, teve seus restos mortais servidos aos cães, como alimento. O caso, à época, chocou o país.

Condenado a mais de 20 anos de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samúdio, em julho de 2019, Bruno recebeu autorização judicial para ir ao regime semiaberto e deixou a cadeia.

Bruno ainda não cumpriu a pena. É um feminicida que zomba do crime cometido. Recentemente, fez propaganda de um canil e, agora, é anunciado como ídolo no estado que lidera o ranking de homicídios e feminicídios de mulheres, o Acre.

Sou a favor de um sistema educacional que trate e ressocialize homens autores de violência, a exemplo do Programa Ser Homem, desenvolvido no governo de Tião Viana. A iniciativa oferecia aos homens, que foram ou estavam sendo acusados da prática de violência doméstica, acompanhamento psicológico e social.

O machismo e a violência contra as mulheres têm raízes profundas em nossa cultura, o processo educacional é fundamental para a mudança de paradigma.

Bruno deve e pode ser ressocializado, como diz a legislação. Mas, é inadmissível que seja tratado como ídolo do esporte e ocupe um lugar de destaque, influenciando jovens e gerações. A contratação dele é no mínimo desrespeitosa com as mulheres do Acre.

A opressão enfrentada pelas mulheres, no Brasil, é tamanha que temos que engolir um presidente que exalta torturador/estuprador [me refiro ao amor de Bolsonaro por Ustra], uma sociedade que nos culpa pela violência sofrida e um time que idolatra feminicida.

Maria Meirelles é jornalista e feminista.

domingo, 26 de julho de 2020

Fim do calvário

O empresário Manoel de Jesus Leite Silva vai, enfim, poder descansar. Seu corpo desceu à sepultura nas primeiras horas da manhã deste domingo, 26, no cemitério Morada da Paz, em Rio Branco, depois de uma verdadeira maratona desde o seu falecimento, na última quarta-feira, 22, em São Paulo, até a chegada ao Acre na noite deste sábado, 25.

No meio tempo entre a saída da capital paulista e a chegada a Rio Branco ocorreram idas e vindas em torno do polêmico translado, proibido por norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por ser a morte decorrente de covid-19, uma doença infectocontagiosa. 

Inicialmente alertada da ilegalidade da medida e da possibilidade de responsabilização criminal, em questão de horas a família do empresário conseguiu a autorização da Vigilância Sanitária para trazer o corpo até Xapuri, com base na documentação que comprovaria a ausência de risco de contaminação, e novamente foi impedida de fazer o sepultamento onde o empresário pediu, caso morresse.

Ao entrar no Acre, o corpo chegou a ficar retido por algumas horas no Posto Fiscal Tucandeira. A ordem da Saúde Acreana era para que o sepultamento ocorresse o mais próximo dali possível. Depois de negociações, a família conseguiu confirmar o sepultamento para a manhã deste domingo no cemitério Morada da Paz.

A cerimônia foi rápida e reuniu apenas os familiares mais próximos, conforme preconiza o protocolo do Ministério da Saúde para os enterros durante a pandemia. Por meio de seu representante legal, a família informou que não daria mais declarações à imprensa a respeito do assunto, deixando claro o enorme desgaste com a repercussão que foi gerada em torno do caso e que o único desejo era o de, enfim, sepultar o familiar.

Que o Manoel Leite descanse em paz. 

sábado, 25 de julho de 2020

Corpo de empresário não será mais sepultado em Xapuri

Segue rendendo polêmica o translado de São Paulo para o Acre do corpo do empresário Manoel Leite, cunhado do deputado Manoel Moraes e irmão da vice-prefeita de Xapuri, Maria Auxiliadora. Depois de dar o aval para o sepultamento em Xapuri, como é o desejo da família, o Departamento Estadual de Vigilância Sanitária voltou atrás e determinou que o enterro seja realizado em Rio Branco.

Vigilância Sanitária volta atrás e corpo de empresário não será mais sepultado em Xapuri

A nova informação chegou no momento em que o veículo da empresa funerária contratada para fazer o transporte do corpo se aproximava de Rio Branco. O chefe do Núcleo de Serviços em Saúde, Advagner Prado, confirmou a informação de que o corpo do empresário não poderá mais ser trazido para Xapuri, mas não informou quais foram as razões que motivaram a mudança de posicionamento. 

Assim, de acordo com a família, o sepultamento do empresário ocorrerá em Rio Branco, às 8 horas da manhã deste domingo, 26, no cemitério Morada da Paz, localizado na Estrada do Calafate. O advogado Maxsuel Maia informou que a família está desgastada com o fato de ter que lidar, além da perda do ente querido, com a repercussão que o caso ganhou e não deseja mais dar declarações sobre o assunto.

Outras informações a qualquer momento.

Manoel Leite: família faz esclarecimentos sobre translado

A morte do empresário Manoel de Jesus Leite Silva, 45 anos, vitimado por complicações decorrentes da infecção pelo novo coronavírus, suscitou uma polêmica até então inédita no Acre, no âmbito da pandemia de covid-19. Tendo o óbito ocorrido no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, a família decidiu de maneira imediata providenciar o translado do corpo para o estado, apesar dessa medida, a princípio, não ser permitida por uma resolução da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 

A proibição do translado de corpos, no caso de mortes causadas por doença infectocontagiosa, é respaldada no parágrafo 10 da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 33/2011, editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vedação da RDC se dá para o traslado aéreo, marítimo ou terrestre. Em razão disso, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), por meio da Vigilância Sanitária Estadual, divulgou nota alertando que o procedimento é ilegal e sujeito a processo criminal.

A notícia do translado do corpo do empresário também resultou em manifestações de insatisfação, via redes sociais, de pessoas que relatam a dor de haverem perdido familiares e não terem tido a autorização para sepultá-los nas cidades de origem. Fatores como a condição econômica do empresário falecido e o seu parentesco com o deputado Manoel Moraes (cunhado) e com a vice-prefeita de Xapuri, Maria Auxiliadora Silva de Sales (irmã), foram citados como razão para um suposto privilégio.

Diante de todos esses fatos, a família, por meio de seu representante legal, o advogado Maxsuel Maia, encaminhou a este blogueiro uma nota de esclarecimento a respeito das razões e circunstâncias que motivaram a decisão de trazer o corpo de Manoel Leite para ser sepultado em Xapuri. Primeiro, os familiares 
sustentaram, com base em um exame de Detecção Qualitativa de Coronavírus, realizado pelo laboratório Delboni Auriemo, de Barueri (SP), que teve resultado negativo, não existir mais risco de contaminação pelo corpo.

O exame demonstra que, apesar de ter morrido por complicações causadas pela infecção por coronavírus, no momento do óbito, ocorrido mais de 60 dias depois da contaminação, o vírus não era mais reagente no organismo do empresário. O documento foi fundamental para que a autorização de saída do corpo de São Paulo fosse obtida. O advogado informou que a mesma documentação foi apresentada ao Departamento de Vigilância Sanitária do Acre nesta sexta-feira, 24.

A nota diz também que, apesar da convicção a respeito da condição demonstrada no parágrafo anterior, a família teve a preocupação e a responsabilidade de contratar uma empresa funerária especializada nesse tipo no traslado de corpos de pessoas que morreram vítima de doenças infectocontagiosas, obedecendo rigorosamente a todas as normas da Anvisa no que tange à preparação dos restos mortais, isolamento e vedação de urnas.

A família de Manoel Leite diz ainda que em nenhum momento anunciou velório público ou qualquer outro ato que possa gerar aglomerações, garantindo que o único intuito dos familiares é garantir que o sepultamento ocorra em terras acreanas, atendendo a um pedido que ele fez, quando teve uma melhora em seu quadro, em São Paulo, para que, caso ocorresse o pior, seu corpo fosse enterrado em Xapuri, ao lado de seu pai, o senhor João Bento Silva, falecido em 2015.

