"Em política temos que ser maiores que muitas paixões”.
Antes uma homenagem tardia que nenhuma homenagem. Na semana passada, dia 06 de dezembro, faleceu, vítima de complicações renais, o professor e historiador xapuriense, da Universidade Federal do Acre, Josué Fernandes. Alertado pelo leitor Fredson Lima, filho de xapurienses, faço agora um breve, mas merecido registro a essa importante figura, que foi o professor Josué.
Josué Fernandes de Souza foi um filho de Xapuri, como tanto outros, oriundo de família carente que conseguiu se destacar intelectual e socialmente, alçando-se a importantes postos da administração pública acreana, sem jamais abandonar suas raízes. Apaixonado pela política desde a adolescência, foi um pilares mais importantes do PMDB do Acre.
O amor pela política herdou dos avós. Os que lhe criaram pertenciam ao PTB, ou seja, ao trabalhismo de Getúlio, detestavam os americanos e falavam bem da Rússia. As ligas camponesas eram a paixão maior do avô materno, juntamente com as reformas de bases propostas pelo presidente Jango. O outro, o paterno, era fã de Stálin. Ambos choraram muito com a deposição de Jango pelo golpe militar de 1964.
O xapuriense iniciou sua vida profissional, no serviço público, como garçom do Palácio do Governo, na gestão de Geraldo Mesquita. Foi jornalista, secretário municipal e estadual de educação, presidente da Fundação Cultural do Acre, superintendente do INCRA e era membro da Academia Acreana de Letras.
Historiador e professor do Departamento de História da Universidade Federal do Acre (Ufac), militante histórico do PMDB, Josué era uma pessoa apaixonada pela sua terra natal, Xapuri, onde foi candidato a prefeito em 1996. Decepcionado com os rumos tomados pelo partido, escreveu, em 1994, o artigo "Até o fim", onde bebi algumas informações para este post.
Josué, que costumava dizer que “em política temos que ser maiores que todas as paixões”, morreu aos 59 anos, quando escrevia suas memórias de luta no livro intitulado Memórias de um Garçom. No último dia 10, o governo do Estado inaugurou uma escola de ensino fundamental em Rio Branco, cujo nome presta homenagem ao historiador que teve a educação como uma das causas de sua vida.
“Nunca fui marqueteiro de mim mesmo. Na verdade nunca quis livrar-me da origem social a que pertenço. A vida foi me levando e, com isso, ocupei funções importantes que o pequeno burguês morre para pegar e morre para não largar. O infeliz morre duas vezes. Nunca morri para pegar e nem para largar", dizia ele.
O deputado estadual Moisés Diniz também prestou homenagem a Fernandes na tribuna da Assembléia Legislativa. Sobre as memórias do historiador, Diniz afirmou: "Este será o legado de um homem simples, que morreu pobre apesar de ter manuseado dinheiro em larga escala, como secretário de Estado".
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