sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Acusado da morte de Doroty Stang é preso no Pará



Do UOL Notícias

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (26) um dos acusados de mandar matar a missionária Dorothy Stang em 2005, no Pará. O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, foi preso em sua casa em Altamira (PA). A prisão preventiva foi ordenada pelo juiz federal Antonio Carlos de Almeida Campelo, após pedido do Ministério Público Federal (MPF). Regivaldo Pereira Galvão esteve preso pela morte de Dorothy Stang (foto) durante mais de um ano, porém foi solto em 2006 por um habeas corpus concedido pelo STF.

Segundo nota do MPF, Taradão tentava novamente tomar posse do lote 55, em Anapu, "uma área de 3.000 hectares que foi grilada por ele no final dos anos 90 e pela qual um grave conflito fundiário se instalou, culminando com a morte da freira em 2005".

O fazendeiro esteve preso pela morte de Stang durante mais de um ano, porém foi solto em 2006 por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal. Atualmente aguarda o julgamento por homicídio em liberdade.

"O compromisso do MPF com a população de Anapu é garantir que os grileiros nunca mais se aproximem das terras públicas, que são posse legítima dos trabalhadores rurais. É preciso máximo rigor com os conflitos fundiários, porque são a causa de tragédias como a morte da irmã Dorothy", afirma, por meio de nota, Felício Pontes Jr, procurador da República que acompanha a situação de Anapu desde 2001.

Ainda segundo o MPF, além da acusação pela morte de Stang, o fazendeiro responde a outras ações judiciais, por trabalho escravo, crimes ambientais e fraudes contra a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Após a prisão de hoje, o inquérito da PF pode dar origem a um novo processo contra Galvão pelos crimes de grilagem e estelionato. A prisão preventiva foi decretada, de acordo com o MPF, para garantir a continuidade do inquérito e por ameaças à ordem pública.

Histórico

No início deste ano, outro acusado de matar Stang, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido em segundo julgamento. Segundo o MPF, desde a absolvição, "as autoridades que acompanham o caso já temiam que recomeçassem as pressões sobre os assentados". "A atitude de Regivaldo, de voltar ao local do crime e mais uma vez se dizer proprietário das terras públicas exige a intervenção imediata do Judiciário", declarou, em nota, o procurador da República Alan Mansur Silva, também autor do pedido de prisão.

Mansur refere-se a uma reunião que aconteceu no último dia 28 de outubro, na sede do Incra de Altamira, em que Taradão ofereceu benfeitorias para ficar com a posse das terras. Na ocasião, ele afirmou ser o proprietário do lote 55. Esta reunião motivou a PF a abriu um inquérito contra o fazendeiro. Em depoimento, ele negou a declaração.

De acordo com o pedido de prisão, o MPF contabiliza que "a negativa de Taradão na Polícia Federal em Altamira foi a sétima versão diferente que apresentou sobre a acusação de grilagem do lote 55".

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