O advogado Maxsuel Maia afirmou ao blog que a relação feita por algumas pessoas entre a decisão de se transladar o corpo para o Acre e a questão ligada à situação econômica de Manoel Leite e a influência política do deputado Manoel Moraes não é aceita pela família, apesar de o posicionamento tomado quanto a isso é o de compreensão e respeito com a situação de outras famílias que não conseguiram sepultar os seus entes queridos no local de residência.

“Nós jamais cometeríamos a loucura, a irresponsabilidade e a ilegalidade de se valer de fins financeiros do empresário Manoel Leite ou de aspectos políticos do deputado Manoel Moraes para trazer o corpo se não estivéssemos devidamente convencidos da ausência de riscos e da inexistência de ilegalidade. E para finalizar de verdade, a gente espera que essa história tenha um fim de uma vez por todas e que o Manoel Leite possa descansar em paz”, afirmou Maxsuel Maia.

O corpo do empresário está sendo trazido para o Acre por via terrestre com previsão de chegada para a madrugada do próximo domingo, 26. A programação da família é para que o sepultamento ocorra momentos depois de realizadas as despedidas dos familiares. Natural de Tarauacá, Manoel de Jesus Leite Silva veio para Xapuri junto com a irmã e o cunhado no início dos anos 1990. Ele deixou a esposa, Divinéia, com três filhos, entre os quais uma menina de pouco mais de um mês.


Atualização - Na manhã deste sábado, 25, o chefe do Núcleo de Serviços em Saúde, do Departamento de Vigilância Sanitária da Sesacre, Advagner Prado, informou que diante do exame apresentado e da garantia de que a documentação da empresa funerária que faz o translado do corpo está regular, demonstrando que não há risco de uma provável disseminação da doença, o sepultamento poderá ser realizado em Xapuri como deseja a família.

“Foi apresentado para nós o resultado do exame negativando o senhor que foi a óbito, mas foi informado ao advogado que alguns procedimentos seriam adotados. Caso esteja tudo conforme preconiza a legislação vigente e atendendo aos protocolos sanitários de distanciamento e evitar aglomerações não haverá empecilhos para que a família possa fazer os procedimentos funerários em Xapuri”, explicou.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Mais respeito pelo médico

Murilo Batista

Nas últimas semanas intensificaram-se ataques injustos e descabidos à categoria médica, ofensas generalizadas e acusações que não se verificam como reais, por isso acredito ser justo debater o assunto que vem incomodando a mim e aos colegas. A impressão repassada é de ódio contra a classe, não importando o trabalho realizado com dedicação, principalmente nesse período de pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19), em que boa parte da categoria está atuando e correndo risco de contaminação e morte.

Mesmo com risco de comprometer a própria saúde para continuar atendendo as pessoas que mais precisam, o médico continua sendo alvo de ofensas, como vistas nas redes sociais e em outros meios, palavras que trazem apenas a discórdia e a ameaça para as vidas daqueles que buscam curar, independentemente da burocracia governamental e da falta de estrutura.

Existe ainda um desrespeito pelo ato médico, opinião técnica descrita nos prontuários e em rotinas adotadas em hospitais que são exclusivamente pautadas pelo profissional formado em medicina, e que vem sendo questionada de forma oportunista por pessoas de outras áreas, pessoas com nível superior que deveriam entender e respeitar.

Para rebater ataques, o nosso Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) vem trabalhando diuturnamente, acolhendo a reclamação do profissional e dando apoio aos filiados, acionando a banca de advogados e buscando mostrar que o médico não é o culpado pelos males vividos pelos pacientes.

Faço um recorte da realidade: profissional que sai de casa para um plantão de, no mínimo, 12 horas. Jornada inclui sábado, domingo e feriados, não importando o dia santo ou a data festiva. Mesmo com os problemas causados pelo sistema, o médico está atuando, lutando contra o câncer, contra uma parada cardiorrespiratória e até contra a Covid-19, que vem ceifando vidas de forma surpreendente.

Existem problemas? Sim, sempre, pois o profissional, que por lei tem direito ao intervalo de descanso, muitas vezes, precisa fazer uma jornada sem se alimentar ou sem ir ao banheiro, mesmo sendo um ser humano, uma pessoa, que precisa estar bem para tratar de outras pessoas. Existem vários casos de médicos morrendo durante o próprio plantão, ou atendendo um paciente, enquanto ele mesmo recebe medicação via intravenosa ou um soro.

É importante informar que o paciente ou os acompanhantes chegam à unidade com os ânimos já alterados. Claro, o medo de ter algum problema de saúde que resulte em morte causa alterações de humor, falas mais ríspidas e exaltadas, mas o paciente não é denunciado nas redes sociais ou em jornais por isso, nem tão pouco é negado atendimento. Ele é recebido, medicado e examinado, como prevê o treinamento e o juramento.

É preciso ter respeito pelo profissional e confiar que ele realizará o seu melhor. Não é correto tentar interferir na ação do médico. Outro médico, por dever ético, sabe que não deve interferir na atuação do colega, Outros profissionais também precisam respeitar, pois apenas o paciente pode permitir acesso ao seu prontuário, e o tratamento é discutido entre o paciente e o médico, assim, um terceiro só pode intervir se possuir autorização expressa da parte interessada. Mais respeito ao médico!

Murilo Batista é presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC).

Praia e Covid-19

O semblante carregado do prefeito Ubiracy Vasconcelos no vídeo em que anunciou o acréscimo de mais duas dezenas de casos positivos do novo coronavírus em Xapuri demonstra o cansaço de quem há quase 90 dias luta contra o vírus e a teimosa incompreensão de muitos dos seus munícipes. 

Numa clara demonstração de que não existirá estabilidade da situação e muito menos trégua da doença que não seja por meio da conscientização das pessoas e respeito pelas medidas de isolamento social, os números sempre estão voltando a subir depois de uma aparente inclinação da curva de contágios.

Há algumas semanas, uma manchete de jornal sentenciou que as igrejas e academias de ginástica, recém-abertas por decisão da prefeitura, eram as responsáveis pela elevação no número de novas infecções por covid-19. A repercussão provocou o Ministério Público, que recomendou que a gestão municipal retrocedesse da medida. Assim foi feito. Uma semana depois disso, vem a confirmação do que já estava comprovado: os espaços de orações e exercícios físicos foram condenados em vão.

O aumento dos casos no município se dá em função da irresponsabilidade e do desrespeito de alguns para com a vida dos semelhantes, assim como com a própria. Os 21 casos confirmados nesta quinta-feira, 23, coincidência ou não, ocorrem quase uma semana depois de a praia da cidade ficar lotada e mais uma vez os famosos piseiros e bundalelês pipocarem em vários lugares. Em outra situação, uma aglomeração teve data e hora marcadas em propaganda volante pelas ruas da cidade e ficou por isso mesmo.

Pode parecer que não, mas essas "inocentes" transgressões das normas impostas para o bem de todos se somam e se assemelham com tantas outras que terminam contribuindo com a perda das 84 mil vidas que o Brasil confirmou hoje. É uma inaceitável despreocupação com o futuro, em nome de um imediatismo esdrúxulo e inconsequente. Praias e festas continuarão, assim como o vírus também seguirá, mesmo que não se saiba até quando. Já quanto a nós, não temos essa garantia. Isso só o tempo dirá.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Cooperativa Mãos de Mulher é tema de documentário de diretor acreano

Gravado em Xapuri, o curta metragem "Cooperativa Mãos de Mulher - Xapuri", documentário do diretor acreano, Elenckey Pimentel, vai estrear no próximo dia 31 de julho, às 19 horas, no canal da Associação de Cinema do Acre (Asacine), no link: https://www.youtube.com/watch?v=tqZ9E1G78dc.

