Luiz Brun de Almeida e Souza
A paz é um processo difícil e tortuoso. Tudo o que aconteceu no século XX foi apenas a preparação para os desafios que vão se acentuar nos próximos anos. O turismo é uma forma prática, inteligente e objetiva de aproximar os povos, fazendo com que eles se conheçam melhor e compreendam os problemas respectivos.
Quem visita não só olha, contempla, observa, mas também absorve em parte as emoções predominantes no lugar visitado. O turismo, no plano internacional, exerce papel aglutinador, quase didático que vai semear o terreno das negociações. Hoje o diplomata necessita do apoio da opinião pública de seu país, para garantir os compromissos a serem assumidos nos planos comercial, financeiro e cultural. À medida que tal apoio estiver presente, o processo negociador terá o êxito desejado. Daí a importância do intercâmbio em todos os níveis, seja com os países desenvolvidos, seja com os países de menor desenvolvimento relativo. É como se a humanidade tivesse de se irmanar num imenso abraço de confraternização, produzido pela familiaridade com o próximo.
Atualmente, o turismo tem os instrumentos para viagens rápidas e produtivas, pelas quais podemos conhecer melhor sociedades outrora distantes e inatingíveis. É verdade que há barreiras como idiomas diferentes e complicados para a maioria. Existem também os cada vez mais rígidos sistemas de controle de segurança nos aeroportos e nas ruas de certos países. São constrangimentos que refletem o lado negro da globalização. Não podemos, porém, render-nos a tais obstáculos.
Parceria e humanismo
A diplomacia no século XXI requer a participação da opinião pública de forma crescente e determinante. Tudo estará sendo revelado pela mídia em tempo real. Pelo turismo, vamos conhecer melhor nossos interlocutores no campo da negociação, tornando-os, se possível, parceiros de investimentos e ajuda humanitária. Como resultado final desse turismo aproximador e revelador, o planeta se beneficiará porque os comportamentos destruidores que o agridem – como o aquecimento solar global e suas conseqüências funestas – serão de alguma forma atenuados ou transformados por um novo tipo de consciência ecológica, de impacto mundial.
No século atual, o turismo será assim um aliado imprescindível para uma diplomacia "transparente", sem segredos inúteis, onde conhecer o próximo significa o passo inicial de nossa sobrevivência no planeta. "Conhecereis a verdade e ela vos libertará", deverá ser mais do que nunca o lema do turismo a serviço da paz.
Luiz Brun de Almeida e Souza é vice-presidente executivo da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB).
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