Trecho de um texto encontrado na internet que achei interessante de Matheus Fernandes, de Brasília, que passou por Xapuri no ano passado:
Mas foi em Xapuri que pude conhecer outros cantos e encantos dessa floresta. Se em Rio Branco me impressionei com a beleza simples, colorida e vazia da Gameleira, com a arquitetura moderna e londrina da ponte de pedestres sobre o Rio Acre, foi em Xapuri que pude conferir o sabor de uma cidade acreana, apesar de pitada de fama dada, atualmente, pelo revolucionário Chico Mendes.
Xapuri é uma solitária cidade distante 180 km de Rio Branco - caminho que percorri, de carro, em meio à pastagens, canaviais e, pra minha surpresa, um pouco de floresta e seringueiras. Na verdade, por justeza histórica, deveríamos dizer que é Rio Branco que está distante de Xapuri. Ainda mais neste ano, em que completamos 20 anos da morte de Chico. O coração da floresta pulsa mais rápido, mais triste e mais bonito dali. Afinal, a Revolução Acreana viu nessa cidade o seu epicentro - que retornou no ano de 1988 com a morte do seringueiro ambientalista e cosmopolita.
Em Xapuri pude, durante o almoço no Restaurante da Dona Vicência (simpática velhinha com mais de 80 anos, ex-seringueira e atual dona de um restaurante muito conhecido no município; saída aos 13 anos do Ceará, tendo percorrido o caminho durante 11 meses com a família, morou durante 34 anos no seringal São Francisco Iracema, distante de Xapuri 12 horas de barco); conhecer uma figura folclórica da cidade: Joscires, um jovem burocrata que tem no seu blog arma de fazer piada e política.
Foi também em Xapuri que reencontrei um amigo-artista, nascido perto de Bonito (MS), que está agora morando no Acre pra fazer da mistura de idéias e pessoas, movimento socioambiental e cultural. Pra fazer o que ele sabe fazer, enfim: arte. Arte na Ruína, pra bem dizer. Confira o resultado no blog do movimento. Chamado pela Filha do Homem, Elenira, trabalhando na Fundação Chico Mendes e apoiando as atividades da Casa de Leitura, Wagner é uma daquelas pessoas a quem vale dar ouvidos e também uma mão - ele não vai deixar o mundo como encontrou.
E, por falar em dar ouvidos, vale mesmo dar ouvidos - e muito do seu tempo e do seu coração - para a "Deusa", a carinhosa e conversadeira Deusamar, que me recebeu muito bem na Fundação. Casada com o irmão do Chico, ela realmente tem muita história pra contar... e, se souber fazer as perguntas, ela conta mesmo!
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