O filme retrata o cotidiano de mulheres empreendedoras da cidade que tiveram sua trajetória de vida fortalecida a partir do engajamento em uma cooperativa de artesanato regional. De acordo com o diretor, sua busca foi evidenciar a força que há nas ações da cooperativa e nas transformações de cada mulher ligada a ela.

"O filme mostra a criatividade, o vigor, a perseverança e tantos outros bons adjetivos com que as cooperadas levam seu trabalho adiante. Um ideal de vida inspirador de protagonistas de suas próprias histórias", detalha.

Nascida em 2006, a cooperativa Mãos de Mulher trabalha com artesanato em costura, colagens, crochê, esculturas e cosméticos naturais, produtos enviados para todo o Brasil.

Diretor acreano

Xapuriense, Elenckey Barbosa Pimentel é professor de idiomas, tradutor e intérprete em inglês, francês, espanhol, italiano e catalão básico. Trabalhou no Acre, no Rio de Janeiro, em Bolonha (Itália) e em Xangai (China).

Se tornou mestre em Linguística pela Universidade de Bolonha, Alma Mater Studiorum, por meio de bolsa de estudos dada pelo Ministério das Relações Exteriores italiano a alunos estrangeiros com base em seus currículos.

Pimentel foi um dos vencedores no I Prêmio Garibaldi Brasil de Literatura Acreana, com dois textos publicados a partir deste concurso.

Frequentou curso de roteirista de cinema, na escola de escritura do jornalista italiano Carlo Lucarelli, Bottega Finzioni, onde conquistou a bolsa de estudos 2015, oferecida pela escola, em Bolonha – Itália.

Já morou no Rio de Janeiro, onde atuou em peças de teatro e escreveu outras, entre elas, O $€GURO, encenada no teatro Dercy Gonçalves. De volta ao Acre, dirigiu dois musicais no madrigal do SESC, em Rio Branco.

Atualmente, trabalha na tradução da peça teatral de sua autoria (português-inglês), também em roteiro de cinema em português, baseado na peça e ainda, no documentário de curta-metragem "Cooperativa Mãos de Mulher – Xapuri".

Vitória da vida

No dia em que o Brasil mais uma vez quebrou o triste recorde de mortes diárias, Xapuri celebrou uma grande vitória sobre a doença que vem causando perdas de vidas, dor e tristeza em todo o mundo. Aos 101 anos, o senhor João Honório Matias recebeu nesta quarta-feira, 22, a alta médica depois de se tornar um dos pacientes da covid-19.

Uma vitória da vida não apenas contra a nova patologia, da qual ainda pouco se conhece, mas contra tudo o que ela malvadamente vem arrastando na sua esteira. Preconceitos e juízos absurdos de que apenas idosos e portadores de comorbidades seriam vítimas fatais da doença, como se o fato de a morbidade realmente ser mais perversa com esses fosse razão para se minimizar o caos.

A recuperação do senhor João Honório, assim como a morte de tantos jovens, entre os quais muitos aparentemente saudáveis, é razão indiscutível para se aceitar que de nada sabemos e para se rebater com energia as teorias negacionistas e charlatanices propagadas pelo próprio presidente da República e seus seguidores, que empurram o país cada vez mais para o abismo da desgraça.


A história do senhor João Honório está em matéria deste blogueiro no jornal ac24horas.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Sem memória e sem história

É da historiadora Emília Viotti da Costa um trecho de frase que diz: “Um povo sem memória é um povo sem história".

Entristece ver o abandono de um patrimônio importante da história e da cultura de Xapuri. O velho casarão onde viveu o professor Joffre Alves Koury e família.

Já escrevi sobre o assunto aqui neste blog, na postagem Patrimônio abandonado.

Já houve interesse do Departamento de  Patrimônio Histórico do Acre em restaurar e tombar a velha casa, mas as negociações com os representantes do espólio de Joffre Koury não prosperaram, o que é uma pena tanto para história de Xapuri como para a própria família do professor de língua inglesa que chegou a ser prefeito da cidade e um dos nossos mais importantes educadores.

Localizada à margem direita do Rio Acre, onde hoje é feita a travessia por balsa entre os dois lados da cidade, a antiga casa foi sede da fazenda Monte Líbano, cujas terras há muitos anos foram sendo loteadas e vendidas pelos herdeiros da família Koury, resultando na formação da parte mais recente do espaço urbano do município.

Encerro o post com o restante da frase de Maria Viotti da Costa: "E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”.

Unanimidades e discordâncias

João Batista Herkenhoff

Quem escreve em jornais, ou edita livros, está sujeito a receber palavras de aprovação e de reprovação. Quando o email é registrado nos textos publicados, fica implícito que o autor se dispõe a acolher opiniões. Não fosse essa pré-disposição, omitiria o endereço eletrônico onde quer que os escritos apareçam. De minha parte, quando os temas que abordo são polêmicos, pululam opiniões contraditórias. Habitualmente respondo as abordagens com boa vontade e prazer. Por diversas vezes aprimorei trabalhos a partir de críticas recebidas.

Quando o assunto por sua natureza comporta divergências, as contestações me tranquilizam e me dão a segurança de que estou sendo lido por pessoas que pensam.

O iconoclasta Nelson Rodrigues disse, com acerto, que toda unanimidade é burra. De fato, a unanimidade é sempre preocupante. Mas faço uma ressalva. Há unanimidades que, se conquistadas num clima de liberdade, debate e contestação, representam avanço ético.

A mim o que incomoda é a unanimidade sem aprofundamento, a unanimidade que se contenta com uma análise parcial dos fatos e despreza o desdobramento que os fatos podem ter. O que me repugna é a unanimidade obtida através do silenciamento das consciências e da pretendida cassação da inteligência, é a unanimidade que a voz única, proferida de Norte a Sul, de Leste a Oeste, pode alcançar.

Causa-me mal estar a acusação sem defesa, o monopólio da fala por uma corrente de opinião, o decreto da verdade.

A desconfiança é uma virtude. Quando todos falam exatamente a mesma coisa é prudente desconfiar, ir fundo, descobrir arestas.

É lamentável quando alguns fatos são enclausurados numa manchete, numa frase sonora, numa palavra de ordem unida (virar à direita, virar à esquerda, descansar armas). Perde-se a oportunidade de um avanço na visão crítica do povo.

Que sabedoria a Ciência Jurídica transmitiu à Civilização quando estabeleceu o princípio do contraditório como um dos fundamentos do Direito. Nenhum réu pode ser julgado sem defesa e a defesa deve ser ampla, geral e irrestrita.

O princípio do contraditório não prevalece apenas no processo judicial. Ele deve ser acolhido e praticado no debate político, religioso, ideológico e das questões sociais.

Quando todos apontam o dedo de condenação contra alguém que foi escolhido como Inimigo Público Número Um, não nos deixemos enganar pela manobra. Procuremos encontrar, onde for possível, a opinião divergente, o voto favorável ao indigitado Inimigo Público. Ainda que, no final, nos convençamos de que a maioria está certa, nossa adesão à opinião majoritária terá sido fruto do pensamento livre e não da imposição dos que querem fazer de nós cordeiros obedientes.

João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado (ES) e escritor. Email: jbpherkenhoff@gmail.com.

Reforço contra a pandemia

Com o objetivo de efetivar o funcionamento de duas unidades de saúde da zona rural, localizadas no Assentamento Tupá e no seringal Cachoeira, além de dar suporte à Unidade de Referência no Tratamento da Covid-19 no município, a prefeitura de Xapuri publicou nesta quarta-feira, 22, no Diário Oficial do Estado (DOE) a convocação de mais 3 enfermeiras e 3 técnicas em enfermagem.

