terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Darly por ele mesmo



Conversei com Darly Alves por cerca de 30 minutos no dia 16 de novembro, um domingo, na delegacia de Xapuri, quando ele aguardava a chegada do delegado Mardílson Vitorino, que trazia de Rio Branco um dos filhos do fazendeiro, José Góes Neto da Silva, acusado de matar, horas antes, a madrasta Francisca Vanderléia, na fazenda Paraná.

Naquela oportunidade, acompanhado do filho Oloci, Darly falou espontaneamente sobre as acusações pela morte de Chico Mendes que pesaram contra ele e que lhe renderam uma condenação de 19 anos de prisão. Negou que tenha mandado matar o seringueiro e se disse um homem injustiçado pela lei dos homens: “Eu paguei pelo que não devo. No caso do Chico Mendes me pegaram para bode expiatório e me condenaram por causa da pressão da mídia e dos órgãos internacionais. A lei dos homens não foi justa comigo, mas a Deus será”, afirmou.

Cumprindo prisão domiciliar em sua fazenda de três mil hectares, com algumas milhares de cabeça de bois, na BR-317, a 25 quilômetros de Xapuri, Darly Alves diz que precisa de espaço na mídia para mostrar sua versão sobre os fatos relacionados à história que ficou conhecida em todo o mundo há 20 anos.

Falou ainda da vontade de ver sua história contada em livro. A idéia, no entanto, não é de escrever sobre sua vida e sim de despertar o interesse de algum autor ou editora em sua polêmica biografia. “Quero contar minha verdadeira história e ganhar algum dinheirinho com isso”, confessou.

Sobre a fama de homem violento, adquirida bem antes de serem noticiadas as ameaças contra a vida do líder sindical Chico Mendes, Darly Alves a nega veementemente, afirmando que sempre foi uma pessoa tranqüila e de paz. “Nunca andei armado e nem ando hoje em dia”, garantiu.

Com relação aos problemas com Chico, reiterou que nunca teve diferenças graves com o seringueiro. “Nunca tive problema sério com ele, nem tinha nada contra o trabalho dele. A questão foi a liminar que a justiça me deu para derrubar umas árvores no seringal Cachoeira e que ele fez um empate lá. Eu retirei a liminar pensando dele ficar meu amigo”.

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