terça-feira, 11 de novembro de 2008

A fera e a bela



Nervosa e temendo o conhecido temperamento instável do prefeito Vanderley Viana de Lima (PPS), a repórter Fernanda Gomes, da Rádio Educadora 6 de Agosto, se dirigiu, na semana passada, ao palacete Édson Dias Dantas, onde funciona a sede da prefeitura de Xapuri, para entrevistar o político mais polêmico e controverso do Acre, apeado do poder por uma população insatisfeita com a falta de resultados e o excesso de confusões de sua administração a ponto de deixá-lo em último lugar nas últimas eleições com 1.030 votos.

Vanderley Viana, que havia sido convidado por mim, através de sua secretária, a conceder uma entrevista à Rádio Educadora, atendeu à repórter carimbando e assinando papéis no costumeiro estilo irrequieto, mas foi extremamente solícito e a conversa, que durou pouco mais de 10 minutos, transcorreu em um clima de absoluta tranquilidade, como denuncia a foto acima. Com 55 anos a serem completados em março do ano que vem, o prefeito garante que sai da prefeitura de cabeça erguida e certo de ter feito um bom trabalho nos últimos 4 anos.

Nascido politicamente no movimento estudantil de Xapuri, Vanderley se tornou liderança de grande popularidade no início da década de 80, se elegendo vereador em 1981, cargo que exerceu entre 1982 e 1985 e que o alçou à condição de disputar e vencer as eleições municipais que poriam fim a era dos prefeitos biônicos nomeados pela ditadura militar. Divorciado e pai de três filhos - Priscila, Moisés e Raiana - possui formação de Técnico Agropecuário obtida em Cabrália Paulista, no interior de São Paulo, e é professor da rede estadual de ensino, estando, no momento, fora de atividade em sala de aula.

Filho de uma família de cinco irmãos, Vanderley diz que vendeu picolés, foi catador de lixo em Manaus e engraxou sapatos, tendo entre seus clientes a figura do coronel Fontenele de Castro. Morou no bairro do Papouco, em Rio Branco, e comeu casca de banana para sobreviver, entre outras desgraças que utiliza para reforçar a imagem de pessoa sofredora que conseguiu obter conquistas relevantes na vida. Como político, é tido como um mártir em vida por uns e como um anjo decaído por outros. No resumo, um administrador com força de vontade, mas dono de idéias e métodos atrasados para o seu tempo.

Na entrevista, que foi veiculada pela rádio na semana passada e publicada hoje pelo site Ac24horas, apesar da aparente tranqüilidade que demonstra com o resultado negativo obtido nas eleições passadas, quando ficou em último lugar com 1.030 votos, o prefeito não esconde o tom de revolta com o fato de a população haver lhe negado a oportunidade do segundo mandato consecutivo, que seria o terceiro de sua carreira política como prefeito de Xapuri. Vanderley Viana fala sobre seu trabalho, as expectativas para a nova administração do PT e o seu futuro político.

Leia também "Agora vou cuidar de mim".

- O senhor está sendo acusado de abandonar a cidade depois de perder as eleições. Qual a sua opinião a respeito dessas críticas?

VV – Normais. Quem não quer receber críticas que não se meta em política e fique casa. Todo mundo tem o direito de fazer críticas e reclamar, agora eu gostaria de dizer àqueles que fazem críticas que dessem ao menos uma parcela de contribuição e participação para o desenvolvimento da cidade. Mas com crítica ou sem crítica nós vamos levando assim mesmo para concluir minha responsabilidade até o fim do nosso mandato.

- Quer dizer então que a cidade não está abandonada?

VV – De forma alguma. Nós estamos com alguns problemas relacionados à coleta de lixo e ao aterro sanitário por falta dos veículos e máquinas que apresentaram problemas, mas já conseguimos recuperar um e alugamos outro para que nesta semana comecemos um grande trabalho de limpeza, uma faxina geral na cidade para mostrar que a cidade não está abandonada como alguns estão dizendo. Com relação ao aterro sanitário, já está em Xapuri uma máquina que também a partir de segunda-feira vai começar a reorganizar a situação por lá que, neste momento, realmente está desorganizada.

- Qual é a avaliação que o senhor faz da sua administração que acaba no próximo dia 31 de dezembro?

VV – Muito boa. Graças a Deus consegui atingir meus objetivos com obras de infra-estrutura e com a satisfação da população. Eu estou satisfeito. Deus me deu essa oportunidade e o importante é que eu consegui cumprir bem com esse papel.

- Qual foi a sua maior dificuldade?

VV – Foi a questão antidemocrática. As pessoas não respeitam o regime democrático e o voto dado a um cidadão. Mas a gente tem que estar preparado para lidar com as dificuldades e eu superei essas dificuldades.

- Por que o senhor não enviou ainda a proposta de orçamento para o ano que vem à Câmara?

VV – Já coloquei o contador da prefeitura à disposição do prefeito eleito para ele mesmo possa definir as prioridades para o orçamento do ano que vem. Não seria justo que eu definisse prioridades para um orçamento que eu não vou administrar.

- O prefeito eleito, Bira Vasconcelos, está tendo alguma dificuldade para realizar o processo de transição entre os governos?

VV – Absolutamente. Nós estamos cuidando de todos os detalhes para que a nova equipe receba todos os relatórios da nossa gestão, patrimônio, financeiro, tudo. Quanto a isso podem ficar tranqüilos que não haverá nenhum problema e nós entregaremos direitinho com a prefeitura funcionando perfeitamente.

- O que o senhor espera da nova administração?

VV – Que Deus abençoe e ilumine e que Xapuri possa se desenvolver.

- E o seu futuro político?

VV – Agora eu vou cuidar de mim. Eu já fiz muito por Xapuri, já me dediquei muito a Xapuri e me esqueci de mim mesmo. Abandonei minha faculdade e pretendo agora passar a cuidar mais de mim. Com relação à política não sei ainda se saio ou não saio, só sei que pretendo continuar trabalhando por Xapuri, que eu quero ver crescendo e se desenvolvendo.

- Fique a vontade para acrescentar algo mais que ache necessário...

VV – Eu só queria agradecer ao apoio e a oportunidade que a população me deu. Dizer que eu estou satisfeito com o carinho que deram e desejar saúde e sucesso a todos que foram leais comigo. Gostaria de dizer também a algumas pessoas para que elas não fossem tão ingratas e que dessem uma repensada em 2009 e passem a agir como pessoas que têm sensibilidade. Existe muita ingratidão em Xapuri. Eu falo isso porque eu não aceito ingratidão. Eu engulo, mas não aceito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse aí é o cotoco que eu conheço.
Quando está em dsvatagem é um cachorrinho babão, porém, se lhe alimentarem, vira um Ptybul perseguidor e cruel.
Já vai tarde e colhe o que plantou.
Asté lá vista Bybe.

Anônimo disse...

é esperar pra ver, como sempre fez nos seus quase 4 anos não cumpre o fala... será que vai ser agora... agora tanto faz a catastrofe já está feita.