Recai sobre a fábrica Pisos Xapuri, localizada na BR-317 a cerca de 15 quilômetros da cidade, a suspeita de que produtos químicos usados no processo de produção estejam causando efeitos danosos à saúde de funcionários. A dona de casa Antônia Maria da Silva, 53, afirma que seu sobrinho e filho de criação, Sebastião Nonato da Silva, 19, conhecido pela alcunha de “Gavião”, foi transferido para Rio Branco em estado grave depois de apresentar sintomas possivelmente relacionados ao manuseio dos inseticidas usados pela empresa.
A dona de casa alega que Sebastião passou a apresentar reações adversas como dor de cabeça, sonolência e fraqueza física depois de dois meses trabalhando no setor da fábrica onde a madeira recebe a aplicação de inseticidas. Ela afirma ainda que o rapaz foi demitido logo após apresentar os supostos efeitos colaterais e que o mesmo não está recebendo nenhum tipo de assistência dos antigos empregadores, que também não entraram em contato com a família para saber informações do atual estado de saúde do ex-funcionário.
Antônio Moraes de Souza (foto), 32 anos, afirma ser outra vítima dos efeitos do veneno. Ele diz que foi admitido na empresa em outubro de 2009, tendo passado a se sentir mal alguns meses depois, apresentando os mesmo sintomas que Gavião, mas com menor intensidade. Não se sentindo mais capaz de enfrentar a jornada de trabalho de 9 horas ininterruptas, comunicou o que sentia a uma superior chamada Adriana e abandonou o serviço temendo que sua situação se agravasse como no caso do colega de trabalho.
Muito magro, fraco e sem forças para trabalhar, Antônio diz que de seu trabalho na fábrica Pisos Xapuri – de onde tirava uma renda mensal de quinhentos reais - dependia exclusivamente o sustento de mais 6 pessoas, além dele, entre esposa, filhos e outros parentes, que dividem com ele uma pequena e humilde casa localizada na periferia da cidade. Ele também afirma que no setor onde trabalhava, de um total de 20 pessoas apenas 2 usavam máscaras de proteção.
Além dos dois casos acima, ouvi relatos de mais três pessoas que trabalham ou que possuem parentes trabalhando na fábrica. Pedindo que seus nomes fossem mantidos em sigilo - para não correr o risco de perder o emprego – afirmaram temer os supostos efeitos prejudicais dos produtos químicos, mas que diante da escassez de oportunidades de trabalho no município são obrigados a trabalhar mesmo sabendo dos riscos que correm. Todos afirmaram estar apresentando problemas na pele em função do manuseio do veneno.
Na fábrica, fui recebido pelo gerente administrativo da empresa, Wágner Oliveira, e pela técnica em segurança Cherla Maia, que aparecem juntos na foto acima. De acordo com eles, não há nada de errado na Pisos Xapuri quanto aos procedimentos de segurança, mesmo se percebendo claramente na primeira e na terceira fotos deste post que muitos funcionários manuseiam tábuas sem usar luvas e trabalham sob pilhas de madeira sem o uso capacetes.
De acordo com as explicações de Wágner e Cherla os produtos usados pela fábrica são aplicados somente na madeira de nome tauari, e que não oferecem nenhum risco à segurança dos funcionários que os manuseiam. Mas nas fichas de emergência dos produtos Cipertrin MD – Inseticida à base de piretróide, líquido tóxico e inflamável e TBP 90 – líquido tóxico, corrosivo – consta que a inalação ou o contato com o produto pode irritar ou provocar queimaduras na pele e olhos, e que os vapores deles resultantes podem causar tontura ou asfixia.
Wágner e Cherla informaram ainda que os equipamentos de segurança usados pelos funcionários que aplicam os produtos se resumem a luvas e máscara com filtro, que segundo informações que obtive de alguns dos operários são as mesmas usadas nos hospitais e postos de saúde.
Sobre o caso de Sebastião Nonato da Silva, Wágner afirma que o diagnóstico feito pelo médico da fábrica após exames acusou um problema de saúde alheio a qualquer fator de risco relacionado ao trabalho que exercia na empresa, mas não quis falar sobre o assunto na ausência do mesmo e garantiu-me que o profissional faria contato comigo até esta segunda-feira para maiores esclarecimentos, o que não ocorreu. Acrescentou apenas que a demissão do trabalhador ocorreu antes que o mesmo apresentasse problemas de saúde, rebatendo a afirmação da mãe de Sebastião.
Sobre as afirmações de Antônio Moraes de Souza, o gerente afirmou desconhecer o caso.
A fábrica Pisos Xapuri Importação e Exportação Ltda. é gerenciada por um consórcio que reúne as empresas Ouro Verde, Laminados Triunfo e Albuquerque Engenharia, no sistema de arrendamento mercantil feito junto ao governo do Acre. Com 187 funcionários trabalhando na atualidade, a fábrica é a terceira maior empregadora do município, ficando atrás do estado e do município, e à frente da Preservativos Natex.
Um comentário:
UMA PURA INRRESPONSABILIDADE DE UMA EMPRESA DESSA, QUE SE FOR PROVADO ESSAS DENÚCIAS TEM QUE PAGAR O PREÇO, QUE DE FATO É DE DIREITO AO TRABALHADOR. POUCA VERGONHA, A GENTE VER PELA AS IMAGENS QUE APARECE NO BLOG PESSOAS TRABALHANDO SEM NEM UMA PROTEÇÃO, LUVAS, MÁSCARAS BOTAS ,CHAPEU E TUDO MAIS QUE SE TEM DIREITO O TRABALHADOR. FAÇO UM APELO COMO CIDADÃO E TRABALHADOR DESSE MUNICÍPIO QUE A JUSTIÇA VEJAM COM CARINHO ESSE ACONTECIMENTO, QUE SE FOR VERDADEIRO QUE ESSAS PESSOAS PAGEUEM O PELO PREJUISO QUE VEM CAUSANDO AOS SEUS FUNCIONÁRIOS QUE POR MUITAS VESES NEM SABEM OS DIREITOS QUE LHE ACISTE.
Postar um comentário