As profissionais foram aprovadas em concurso público efetivo realizado em 2018, destinado a selecionar candidatos para assumir vagas efetivas na área de saúde do município. Os candidatos devem observar as exigências contidas no edital e apresentar os documentos e exames médicos necessários. O prazo de entrega é de 5 dias, contados a partir da data de publicação da convocação.

As enfermeiras convocadas:

· Vanderlina da Silva Farias Ferraz

· Polyanna Rodrigues da Silva

· Larissa da Silva Vasconcelos

As técnicas de enfermagem convocadas:

· Rozineide Padilha da Silva

· Nelcilene Nogueira do Nascimento

· Daniele Souza da Silva

O município ainda vai proceder este ano a contratação de novos profissionais para reforçar a área da saúde. Por meio de Processo Seletivo Simplificado que está em andamento, serão admitidos mais 3 médicos, 3 agentes de portaria e 3 auxiliares de serviços gerais para concluir a formação de mais duas 2 novas equipes de saúde, que irão atuar no combate à pandemia do novo coronavírus.

Com informações do jornal ac24horas.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Frágil democracia

Ricardo Viveiros

Quem assistiu a "Ópera dos Três Vinténs", de Bertold Brecht e Kurt Weill, pode traçar um paralelo da "República de Weimar", na Alemanha dos anos 1920, com a atual democracia brasileira. Ambas frágeis e dominadas por grupos rebeldes. Na Alemanha havia os monarquistas, os nacionalistas, os comunistas, os democratas e os oportunistas de plantão que, aproveitando a efervescência causada pelos demais, corrompiam o país que contrastava a miséria de muitos com a riqueza de poucos.

No Brasil temos, há décadas, uma sociedade que se frustra eleições após eleições. Nada pior que desesperança para dar espaço aos radicais, de qualquer ideologia, como também aos oportunistas. Desde a República, faz 130 anos, ironicamente o que menos tivemos foram governantes republicanos. Decepções com "salvadores da Pátria" foram sucessivas: Getúlio; Jânio; Collor; Lula.

Quanta esperança frustrada. Reformas sempre prometidas foram sempre postergadas. Quantas justas expectativas jamais aconteceram de modo pleno. O que tivemos? Corrupção, desmando, fisiologismo, insegurança política e social. Muitos problemas que impediram o desenvolvimento.

Jair Bolsonaro foi a mais recente esperança para gerações de brasileiros que desconhecem a plena democracia. Porque quando faltam direitos básicos, mesmo com liberdade, inexiste legítimo estado democrático. Impedir corrupção, embora relevante, não é o único dever do presidente, mesmo que seus antecessores não o tenham cumprido. E demais compromissos? Cultura, por exemplo, ainda não mereceu deste governo o cuidado que exige como garantia de liberdade e progresso.

O novo "salvador da Pátria" usa slogans semelhantes aos do Nazismo: Deutschland über alles, ("Alemanha acima de tudo"). Ou ainda, como disse Adolf Hitler no livro Minha Luta: "O que a maioria quer é a vitória dos mais fortes e o aniquilamento ou a captação incondicional dos mais fracos", que Bolsonaro repete: "Vamos fazer o Brasil para as maiorias; as minorias têm que se curvar às maiorias. As leis devem existir para defender as maiorias; as minorias se adequam ou simplesmente desaparecem…".

Não podemos deixar o Brasil cair no obscuro radicalismo, seja de qual ideologia for. O presidente parece buscar saída honrosa para se livrar de um desafio para o qual descobriu não estar preparado. Faz oposição a si mesmo, busca ser vítima de impeachment para deixar o poder como "herói". Quem sabe tenha plano para ser o "Jânio que deu certo"? Sair para voltar nos braços do povo, realizar o sonho de ser "dono" do País. Governar sem os demais poderes que não respeita, pois apoia manifestações contra eles ao arrepio da Constituição.

No Brasil, as consequências da Covid-19 somam-se às crises política e econômica em um país dividido: os contra, os a favor e os oportunistas. Exatamente como na frágil democracia alemã da República de Weimar que, registra a História, não acabou bem. Queremos um País com paz, união, respeito e trabalho. Como disse o saudoso publicitário, Carlito Maia: "Nós não precisamos de muitas coisas, só uns dos outros. Acordem e progresso!"

Ricardo Viveiros, jornalista e escritor, é autor, entre outros, dos livros: "A vila que descobriu o Brasil", "Justiça seja feita" e "Educação S/A".

40 anos da morte de Wilson Pinheiro

Wilson Pinheiro foi assassinado no dia 21 de junho de 1980 com vários tiros pelas costas. Precursor do sindicalismo na região e dos “empates”, ações que mobilizavam as comunidades, unindo seringueiros, ribeirinhos e colonos para impedir a derrubada da mata nativa, inscreveu seu nome como um dos precursores da árdua batalha pela preservação ambiental. 

Chico Mendes, que posteriormente transformou-se num ícone da luta ambientalista, compunha a diretoria do Sindicato comandada por Wilson Pinheiro, vindo posteriormente a ser a principal liderança do movimento em defesa dos povos da floresta. Em virtude deste compromisso, também foi assassinado, oito anos depois, em 22 de dezembro de 1988.

Wilson de Souza Pinheiro nasceu dia 15 de fevereiro de 1933, no município de Carreiros, estado do Amazonas. Migrou para Acre em meados dos anos 1960, com o objetivo de cortar seringa. Em sua ampla trajetória de luta sindical, destacou-se desde cedo como ativista e militante do movimento sindical pela sua coragem e fé em uma vida melhor aos seus companheiros.

Em 1979, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e em 1980 fez parte da Comissão Organizadora da fundação do Partido dos Trabalhadores no Acre. Era um homem alto, determinado de fala mansa e rara e olhar poderoso, além de ser um trabalhador e pai de família exemplar. Partiu deixando esposa e 8 filhos e um legado eterno, a este município e ao estado do Acre.


Nesta terça-feira, 21 de julho, foi homenageado pela Câmara Municipal e por representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, cidade onde morreu.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Pirão desandando

Os mais recentes capítulos do estica e puxa em que se converteu a política acreana durante a pandemia do novo coronavírus podem ter influência direta no modorrento cenário eleitoral de Xapuri, onde não se sabe ainda quem enfrentará o atual prefeito, Bira Vasconcelos (PT).

Caso se confirme, a anunciada e comentada desfiliação do governador Gladson Cameli do Progressistas (PP) deixará mais uma vez o deputado Antônio Pedro (Dem) e sua trupe de calças curtas em terreno alagadiço.

Já meio atabalhoado com o naufrágio da pré-candidatura do filho, Aílson, que se tornou recentemente promissor dono de supermercado, o parlamentar terá que se desdobrar para se manter na briga pela ponta da chapa de oposição à prefeitura.

Como creio que o nome de sua esposa, Carla, não vai adiante com a saída de Cameli do PP - e ela não poderá ser lançada por outra sigla – uma nova opção terá de ser buscada no chão árido do cardume que ele comanda no município.

Como lhe faltarão boas alternativas, a não ser que ressuscite nome do herdeiro e reponha o próprio Dem na disputa, Antônio Pedro terá pela frente algumas opções não muito aprazíveis, do ponto de vista de um deputado estadual da base de apoio ao governo.

Manter o nome da consorte pelo PP esvaziado pela saída do governador não me parece lógico. Abrir mão da cabeça de chapa me aparenta menos improvável, apesar de, concretizando-se, esse desfecho soar como desonrosa derrota.

