A partir de 1º de janeiro, os brasileiros passam a escrever diferente: caem o trema e alguns acentos, mudam as regras do hífen – e instalam-se as dúvidas. O novo acordo ortográfico, enfim, é uma dessas decisões sobre as quais não parece haver acordo.
Isabela Boscov
Agora, como se diz, Inês é morta. A partir deste 1º de janeiro, quando no Brasil começa a vigorar o novo acordo ortográfico firmado entre os países de língua portuguesa, as idéias perderão um pouquinho de altura e virarão ideias; já os vôos, livres do circunflexo e transformados em voos, ganharão teto; o anti-semitismo não terá mais o hífen, passando a ser antissemitismo, mas não perderá sua feiúra – que, no primeiro dia de 2009, amanhecerá simplesmente feiura.
Para os que foram alfabetizados já dentro das normas da última reforma ortográfica, a de 1971, o ano vai começar repleto não apenas das resoluções habituais, como também de dúvidas. Para os que aprenderam a escrever entre a reforma de 1943 e a de 1971 e ainda acham estranho escrever ele sem um bom circunflexo no e tônico, os problemas se multiplicam. E, para aqueles que estudaram em cartilhas ainda mais antigas, com seus prohibidos e collocar, as esperanças de reformar a própria ortografia são mínimas.
Artigo completo em Veja (assinantes).
◙ A partir de 1º de janeiro, nós, que nascemos no Acre, não seremos mais acreanos, mas acrianos, como já indicava como mais adequado o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, apesar de os dicionários registrarem a primeira forma como preferencial.
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