Cerca de duzentas pessoas caminharam na tarde desta segunda-feira, 22, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri até o túmulo onde está sepultado o seringueiro Chico Mendes, no cemitério São José. O ato foi o penúltimo da programação da Semana Chico Mendes referente ao ano de 2008, chamado de "Ano Chico Mendes".
Do cemitério, onde aconteceu uma rápida cerimônia, os participantes seguiram para a igreja de São Sebastião, onde o arcebispo de Porto Velho (RO), Dom Moacyr Grechi, celebrou a missa em memória do sindicalista, junto com o bispo Dom Joaquim, da Diocese de Rio Branco, e o pároco de Xapuri, Francisco das Chagas.
Dentre as autoridades que vieram a Xapuri estavam o governador Binho Marques, o ex-governador Jorge Viana, o senador Tião viana e o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim. Os três primeiros foram convidados por Dom Moacyr, durante a celebração, a fazerem breves discursos em homenagem a Chico Mendes.
- A principal contribuição do Chico para o Acre que temos hoje foi ele ter conseguido unir os diferentes em torno de um mesmo propósito. Essa Semana Chico Mendes mostrou que aquilo que ele sonhou está se concretizando e, com certeza, isso vai continuar por muitos anos, disse o governador.
Elenira Mendes, filha do líder sindical e presidente do instituto que leva o nome do pai, afirmou que o seu sentimento, 20 anos após a morte de Chico, é um misto de tristeza e alegria, resultante da saudade e da certeza de que os ideais do ambientalista continuam vivos.
- Depois de 20 anos as lembranças são muito vivas na memória e isso traz muita tristeza, dor e saudade. Mas eu sei que os sonhos de meu pai permanecem vivos e sua memória continua viva, por isso esse momento é também de alegria por saber que ele continua vivo no coração de quem acredita nos seus ideais, disse ela.
Elenira avaliou como positiva a programação e afirmou que muita coisa mudou para melhor, mas que é preciso trabalhar para melhorar mais ainda. Ela tinha a intenção de ver acontecer alguns eventos de maior peso em Xapuri, neste ano, que não se concretizaram. Ela chegou a se encontrar com os músicos da banda mexicana Maná, tentando trazê-los ao Acre, mas o objetivo não se tornou possível.
A coordenação da programação da Semana também chegou a anunciar a possível vinda ao Acre do presidente Lula, que faria um pronunciamento a partir de Xapuri ou em Brasília, mas isso também não se concretizou. O presidente até fez um pronunciamento em rede nacional nesta segunda-feira, mas não fez nenhuma referência a Chico Mendes. Clique aqui para ler a íntegra do pronunciamento e aqui para ouvir.
Protesto
Um fato, ocorrido um pouco antes que a comitiva do governador Binho Marques chegasse ao cemitério, passou quase que despercebido. Produtores rurais da região da comunidade Maloca, na Reserva Extrativista Chico Mendes, chegaram a organizar um protesto silencioso durante a cerimônia contra a repressão que alegam estar recebendo da operação Resex Legal, do Ibama.
A intenção dos produtores, liderados pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Derci Teles de Carvalho, era o de chamar a atenção do governo do Estado para a questão que envolve a polêmica em torno da ação do Ibama contra os ocupantes irregulares da área de conservação notificados pelo órgão ambiental. Mesmo sem chegar a acontecer, a manifestação teve êxito.
Adonay Oliveira Brito, da Secretaria de Articulação Institucional do governo, negociou com os trabalhores e garantiu que já está na agenda do governador Binho Marques um encontro com as lideranças da comunidade, para depois do Natal, com o objetivo de discutir o problema. As faixas de protesto foram, então, retiradas.
- O governo vai tratar do problema com a devida preocupação que a questão requer. Não é uma questão simples, requer uma discussão mais profunda e nós estamos construindo essa agenda", disse ele.
Derci Teles, presidente do Sindicato, confirmou que o principal objetivo da tentativa de protesto foi alcançado, que era o de chamar a atenção do governador para o caso. A sindicalista acredita que o governo do Estado tem mais condições de discutir essa questão com o governo federal que o movimento dos trabalhadores.
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