sábado, 4 de julho de 2020

Meros pitacos

Depois de realizada uma reunião na casa do deputado Antônio Pedro (Dem), no último dia 26 de junho, com direito a almoço e uma temerária aglomeração de mais de 20 pessoas, da qual participou o governador Gladson Cameli e o seu vice Major Rocha, o grupo de oposição em Xapuri, que reúne o MDB, o DEM, o PSD, agora, o PP, deu um verdadeiro nó cego na curiosidade de quem se propõe a acompanhar o desenrolar da política paroquiana.

A pauta do encontro não foi outra senão o impasse que há entre os partidos que apoiaram Cameli a se eleger governador nas eleições passadas para definirem quem vai encabeçar uma pretendida chapa única para enfrentar o atual prefeito Ubiracy Vasconcelos, do PT, pré-candidato à reeleição. Segundo fonte do blog presente ao encontro, os pretensos candidatos à cadeira de prefeito de Xapuri entraram mudos e saíram calados da reunião.

Cuidadoso, o chefe do executivo estadual não opinou na questão local, resumindo-se a orientar que os representantes das agremiações partidárias se unissem e resolvessem a indefinição. Com relação às eleições municipais, Gladson tem feito poucas sinalizações sobre apoio a candidaturas, mas abriu uma crise em seu próprio partido ao fazer um anúncio público de apoio à atual prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, do PSB.

Em Brasiléia, jornais locais divulgaram recentemente a aproximação entre o PP municipal e a atual prefeita Fernanda Hassem. E o próprio Gladson Cameli não esconde a simpatia pela gestora petista que, por sua vez, não nega a reciprocidade. Em Xapuri, recentemente, o governador trocou afagos com o também petista Bira Vasconcelos, dizendo que "no combate à pandemia não há cores partidárias, mas salvar vidas”.

A falta de um posicionamento mais incisivo de Gladson no campo político tem sido motivo de um clima de "dormindo com o inimigo" entre os partidos de oposição em Xapuri que, em um caso específico, já causou até uma desistência. Apontado pelo governador no início do mandato como o seu candidato a prefeito em Xapuri, o empresário Aílson Mendonça, filho do deputado Antônio Pedro, largou a sua pré-candidatura sob o argumento de cuidar de suas empresas.

A não surpreendente renúncia do filho, que aparentava ter o significado de facilitação do processo interno, deu lugar ao imediato anúncio do nome da madrasta, Carla Mendonça, deixando a situação igualmente complicada. A coisa está parecendo uma prova de resistência do Big Brother Brasil e não se sabe quem será o próximo a pedir o chapéu. O meu palpite é o de que a aliança não vai dar rock, mesmo conhecedor de que em política tudo é possível.

As razões que tenho para pensar que a “sacramentação” da união tem consideráveis chances de não se concretizar não são nenhuma novidade e já falei sobre elas em outros escritos. Em primeiro lugar está o já conhecido egocentrismo do grupo do Democratas no município. Acham-se os melhores e ponto, mesmo já tendo tido sinais claros da rejeição que lhes ronda. E depois vem a convicção do realmente bom pré-candidato do MDB, o advogado Carlos Venícius, de que seu nome é insuperável na oposição local.

Em análise minha, Carla Mendonça só decolaria caso fosse empurrada goela abaixo pelo staff governamental. Apesar de ser um nome contra o qual nada possa se dizer de negativo, não passa de uma estratégia desesperada do marido, após a desistência de Aílson, para não perder o poder de barganha, o que é natural a quem detém um mandato. Reforço que essa é apenas uma opinião, que pode ser confirmada posteriormente ou não.

Outro palpite é o de que Gessi Capelão (PSD) corre por fora, apesar de ele não estar menos convicto da sua força, principalmente na zona rural, onde se mantém permanentemente presente. Sob a batuta de Sérgio Petecão, aceita o que lhe oferecerem para abrir mão de sua candidatura e tomar outro caminho, como voltar a se eleger como o vereador mais votado, caso a proposta lhe seja vantajosa.

Enfim, são apenas meros pitacos.

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