Se render ao jovem advogado do MDB ou ao vereador do PSD que sonha em ser prefeito? Eis a questão, não tão elementar assim. É o chamado dilema, que na música do cantor inglês Ritchie, de grande sucesso no Brasil nos 1980, “nem o cinema sabe resolver”.

Se as coisas já não estão fáceis sob a sombra do poder da qual desfruta sozinho desde o começo do atual governo, imagine-se agora com o amparo se movendo em uma direção canhoteira a que seu grupelho bajulador tanto odeia e persegue em Xapuri.


São os descaminhos que a política costuma tomar, especialmente quando se faz opção, de maneira cristalina e despudorada, pela estratégia da “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Assim como o caldo entorna, o pirão desanda, o que aparenta ser o caso em questão. 

Mas esperemos o desfecho da novela Cameli-PP-Socorro Neri, que poderá em breve me proporcionar o prazer de ver figuras locais que tanto desancam os esquerdistas batendo palmas para uma prefeita socialista, eleita por petistas.

A leve partida do Sinvaldo

Recebo com tristeza a notícia do falecimento de uma pessoa muito querida em Xapuri, o ex-comerciante Francisco Gomes Ribeiro, 60 anos, popularmente conhecido pela alcunha de Sinvaldo.

Sinvaldo era uma boa alma. Ele foi dono de um tradicional ponto comercial no Mercado Municipal da cidade, onde era muito respeitado pelo apego ao trabalho e a seriedade que faziam parte de sua maneira de ser, sempre reta e discreta. 

Vivendo em Rio Branco já há vários anos, ele vinha enfrentando sérios problemas de saúde, entre eles doença renal crônica, o que lhe impunha sofridas sessões de hemodiálise. 

Sinvaldo morreu como viveu: de maneira leve. "Partiu como um passarinho", disse-me a irmã Cirnelândia muito abalada com a perda.

O corpo chegará a Xapuri nesta tarde e irá diretamente para a Capela Municipal, no cemitério São José onde, depois de velado, será sepultado ainda nesta segunda-feira, 20. 

Meu abraço e minha solidariedade à família Ribeiro. 

Há quase 8 anos Xapuri não tem uma mulher na Câmara

Já se vão quase oito anos - duas eleições seguidas -  que uma mulher não é eleita para o cargo de vereadora em Xapuri. O último mandato feminino na Câmara Municipal da Princesa do Acre foi entre os anos de 2009 e 2012, com a eleição da vereadora Maria Luceni da Silva.

Neste ano, apesar de haver uma pré-candidatura feminina anunciada à prefeitura, no campo proporcional o indicativo de mulheres que pretendem efetivamente disputar uma vaga na câmara no município não é dos mais animadores. 

Mesmo que cada partido que lançar chapa proporcional tenha que respeitar a cota de 30% das vagas para mulheres, a tendência é de que serão poucas as que de fato disputarão o pleito. Caberá às agremiações políticas locais que disputarão cadeiras na câmara em 2020 fazer valer a legislação e prover efetivas candidaturas femininas nesta eleição. 

Nas eleições deste ano, com o fim das coligações proporcionais, a indicação de mulheres deverá ser feita por cada partido (cota de 30% com aporte proporcional dos recursos do Fundo Partidário), o que se espera que fomente as candidaturas femininas, com o lançamento de um maior número de candidatas. 

As alterações mais recentes ocorridas na legislação que trata do tema dizem respeito à garantia de candidaturas femininas concretas e buscam coibir os arranjos partidários costumeiramente usados para se cumprir com a obrigatoriedade da cota. O desafio imposto aos partidos passará também pela correta destinação dos recursos financeiros do Fundo Partidário para que elas possam investir em suas campanhas e ter chances reais de serem eleitas.

Em toda a sua história, o município de Xapuri teve apenas quatro mulheres exercendo mandatos na câmara de vereadores. Entretanto, já se passaram exatos oito anos sem que uma representante do sexo feminino seja eleita no município para uma das cadeiras no parlamento mirim.

De acordo com os registros da Câmara Municipal de Xapuri, as mulheres que foram vereadoras no município são: Francisca Américo de Souza (1989-1992), Fátima Santana de Almeida (1993-1996), Elisabeth Farias da Silva (1993-2000), que também foi vice-prefeita (2001-2004), e Maria Luceni da Silva (2009-2012). Desde então, apenas homens têm sido eleitos para o cargo de representante do Poder Legislativo Municipal.

No Poder Executivo, Xapuri teve três mulheres ocupando o cargo de vice-prefeita, sendo uma delas a atual, Maria Auxiliadora Silva de Sales, que é esposa do deputado estadual Manoel Moraes. As outras duas foram a ex-vereadora Elisabeth Farias, entre os anos de 2001 e 2004, no segundo mandato do ex-prefeito Júlio Barbosa de Aquino, e Eliana Pereira, no período de 1989 a 1992, no mandato do ex-prefeito Juarez Ribeiro Maciel Filho. 


Alarice Botelho Nunes, de 31 anos de idade, que atua desde muito jovem na área de cultura, é uma das anunciadas pré-candidatas à Câmara de Xapuri para as eleições deste ano. Ela diz que colocou seu nome na disputa porque acredita que as mulheres devam ocupar de fato e de direito o seu merecido espaço na política do município e que esse debate precisa ser pautado também pela igualdade de gênero, garantindo a representatividade feminina na câmara de vereadores. 

“Minha expectativa é de que nós, mulheres, possamos nos unir em busca da transformação dessa realidade. É o momento de termos voz ativa, representativa e participativa nas tomadas de decisões que envolvem o bem comum da nossa querida Xapuri. Precisamos de oportunidades, ideias e projetos que venham, por meio de homens e mulheres, de maneira igualitária, garantir dias melhores em nossa cidade”, assegura.


A ex-vereadora Maria Luceni, que foi eleita pelo Partido Verde no ano de 2008, pensa em voltar a se candidatar neste ano, pelo PSD, mas ainda não se decidiu como pré-candidata. Sobre a sua experiência como uma das poucas mulheres a cumprir mandato em Xapuri, ela afirma que a oportunidade foi engrandecedora do ponto de vista pessoal, mas diz que o segmento feminino ainda não acordou para a importância do seu protagonismo na vida política. 

“Adquiri muitos conhecimentos nos quatro anos em que estive na câmara municipal e isso me fez ver que por meio da política podemos fazer muito mais por nós mesmas e pelo todo. Então, tenho a convicção de que as mulheres precisam se conscientizar da importância dessa participação e mostrar que o gênero feminino possui força suficiente para ocupar o seu espaço em condições de igualdade com os homens”, afirma a ex-vereadora.

Sub-representatividade feminina no Brasil e no mundo

Segundo o Inter-Parliamentary Union, organização global dos parlamentos nacionais, o Brasil é um dos piores países do mundo em termos de representatividade política feminina, ocupando o terceiro lugar na América Latina em menor representação parlamentar de mulheres.

No ranking da entidade, a taxa do Brasil é de aproximadamente 10 pontos percentuais a menos que a média global e está praticamente estabilizada desde a década de 1940. Isso indica que além de estar atrás de muitos países em relação à representatividade feminina, o país tem apresentado poucos avanços nas últimas décadas.

Os parlamentos do mundo não são exceção quando se trata da questão. Com uma média global de 25% de mulheres, a maioria deles permanece dominada por homens, e as mulheres parlamentares geralmente estão sub-representadas nos órgãos de tomada de decisão.

Ações

A adoção, desde os anos de 1990, de uma série de regras eleitorais para aumentar a quantidade de mulheres candidatas e eleitas em eleições proporcionais, ou seja, para as câmaras municipais, assembleias legislativas e Congresso Nacional, jamais atingiu resultados satisfatórios.

