A cena acima é rotineira na vida dos estudantes do bairro Sibéria, comunidade situada na margem esquerda do rio Acre, em Xapuri. Na ida e na volta das aulas, sob sol ou chuva, dezenas de alunos de várias idades aguardam a chegada das preguiçosas catraias para poder chegar ao outro lado do rio.
As embarcações transportam cerca de 15 pessoas de cada vez e a segurança da travessia se resume à esperada boa condição física das mesmas e à perícia do catraieiro. Não existem coletes salva-vidas para a eventualidade de um naufrágio, e nessa época do ano não se podem negar os perigos do afamado rio Acre.
Não tenho a intenção de ser Cassandra a predizer desgraças, nem o propósito de fomentar antigas polêmicas, mas apenas de mostrar uma das muitas dificuldades impostas aos habitantes daquele “hemisfério”, no dizer do folclórico e saudoso Nilo Aquino, que se atribuem à falta da tão sonhada ponte ligando as duas partes da cidade de Xapuri.
A ponte da Sibéria é a grande utopia dos “siberianos”, um povo que associa a separação determinada pelo acidente geográfico à exclusão que se manifesta na falta de ações políticas que tornem a vida mais digna naquele recanto. Credita-se à falta da ponte as mazelas que fazem parte tanto da vida daquela população quanto das demais, que estão do lado de cá.
O isolamento e o abandono sofrido por aquela população já se transformou em bandeira política largamente explorada e até um delirante “movimento separatista” já foi cogitado com a intenção de transformar o bairro e as terras que estão daquele lado do rio em um novo município, em razão da ideia de um projeto de construção da ponte não ganhar a dimensão que se espera.
A justa reivindicação popular já rendeu muitos mitos e histórias mirabolantes como a que alardeia que a passarela para pedestres construída em Rio Branco pelo ex-governador Jorge Viana foi resultado do desvio de recursos de projeto que já havia sido aprovado para a construção da ponte de Xapuri.
Em meio ao inocente desejo do povo e os interesses políticos eleitoreiros disfarçados, a ideia corrente é de que a ponte seria a redenção daquela região da cidade, e todos os problemas como, por exemplo, a falta de saneamento básico e a ausência de ruas pavimentadas, seriam resolvidos a partir de sua concretização. O povo ficaria feliz e satisfeito com a simples possibilidade de se locomover de um lado ao outro do rio sem a dificuldade atual.
Sabemos que a coisa não é bem assim. Uma ponte não resolveria os principais problemas do bairro Sibéria se as ações voltadas para a melhoria das condições de vida da população continuassem da forma que são há muito tempo e prosseguem na atualidade. Mas num estado em que a capital já dispõe de 4 pontes, e onde as vizinhas Brasiléia e Epitaciolândia ganharam mais uma ligação com a Bolívia, nada mais justo que o xapurienses, especialmente os da quente Sibéria acreana, reivindiquem a sua também.
3 comentários:
Simples de resolver. Veja:
Os siberianos liderariam os xapurienses na revolta chicomendista. Ou seja: toda vez que o Governo do Acre utilizasse o nome de xapuri, dos seringueiros de xapuri, ou de chico mendes, na justificativa de seus projetos de capatação de recursos no BNDES, Banco Mundial, etc, deveria pagar royaties para a cidade.
Enquanto não acabar a ditadura branca do PT, nossa Xapuri está em maus lençois. Pra o governo conseguir dinheiro pro estado, é com nome de chico mendes, mais a cidade do cara não tem nadaaaaa.
caro Raimari,acredito que, na minha modesta opiniao,falt sim vontade politica para concretizar este sonho nao só dos siberianos mas de toda uma sociedade que clama por um desenvolvimento sustentável e sem desigualdades sociais. Já falaram que ainda nao fizeram a referida ponte,por ser inviável econòmicamente, será que a produçao de leite para a fábrica de preservativos e o assentamento do Tupá nao justificariam sua construçao& Se derem assistencia técnica para esses produtores com certeza irao produzir legumes,hortaliças e tudo o mais a um preço competitivo e todos lucrariam. Sem falar que sairiamos um pouco da famigerada indústria do contra-chegue.
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