quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ora, bolas!

barulho

Alguns leitores deste espaço se indignaram com o artigo “Cultos ruidosos” do professor João Baptista Herkenhoff, postado logo abaixo. Uns, mais exaltados, querem, “democraticamente”, me levar à fogueira por ter reproduzido neste blog o que, para eles, é um texto ofensivo às igrejas evangélicas.

Diego Ferraz, um deles, em tom solene me pergunta a finalidade da postagem. E atira contra o carnaval, que seria, em sua opinião, mais prejudicial aos ouvidos que as ruidosas sessões religiosas, como se o blogueiro tivesse alguma responsabilidade sobre a realização da Festa de Momo. E conclui me acusando de perseguir as “denominações”.

Outro, que afirma morar próximo a minha casa (devo tomar cuidado?), mas não se identifica nem mesmo em um blog que edita, desfia a mesma cantilena besta e determina que é hora de eu me mancar e não usar os meios de comunicação para ficar expondo minhas opiniões fúteis e mesquinhas.

E vai mais longe o meu anônimo vizinho, invadindo, inclusive, minha vida pessoal: “Quando se trata de falar de Deus é incômodo, mas na hora de ficar pelas ruas bêbado, fazendo baderna com som alto em casa, os bares lotados, o alto índice de jovens bêbados, não incomoda”. E mais ainda: “Seu amigo amava uma baderna e uma bebedeira com som alto, o que não é incômodo pra você, pois é o que você gosta”.

Vamos, então, ao bom debate.

Ao postar o texto em questão não tive qualquer pretensão de vestir carapuças em ninguém. Mas, a julgar pelos comentários enfezados, o artigo do magistrado aposentado caiu como uma touca na cabeça de alguns fanáticos oportunistas travestidos de ministros de Deus na terra, que mais perturbam a paz do que evangelizam as pobres almas que se submetem às doutrinas de qualquer um que apareça com uma bíblia debaixo do braço.

Para sorte nossa, essa gente se constitui numa minoria que não representa a séria e respeitável comunidade evangélica presente nesta cidade. Alguns desses malucos, que veem em si a manifestação do próprio Lutero, se cercam de discípulos recém saídos da vida mundana, para onde a maioria retorna rapidamente, e se põem a pregar uma verdade da qual invariavelmente são os proprietários.

Esclareço que nada tenho contra as igrejas chamadas evangélicas. Pelo contrário, a despeito de ser católico, aprecio o importante trabalho social e religioso que algumas desenvolvem em Xapuri, me abstendo de nominá-las. Tenho, também, inúmeras amizades dentro das mesmas, o que não é, e nem será, impedimento para expressar minhas opiniões, seja através de textos meus ou de outrem.

Quanto ao barulho produzido por algumas igrejas, meu incômodo com ele não é diferente daquele que tenho com as demais formas de poluição sonora. Se o leitor que me acusa caluniosamente de promover badernas em minha casa acompanhasse mais atentamente este blog, teria visto que no ano passado  sugeri à câmara de vereadores propor lei para regular os serviços de propaganda volante na cidade (releia aqui).

Segue, abaixo, trecho da minha reivindicação:

“A necessidade de se disciplinar o uso de atividades sonoras em Xapuri é urgente. Nenhum cidadão pagador de impostos é obrigado a suportar o nível de ruído produzido por alguns veículos que fazem propaganda de lojas comerciais ou divulgação de eventos sem nenhum respeito a horário, local e ouvidos do povão.

É inadmissível que esses carros continuem a perturbar a paz e a tranquilidade da população, soltando seus decibéis antes das 8 horas da manhã e depois das 5 da tarde. Também não é aceitável que deixem de guardar a distância regulamentar para escolas e hospitais”.

Quanto a amigos meus que gostam de uma bebedeira e possuem sons potentes em seus carros (me enquadro apenas na primeira situação), passaria a noite toda aqui citando seus nomes, razão pela qual se torna quase impossível saber a quem o segundo comentarista se refere. Digo-lhe que respondo apenas por mim, e que meu tempo não permite que me ocupe de futricar a vida alheia, o que parece não ser o problema do meu abelhudo vizinho.

A imagem que ilustra o post foi pescada aqui.

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