O fim das coligações nas eleições proporcionais pode vir a ser um novo alento para a maior presença de mulheres em cargos eletivos. Os resultados desse mais novo incremento à participação feminina na política poderão ser conferidos ainda em 2020, nas eleições para as câmaras municipais em todo o país.

Lição de tolerância

João Baptista Herkenhoff

O mundo é uma construção coletiva. Exaltam-se benfeitores, inventores, líderes políticos, escritores e profetas. São esquecidos os que trabalham na sombra. Entretanto, a obra anônima de milhares suplanta em muito o acréscimo feito ao patrimônio humano pelo pequeno grupo das pessoas que são lembradas. 

O mundo é uma construção permanente. As gerações se sucedem. Cada uma deixa sua contribuição ao acervo geral.

O mundo é um tecido talhado por diferentes aptidões e profissões. Não existe um trabalho mais importante que outro.

O mundo é uma sucessão de idades. Cada uma tem seu selo, cada uma imprime sua marca no mosaico da vida. Crianças, adolescentes, jovens, pessoas maduras e idosos – cada idade traz seu canto para a sinfonia universal.

O mundo é um conflito de opiniões. Ninguém é dono da verdade. De muitas fontes pode vir o bom conselho. Que se tenha ouvido magnânimo para receber e acolher as inspirações para o bem.

O mundo é feito de rupturas, mas também de convergências. Na travessia da vida é preciso que haja pontes.

O mundo é feito de confrontos, mas também de diálogos. Que haja mediadores capazes de suprimir aparentes abismos.

O mundo é feito de saudades, mas também de esperanças. Que haja sempre alma de criança para divisar o futuro.

O mundo requer presença, ação, cidadania. Que haja espaço para que todos falem, sugiram, somem.

Adquiri experiência para formular estes conceitos, no desenrolar da vida. Mas a semente de tudo começou numa cidade e os leitores entenderão a seguir a relação das idéias aqui colocadas.

Fui a minha terra para celebrar com Davi Cruz e Wilson Lopes de Rezende o “Dia de Cachoeiro”. Recebi um banho de poesia, naquele pedaço de chão abençoado. A página que escrevo hoje, inspirada na “alma cachoeirense”, não pode ser senão uma página dirigida à sensibilidade.

A pedido do Prefeito Ferraço, discursei, brevemente, junto ao busto de Newton Braga, o criador da Festa.

Falei a meus conterrâneos e aos amigos de Cachoeiro presentes ao ato sobre a “singularidade” de nosso torrão. Com muita pertinência, nós o consideramos a “capital secreta do mundo”.

Para provar essa singularidade, observei que Cachoeiro é uma cidade que sempre se abriu à tolerância, à supremacia dos grandes valores humanos. E para que essa afirmação não caísse no vazio de um bairrismo exacerbado, citei uma passagem ligada à vida de Demistóclides Baptista, nosso saudoso Batistinha. Fiz a remissão histórica na presença de Moema Baptista que, como eu, foi Cachoeirense Ausente Número 1 em anos pretéritos. Moema, sobrinha de Batistinha, confirmou com um aceno de cabeça a exatidão do episódio.

Batistinha estava exilado. Falece então, em Cachoeiro, sua Mãe. Avisado, o filho corre o risco, mas ingressa, clandestinamente, no Brasil, para ir a Cachoeiro prestar a última homenagem àquela que lhe trouxe ao mundo. Um enterro não se faz às ocultas. Era evidente que, Batistinha, um exilado político, “foragido” da Justiça Militar, estava na cidade. Ninguém, porém, delatou Batistinha. Ninguém se movimentou para que Batistinha fosse preso.

Eu arrematei a narração do fato com uma conclusão. Batistinha era um exilado político, um proscrito. Quem, sendo cachoeirense, se atrevesse a prendê-lo, naquelas circunstâncias, assinaria sua própria sentença de “proscrição moral”. Cachoeiro não aceitaria um ato de tamanha indignidade.

E assim Batistinha, depois do sepultamento de sua Mãe, voltou ao exílio, peso do qual só se libertou quando a Anistia foi conquistada por aqueles que aqui ficamos.


João Baptista Herkenhoff é juiz aposentado.

domingo, 19 de julho de 2020

Domingo

Maria Alice Estrella

Domingo é dia de abrir a janela, sacudir a poeira da alma e deixá-la exposta ao sol ou à chuva, ao vento ou à calmaria, conforme o clima e o tempo. Após alguns momentos, aconselho recolher a alma restaurada para vesti-la como quem se prepara para uma grande festa.

Domingo é dia para comemorar. Celebrar a reposição de energias porque domingo não é o dia do descanso. É dia de movimento, de muito movimento interno.

Domingo é dia de responder cartas através do correio eletrônico, de mandar notícias, de dar recados nas redes sociais da internet.

Domingo é dia de almoço com a família. É burburinho de vozes entrelaçadas de adultos e crianças que se encontram para usufruir do simples prazer de estarem juntos.

Domingo é o dia do abraço. Daquele abraço gostoso que se consegue dar a si mesmo e que se estende em longos desdobramentos de ternura acumulada.

Domingo é dia de repensar, revisitar, redescobrir. Ah! Quantas sensações fantásticas nos invadem quando reavemos pedaços esquecidos, deixados para um depois que raramente acontece.

Domingo é dia de reler o livro que nunca saiu da mesa de cabeceira, de rever o filme que marcou presença, de ouvir de novo aquela mesma canção preferida.

Domingo é o dia de caminhar, “sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos”. Caminhar bastante. O suficiente de que o corpo necessita para harmonizar os contratempos de uma semana cansativa com a esperança de uma semana seguinte mais tranquila.

Domingo é dia de dar tempo ao tempo porque “não há mal que sempre dure ou bem que nunca se acabe” e “nem de tanto madrugar tão cedo se levanta”. Tudo chega na hora certa, no instante exato, do jeito que não se espera.

Aliás, domingo é o dia de surpreender a vida com alegrias tiradas lá do fundo do baú, é dia de dar risadas em boa companhia. Principalmente, em nossa própria companhia solitária. Quem consegue fazer companhia a si mesmo é capaz de ser companhia para outros.

Domingo é dia de escrever a crônica de um cotidiano pleno de cores, luzes e sombras, construções e desmoronamentos. É dia de levantar o astral da tropa, de animar, de colocar a alma na vitrine transparente sem máscaras ou disfarces numa coragem despretensiosa.

Domingo é o dia do encontro contigo que, fielmente, me segue nessas linhas. E que, por incrível que pareça, desconheço quem sejas. Só sei que me acompanhas silenciosamente, buscando em cada palavra o eco do que sentes, do que pensas.

Por essas e por outras, o domingo é dia de dar as mãos, de esticar os braços e tocar na alma, de sussurrar consigo mesmo segredos e confissões.

Domingo é o dia de principiar, é o dia repleto de perspectivas que se refletem e se concretizam no correr dos outros dias da semana.

Que o teu domingo se esparja pela a tua semana com muita luz!

No próximo domingo nos reencontraremos aqui como estrelas de uma idêntica constelação.

Até lá!

Maria Alice de Carvalho Estrella é natural de Porto Alegre – RS Poeta premiada com primeiros lugares em concursos nacionais. Patrona da Feira Municipal do Livro de São Lourenço do Sul em 1992. Membro da Academia Sul-Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 32 Sócia correspondente da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.

sábado, 18 de julho de 2020

Oportunidade

A prefeitura de Xapuri abriu Processo Seletivo Simplificado para contratação de médico, agente de portaria e auxiliar de serviços gerais.

A seleção será por análise curricular. O edital foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta sexta-feira, 17 e no site oficial da própria prefeitura.

