Tião busca apoio dos tucanos Serra e Aécio
Josias de Souza - Folha Online
Candidato do PT à presidência do Senado, Tião Viana (AC) decidiu expandir sua campanha para além dos limites do Congresso.
Tião se esforça agora para seduzir o tucanato. Nos próximos dias, vai visitar os dois presidenciáveis do PSDB.
Acha que Aécio Neves e José Serra podem ajudar a dobrar a resistência do pedaço da oposição que se opõe à idéia de confiar o comando do Senado ao PT.
Na Câmara, os governadores tucanos de Minas e São Paulo fecharam com Michel Temer (PMDB-SP).
Faz parte da estratégia da dupla manter com o PMDB, eventual aliado de 2010, uma política de boa vizinhança.
Pela lógica, o mesmo raciocínio valeria para o Senado, Casa em que o PMDB também reivindica a presidência. Mas ali a equação envolve cálculos mais refinados.
Por ora, o nome que o PMDB apresenta como alternativa a Tião é o de José Sarney (PMDB-AP). Um senador que traz o nome de Serra anotado na caderneta.
Sarney acusa Serra de ter conspirado, em 2002, contra a fracassada candidatura presidencial da filha dele, Roseana Sarney.
Ou seja, ao menos para Serra, Tião Viana, se não é o candidato ideal, pode representar um mal menor.
Tião esgueira-se por entre uma fenda que se abriu na bancada de senadores tucanos. O líder Arthur Virgílio (AM) prefere um peemedebista a um petista.
Mas tucanos do porte de Tasso Jereissati (CE) e Sérgio Guerra (PE) – respectivamente ex-presidente e atual presidente do PSDB — não parecem tão refratários a Tião Viana.
Entre quatro paredes, Jereissati e Guerra não escondem uma ponta de simpatia por Tião, um petista que consideram mais “sóbrio” e “sensato” do que a média do petismo.
Na outra ponta, aparentemente decidido a dificultar a vida de Tião, Virgílio chegou mesmo a superar uma aversão que nutria por Sarney.
Em passado recente, o líder tucano dizia que jamais votaria em Sarney. Revelara o "veto" na tribuna, em discurso. Agora já admite votar.
Nessa matéria, Virgílio fecha com o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), outro oposicionista simpático à alternativa Sarney.
Para Agripino, a eleição de Tião corresponderia a algo parecido com a acomodação do próprio Lula na cadeira de presidente do Senado.
O diabo é que Sarney, que antes estimulava a propagação de seu nome, parece ter dado meia-volta depois de uma conversa com Lula.
Na segunda (10), quatro dias depois da reunião com Lula, Sarney recebeu Tião em seu gabinete. Reafirmou o que dissera ao presidente: não é e não vai ser candidato.
Disse, de resto, que, com um esforço negociador que envolva o Planalto, acha possível arrastar o PMDB para uma composição com o PT.
A se confirmar a saída de cena de Sarney, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tricotava o nome dele com Virgílio e Agripino, fica sem chão.
A trinca terá de se escorar num outro peemedebista. Alguém que se disponha a bater chapa com Tião, contra a vontade de Lula.
Antes que esse nome apareça, Tião tenta amarrar pelo menos um pedaço do PSDB.
Quanto a Lula, como que decidido a minar as resistências do PMDB, marcou para a semana que vem uma reunião com os ministros que representam o partido na Esplanada. Encontro já noticiado aqui, doze dias atrás.
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