Darly e Darci, acusados como mandante e executor do assassinato do ambientalista, sentaram no banco dos réus na manhã do dia 12 de dezembro de 1990.
Há exatos 18 anos começava, em Xapuri, o julgamento dos acusados pelo assassinato do ambientalista e líder sindical Chico Mendes, um dos mais importantes da história do judiciário brasileiro. Darly e Darci Alves sentaram no banco dos réus por volta das 9 horas da manhã, na presença de mais de 200 jornalistas de vários países. Cerca de 3 mil pessoas, mais que a metade da população urbana do município na época, se deslocaram para a cidade naquela oportunidade.
Políticos, seringueiros, ecologistas, estudantes, representantes de organismos internacionais ligados à causa dos direitos humanos e do meio ambiente se reuniram em Xapuri para ver o desfecho de um crime que chamou a atenção do mundo para a luta dos seringueiros para preservar e continuar vivendo na floresta. Foram quatro de dias de julgamento que resultaram em uma sentença de 19 anos de prisão para os acusados, no dia 15 de dezembro, data em que o seringueiro completaria 46 anos de idade.
O JULGAMENTO
A mais importante prova material contida no processo de nº 5929/89, contra o principal acusado, Darci Alves Pereira, foi um fio de cabelo castanho, de 6,2 cm, encontrado na capa de chuva preta que, junto com uma mochila, foi recolhida pela polícia no quintal da casa de Chico Mendes. Os peritos da Unicamp, Fortunato Badan Palhares e Nelson Massini, compararam este fio a um punhado de outros retirados da cabeça do réu.
"Os cabelos de Darci coincidem laboratorialmente com o cabelo encontrado na capa preta, o que nos autoriza dizer com segurança que a capa já havia sido utilizada por ele”, afirmaram os peritos.
A principal testemunha a favor de Chico Mendes, o menino Genésio Ferreira da Silva, desmontou a estratégia da defesa para atrasar a sentença, ao acusar a família Alves da Silva de envolvimento em sete assassinatos e não em 14. Com isso ficaram de fora Ademir, Mineiro e Paraguai, que segundo a defesa, estariam vivos e não mortos pelos Alves. Se Genésio confirmasse a morte dos três, os advogados de Darly e Darci pediriam a suspensão do julgamento.
Genésio também contou aos jurados ter ouvido Darci dizer ao pai que ele tinha sido o autor do disparo que matou o seringueiro. Na versão apresentado ao júri por Genésio, Darly aparece como mandante do crime. Além desses fatores, Darci, o filho, acabou surpreendendo o júri. Confessou ser o assassino, depois de ter negado por diversas vezes o ato, inclusive durante a reconstituição do crime.
A SENTENÇA
Às 23 horas (2 da madrugada no horário de Brasília) do dia 15 de dezembro de 1990, os sete jurados consideraram os réus culpados, por unanimidade, pela morte de Chico Mendes. Darly Alves da Silva e Darci Alves Pereira foram condenados a 19 anos de prisão. O juiz considerou as agravantes do crime, cometido de modo torpe e motivo fútil, em emboscada, além de ter sido premeditado. Os dois réus deveriam cumprir pena na penitenciária de Rio Branco.
Hoje, 20 anos depois do assassinato de Chico Mendes, Darly, com 72 anos de idade, alegando sérios problemas de saúde reconhecidos pela justiça, encontra-se cumprindo prisão domiciliar, na fazenda Paraná, próximo a Xapuri. As últimas informações sobre Darci eram de que continuava em Brasília, onde terminava de cumprir sua pena em regime semi-aberto.
Com informações de arquivo da Agência Brasil.
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