Serão nove vagas, sendo que três para Médico clínico geral com remuneração de R$ 8 mil, três vagas para agente de portaria e três vagas para auxiliar de serviços gerais, ambos com remuneração de R$ 1.045,00 e carga horária de 40 horas semanais.

As inscrições começam nesta sexta-feira, 17, e termina na quarta-feira (22). Os candidatos interessados deverão procurar a Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral, situada ao lado do prédio dos Correios.

Informações detalhadas também no site Concursos no Brasil.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Hipocrisia pandêmica e o “novo normal”

Entre os muitos impactos causados pelo novo coronavírus, certamente devem ser considerados os danos à saúde física e mental, favorecidos pelos meses seguidos de isolamento social – para quem a ele de fato se submeteu.

É exatamente na aceitação desse fato que reside a mais recente controvérsia da vida social e política de Xapuri: a autorização para o funcionamento de igrejas e academias de ginástica dada pela prefeitura em meio à pandemia.

Os cultos religiosos e a prática de exercícios físicos são considerados pela população como fundamentais para a manutenção da saúde do corpo e do espírito. Para muitos, ir à igreja previne os males da alma, assim como ir academia fortalece os músculos e a mente.

O prefeito Ubiracy Vasconcelos começou suspendendo a proibição do funcionamento de igrejas, recomendando a não realização de cultos, ou seja, transferiu para os líderes religiosos a decisão de realizá-los ou não, estabelecendo rígidas exigências para o caso de reaberturas dos templos.

O mesmo ocorreu, pouco tempo depois, com as escassas academias da cidade, que foram autorizadas a funcionar também sob severos critérios de prevenção e higiene, entre os quais a presença de apenas quatro alunos por horário.

A mistura de tudo isso resultou em confusão e aborrecimentos para o chefe do executivo municipal. Críticos das redes sociais atribuíram às medidas um repentino aumento de casos positivos do coronavírus no município.

O assunto se transformou em recomendação do Ministério Público para que, não apenas Xapuri, mas todos os municípios do estado obedeçam integralmente ao plano de retomada de atividades do governo batizado de Pacto Acre sem Covid.

Apesar dos apelos da população e da convicção da equipe de enfrentamento à pandemia no município de que as igrejas e academias não contribuem para a disseminação da covid-19, os espaços serão novamente impedidos de funcionar a partir desta sexta-feira.

Tão certo como o fato de que igreja e academia são coisas positivas para o povo angustiado pela excepcionalidade do tempo em que vivemos é que existe uma certa dose de hipocrisia e oportunismo da parte de quem atira sobre essas duas atividades a responsabilidade sobre o risco de agravamento da pandemia.

Em Xapuri, como em outros lugares, já faz tempo que não existe o respeito ao chamado isolamento social. As pessoas subestimam o vírus a toda hora e promovem aglomerações constantes nos mais diversos eventos, seja nos famosos piseiros, reuniões políticas e até em inauguração de mercado, bastando que role uma boca livre.

O problema do coronavírus, provavelmente, não será resolvido até a chegada de uma vacina, o que nos forçará a compreender que teremos que aprender a conviver com o risco. Se é possível que o próprio mundo jamais volte a ser o mesmo porque então não aproveitar o ensejo e mudarmos antecipadamente de atitude com vistas ao novo tempo que se aproxima?

No mundo pós-pandemia, precisaremos mais do que nunca de demonstrações de solidariedade e cooperação diante da necessidade de enfrentar de maneira responsável um inimigo comum, que talvez jamais seja vencido. O “novo normal” poderá até ser construído por alguns, mas deverá, obrigatoriamente, ser abraçado por todos.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Queda de receitas para estados e municípios

O Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, instituído pela Lei Complementar 173/2020, prevê um repasse de R$ 60 bilhões para repartir entre estados, municípios e Distrito Federal. Desse total, R$ 23 bilhões devem ser destinados para os municípios, na tentativa de mitigar os efeitos da pandemia. Mas entidades representativas garantem que esse valor não chega perto da perda estimada na arrecadação municipal, que pode ultrapassar os R$ 74 bi neste ano.

Entre as principais fontes de arrecadação dos municípios, estão o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), que ficaram afetados devido à crise econômica. De acordo com o entendimento da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que representa municípios com mais de 80 mil habitantes, “do ponto de vista da despesa, as áreas que sofrerão maior pressão de demanda a partir dessa crise são justamente aquelas que estão sob responsabilidade de estados e municípios.”

“Encerrado o primeiro semestre, é bastante claro para os prefeitos das médias e grandes cidades que os recursos aportados pelo governo federal não serão suficientes para cobrir a frustração de receitas e o aumento bastante expressivo de despesas”, dispara o secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre.

A Frente fez uma projeção de receitas, mostrando a consolidação de dados do ano passado com dados deste ano, utilizando as principais fontes de arrecadações dos municípios (ICMS, ISS, ITBI, FPM e cota-parte do IPVA e do IPTU). O levantamento mostra que o impacto para 2020 será de menos R$ 21,2 bilhões nas receitas das grandes cidades. Em contrapartida, as despesas devem aumentar em R$ 9,5 bilhões – explicada, segundo a FNP, pela piora nas expectativas em termos de gasto com assistência social.

As despesas dos municípios com mais de 80 mil habitantes também subiram pelos gastos com saúde e transportes. Os dados da FNP mostram que isso se deve pelo reflexo da pandemia, que incide diretamente sobre a rede pública de saúde e indiretamente sobre a baixa circulação de pessoas, aumentando o custo operacional do sistema público de transporte (utilização abaixo da escala mínima de eficiência).

“Para equilibrar as contas, não há outra saída senão a ajuda do governo federal, porque é o único ente que pode emitir títulos, papel moeda. Então, não há outra forma de os municípios se financiarem. Ou vem recurso da União ou municípios e estados terão que se financiar por meio de endividamento. Isso significa não pagar fornecedores, salários de funcionários. A inadimplência será a consequência caso o governo não contemple recursos suficientes para cobrir a queda de receitas e aumentos de despesas”, endurece Gilberto Perre.


No Acre, onde praticamente todos os municípios têm no FPM a maior parte da sua receita anual, a perda de recursos pode chegar a R$ 32 milhões, de acordo com a Associação dos Municípios do Acre (AMAC). Somadas as outras perdas previstas de arrecadação de tributos em razão da crise causada pelo novo coronavírus, como quota-parte do ICMS, ISS, IPTU/ITBI e FUNDEB, a previsão é que as perdas cheguem a R$ 207,7 milhões.

Tomando o município de Xapuri como exemplo, as perdas previstas são de 25% dos cerca de R$ 40 milhões do orçamento anual, o que representa que R$ 10 milhões deixarão de entrar no cofre do município, enquanto o auxílio emergencial somado com outras compensações atingirá apenas R$ 4 milhões. O prefeito Ubiracy Vasconcelos diz que as contas que estão sendo feitas pela CNM e pela Amac são assustadoras para todos os municípios.

“Teremos que atravessar essa crise cortando na carne para sustentar o aumento dos gastos com a saúde, sendo que as demais despesas no município se mantêm, como folha de pagamento e toda a manutenção da cidade e da zona rural. Serão R$ 6 milhões a menos de receitas para executar o orçamento que temos para o ano de 2020. Esse valor reflete diretamente em salários, ações e atividades que vão deixar de ser feitas”, explicou.

A arrecadação própria do município de Xapuri corresponde atualmente a apenas 3% dos recursos que circulam na prefeitura. Ou seja, 97% da receita municipal provêm dos governos federal e estadual. Com a pandemia, os recursos próprios também tiveram drástica redução, uma vez que o IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano – nem foi lançado este ano. A Lei Municipal nº 10.055, sancionada no começo deste mês, adiou a cobrança do IPTU para o ano que vem e reduziu em 50% o valor do ISS por 12 meses.


