Pecuária sustentável

A pecuária também pode ser uma atividade sustentável, garantem os pequenos proprietários Geraldo e Sérgio Pessigatti, filho e pai, que são donos dos 225 hectares que formam a fazenda Nossa Senhora Aparecida, localizada na confluência da Estrada do Café com a BR-317, no município de Xapuri.

O senhor Sérgio, 80, chegou a Xapuri em 1974, vindo de Baixa do Quandu, no estado do Espírito Santo. Veio para o Acre com um irmão, que já conhecia o estado, gostou, e por 20 mil cruzeiros comprou a área, inicialmente de 106 hectares, onde vive até hoje na companhia do filho Geraldo, que é quem administra os negócios da fazenda.

Dos 225 hectares atuais, apenas 80 estão transformados em pasto, divido em pequenas áreas denominadas "piquetes", onde criam cerca de 360 cabeças de gado leiteiro e de corte. "Nunca tivemos problema com o Ibama e não precisamos derrubar nenhuma área para dobrarmos o nosso rebanho", diz ele.

O método pelo qual é possível manter bem alimentada essa quantidade de gado em uma pequena área de pasto, segundo Geraldo, é o sistema de manejo de pastagens, coordenado pelo programa Balde Cheio, trazido do interior de São Paulo para alguns municípios acreanos. Divididos por cercas elétricas, os piquetes recebem o gado em forma de rodízio.

Em 2007, quarenta pessoas entre produtores e técnicos de seis municípios do Estado do Acre estiveram em São Paulo para conhecer os Projetos de Viabilidade Leiteira para a Agricultura Familiar. A experiência passou a ser desenvolvida aqui e, segundo os Pessigatti, os resultados começaram a aparecer rapidamente, apesar do projeto ainda estar na fase embrionária.

A principal atividade da fazenda dos Pessigatti é a pecuária leiteira. Além da renda obtida com a comercialização direta do produto, a fabricação de queijos também tem gerado bons resultados. Para melhorar a qualidade do rebanho e, consequentemente, da produção de leite, Geraldo vai participar de um curso de inseminação artificial para melhoramento genético.

Segundo ele, o programa Balde Cheio é plenamente viável para os produtores de pequeno e médio porte, mas precisa distribuir melhor a atenção para todos os produtores envolvidos no projeto. Ele diz que algumas famílias recebem maior assistência que outras e isso finda por prejudicar no conjunto os resultados que podem ser obtidos.

O senhor Sérgio Pessigatti diz que não se arrependeu de ter vindo para o Acre, terra que adotou como sua. Ele afirma que o estado mudou muito nos últimos anos e que os governos de Orleir Cameli e Jorge Viana trouxeram avanços que ele não esperava alcançar, citando o asfaltamento da BR-317 e eletrificação rural como os principais fatores da melhoria de vida na região.

Sobre o governador Binho Marques, considera um bom administrador que tem mantido o Acre no mesmo nível alcançado nos últimos 10 anos, mas acha que a situação pode melhorar. "Muita coisa ainda pode melhorar, mas não se pode comparar o Acre de hoje com aquele de quando nós chegamos aqui. Os últimos governos mudaram a nossa forma de viver", diz.

Com relação as mudanças políticas em Xapuri, os Pessigatti preferem não fazer previsões. Eleitor do candidato do PSDB nas últimas eleições, Marcinho Miranda, de quem é compadre, Geraldo Pessigatti diz que Xapuri elegeu um bom prefeito. "Nós não votamos no Atual prefeito, mas acreditamos que ele possa fazer um bom governo. É isso o que nós esperamos", afirma.