*Com informações do Portal Brasil 61.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Síntese do cenário eleitoral em Xapuri

A pandemia do novo coronavírus está retardando o calendário eleitoral em 2020, mas os novos prazos estabelecidos pelo Congresso Nacional por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estão avançando com rapidez. O calendário inicial, definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro do ano passado, previa o primeiro turno em 4 de outubro, e o segundo, em 25 de outubro. A PEC adiou o primeiro turno para 15 de novembro e o segundo para 29 de novembro.

De 31 de agosto a 16 de setembro é o período destinado às convenções partidárias e à definição sobre coligações, e 26 de setembro o último prazo para registro das candidatura. Após 26 de setembro será o início da propaganda eleitoral, também na internet. O dia 27 de outubro é o prazo para partidos políticos, coligações e candidatos divulgarem relatório discriminando as transferências do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral).

Assim, espera-se que as movimentações comecem a ocorrer de maneira mais intensa a partir da entrada da segunda quinzena de julho. Em Xapuri, seguem as indefinições, sendo a principal delas relacionada à coalizão ou não dos partidos de oposição. Os pré-candidatos de MDB (Carlos Venícius), DEM/PP* (Carla Mendonça) e PSD (Gessi Capelão) seguem mantendo os seus nomes em evidência e não se sabe ainda se a aliança vingará. Dos três, os dois primeiros estão mais próximos e o último corre por fora.


Já foi dito aqui outras vezes que a união entre eles não é coisa simples de resolver. Na queda de braço há uma mistura de ressentimento e egocentrismo. O MDB se ressente de ter sido preterido na distribuição de cargos pelo governo, que entregou quase todos ao DEM que, por sua vez, nas figuras de seus representantes municipais, se acham únicos merecedores das dádivas que emanam do Palácio Rio Branco. Já Gessi Capelão, hoje no PSD, foi rifado pela direção do antigo partido, o MDB. 

A verdade é que existe um único ponto de convergência entre os partidos de oposição em Xapuri: a certeza de que saindo divididos serão presa fácil para o PT, do atual prefeito Ubiracy Vasconcelos. Fora isso, não se achegam e em alguns casos até se detestam. Diante do impasse, está claro que todos estão na expectativa de um xeque-mate que pode e deve partir de cima, principalmente como resultado dos encaminhamentos que se deram a partir dos representantes dos partidos em nível estadual. 

Por falar nisso, cria-se, agora, a expectativa sobre que efeitos a recente reaproximação do MDB estadual com o governador Gladson Cameli poderá ter na definição da chapa de oposição em Xapuri. Se haverá uma busca pelo consenso ou se progressistas - sustentados pelos democratas - e emedebistas realmente se oporão no município que é um dos últimos redutos de poder do PT no estado. Resta aguardar pelos acontecimentos dos próximos dias. De certo, apenas que em política tudo pode acontecer.

Advogado deverá ser vice de Bira na chapa para reeleição 

No lado da situação, a coisa está quase resolvida. PT e PSB seguirão juntos em busca da reeleição. A indefinição se resume ao nome para compor a chapa majoritária com o petista Bira Vasconcelos. A atual vice-prefeita, Maria Auxiliadora, esposa do deputado estadual Manoel Moraes, é a preferida pelo seu partido para continuar na posição, mas alegando problemas de ordem pessoal e familiar ela já descartou a possibilidade de concorrer novamente. 

Caso se confirme a saída de Maria Auxiliadora, restarão duas alternativas ao PSB: o advogado Maxsuel Maia e o ex-vereador Eriberto Mota, que já foi vice-prefeito no primeiro mandato de Ubiracy Vasconcelos (2009-2012). Wagner Menezes, presidente do diretório municipal do partido, que seria um possível nome para o cargo, optou por não se desincompatibilizar do Secretaria Municipal de Saúde, uma das mais estratégicas, politicamente, e não pode mais ser candidato.

Entre as duas opções restantes, não há um sinal claro de predileção por parte da cúpula partidária em Xapuri. Questionado a respeito do assunto em reportagem publicada nesta quarta-feira, 15, pelo jornal ac24horas, o dirigente municipal Wagner Menezes afirmou que as discussões a respeito da definição prosseguirão e que o resultado delas será uma decisão pautada no debate democrático e na convicção de que o melhor caminho será escolhido.

“O mais importante nesse momento é a consolidação da chapa proporcional e certeza de que o partido se manterá ocupando o seu lugar na aliança que construiu a atual administração. A definição do nome que comporá com o prefeito Bira Vasconcelos ainda está em aberto e sairá no momento oportuno a partir do consenso que será encontrado nas futuras reuniões”, completou.

Fontes no partido apontam para três situações, todas relacionadas aos nomes que o PSB tem disponíveis, mas sob conjecturas distintas, que podem ser decisivas para a definição do nome que disputará o cargo de vice-prefeito na chapa da esquerda que, além de petistas e socialistas, deverá contar também com PC do B e PDT.

Primeiro, ainda se trabalha no partido com a possibilidade de Maria Auxiliadora reconsiderar a decisão de não ser candidata. Depois, há uma corrente que vê em Maxsuel Maia um nome mais favorável para o atual momento político. E, por último, o pensamento de que a saída do ex-vereador da Eriberto Mota da condição de pré-candidato à câmara para a de vice-prefeito enfraqueceria a chapa proporcional.

Eriberto Mota é tido no PSB como um dos nomes mais fortes na composição da chapa para vereador, fato que é notório pela sua história na política local, além de ser oriundo de uma das famílias mais tradicionais do município. Abrir mão de sua candidatura à câmara significaria prejuízo certo para a legenda quanto ao coeficiente eleitoral. Em razão disso, há a tendência de que o partido opte pela sua manutenção na chapa proporcional.

O jovem advogado Maxsuel Maia é uma das novas promessas da política de Xapuri, cidade onde nasceu, mas de onde cedo saiu para estudar. Formou-se em História na Ufac e em Direito na antiga FAAO, hoje U:Verse, e voltou para o município onde instalou seu escritório de advocacia. A indicação do seu nome como candidato a vice-prefeito na chapa da situação é a que aparece como mais provável de ser confirmada até o dia 16 de setembro.

Em tempo, o prefeito Ubiracy Vasconcelos já declarou mais de uma vez que o seu candidato a vice é do PSB, afastando especulações de que estaria à procura de um nome fora da aliança que o seu partido mantém na atual gestão municipal. Ele disse recentemente que “em política se conversa com muita gente, mas o nome para compor a chapa só não sai do partido aliado se o PSB não quiser ou se não tiver nome para apresentar”. 

DEM/PP* - Para quem não está em dia com a movimentação política na Princesa do Acre, explico que, oficialmente, o Democratas pulou fora do barco que deveria levar o empresário Aílson Mendonça, filho do deputado Antônio Pedro, à disputa da eleição municipal como nome aclamado pela oposição e abençoado pelo governador Gladson Cameli. Como, em verdade, a embarcação tomava o rumo de águas perigosas, com o passageiro sem salva-vidas, o rebento resolveu manter os pés em terra firme.

A desculpa esfarrapada para o fato real de que a pré-candidatura sucumbiu à rejeição seguidamente apontada por levantamentos de consumo interno foi a de haver optado por cuidar das suas empresas. Como admitir fracassos não é tarefa bem aceita por muita gente, de bate pronto a madrasta de Aílson, Carla Mendonça, foi anunciada como pré-candidata pelo Progressistas (PP), com a chancela do marido, o deputado Antônio Pedro. Assim, o DEM continuou na briga, com um poder de apelo a mais ao chefe Gladson.