quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Razão e emoção no campo das ideias

Nader Sarkis

Temos percebido que o insistente “debate” sobre Xapuri a partir da repercussão de uma frase proferida pela D. Carmem Veloso ao blog do Altino Machado, de que “Xapuri está uma merda”, uma senhora de 90 anos que merece todo o respeito por sua história de trabalho que muito contribuiu para construção dessa cidade, foi tão marcante que ainda é o centro das atenções dos leitores da rede, sobretudo nos blogs hospedados em Xapuri.

Não concordo plenamente com a frase de Dona Carmen, pois falo como cidadão que enxerga algumas ações positivas desenvolvidas atualmente em nossa cidade, mas admiro sua franqueza, pois como num passe de mágica ela conseguiu mexer com os brios dos xapurienses, com certeza sem imaginar que o pós-frase levasse a esse eclético debate.

Tomara que com isso tenhamos dado os primeiros passos pra realmente discutirmos o que é melhor para Xapuri, no campo educacional, na saúde, na economia, na cultura etc., agora de forma sincera, franca, leal, transparente, com responsabilidade e conhecendo realmente o que aqui e em suas adjacências acontece em sua total dinamicidade, que possamos ter sim direito de sugerir, além disso, de ter o dever moral de buscar a melhoria da cidade que afirmamos gostar.

As opiniões reveladas através dos textos e os comentários sobre Xapuri não podem encerrar-se simplesmente porque houve interpretações dúbias, porque alguém achou que a tal da carapuça sentou. É certo que na razão ou na emoção, alguns belos textos foram aparecendo na tentativa de endossar, contrariar ou interpretar a famosa frase da D. Carmem Veloso. Definitivamente, o que não pode acontecer agora são esses brios se apagarem daqui a uns dias, ou seja, é interessante que haja um bom debate presencial para afinarmos as ideias, fazer uma ampla discussão sem interferências partidárias acerca do melhor para Xapuri, essa é a hora.

Percebeu-se unanimemente que Xapuri poderia está melhor e que a cidade tem sofrido ao longo de décadas, e que na opinião de alguns, os governos do PT nas três esferas teriam que resolver parte dos problemas locais. Falou-se sempre disso, embora eu reconheça, pelo menos, até que me provem o contrário, que nunca cobramos de fato dias melhores pra terrinha. Por enquanto, a maneira mais cômoda de cobrarmos, ou melhor, punirmos tem sido nas urnas, foi o que sempre aconteceu, mas não significa que sempre se fará assim ou que em todos os lugares seja assim.

Pode parecer paradoxal, mas no nordeste, apesar do carisma e da expressiva votação do então Presidente Lula, sabe- se que ele não conseguiu resolver de uma vez por todas, por exemplo, os problemas do seu estado natal, Pernambuco, no período em que passou no comando da nação. Lá, o analfabetismo ainda impera, sem contar com a situação precária da saúde, fome, desemprego etc. Mesmo assim é bastante provável que tenha ótimos índices nas urnas, caso pleiteie novamente o cargo majoritário do país.

Voltando a ênfase Xapuri, acatei vários argumentos, mas discordei do meu parceiro e amigo Prof. Carlos Estevão, alguns dias atrás quando ele faz uma analogia a partir de informações colhidas de seus alunos acerca do comércio local atribuindo-o falência. Nessa senda, este subscritor relatou alguns dados da realidade diária e além daqueles, semana passada, quando precisei fazer uma minúscula reforma em minha casa, pesquisando preço pelas três grandes casas de material de construção da cidade, (brevemente haverá a quarta) tive que esperar pra ser atendido em todas elas, haja vista uma grande quantidade de consumidores comprando do prego ao acabamento. Se sairmos pela cidade constataremos inúmeras construções e, diga-se de passagem, com elevado padrão de qualidade.

Pode haver algum segmento do comércio falido, mas em linhas gerais, pelo que percebemos no cotidiano, o comércio local não vive seu boom, mas ainda respira ar de boa receita, apesar do fluxo de dinheiro todo fim de mês lá pras bandas da Cobija.

Em outra citação falei do respeito que tenho pela Fundação Chico Mendes, por toda sua trajetória, pelo seu nome que certamente já atraiu vários recursos para o estado. É justamente aqui que está o principal reclame dos amantes de Xapuri ao entenderem que devido essa relação nosso município haveria de receber um volume maior de investimentos dos governos estadual e federal, os royalties já sugeridos pelo Prof. Carlos Estevão, que infelizmente ainda não tivemos, digamos, essa prerrogativa. Contudo não concordei que o fechamento temporário da Casa Chico Mendes se constituísse no fator exclusivo ou o termômetro pra dizer que Xapuri está bem ou não, como ocorreu num post do mês passado do jornalista Adailson Oliveira tentando justificar a tal frase de D. Carmem Veloso.

Finalizando, sustento a ideia de que estamos começando a construir uma base sólida para um futuro debate que venha apontar alternativas pra cidade ou que contribua de maneira mais consistente com a administração atual ou outras que virão. Um plano sem cor partidária que possa permear diferentes atividades com sustentabilidade e que possa fazer valer o verdadeiro peso do nome Xapuri. Utopia? A resposta está em cada um de nós. 

Nader Sarkis é professor.

2 comentários:

Sued disse...

Lí atentamente o comentário do Prof.Nader Sarkis, fiquei alguns dias sem comentar sobre nossa terrinha, por razão de viajem,primeiro eu não quero comentar sobre a declaração da D.Carmem, pois eu estou a bastante tempo sem visitar minha terrinha,seria hipócrisia falar sem ter visto nada em loco,agora acompanho da melhor maneira possivel mesmo a distancia por informações de famíliares ou amigos que aí resídem,já na minha opinião eu sabía que a cidade de Xapuri mais cedo ou mais tarde iria entrar nesse colápso pela razão de ser a cidade do privilégio,as oportunidades para os verdeiros conterraneos sempre foram restritas,razão pela qual me fez saír de Xapuri,fiquei realmente indignado com um fato acontecido na época,quando por iniciativa da da Câmara de Vereadores e da Prefeitura de Xapuri,resolveram homenagear todos os pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos que prestavam serviços a comunidade Xapuriense com suas respectivas e HONRRADAS profissões,se não me falha memória foi uma iniciativa do então VEREADOR João Carvalho,foi feito a solenidade para homenagear Costureiras,Barbeiros,Padeiros e Comerciantes com a entrega de um CERTIFICADO a cada um como Cidaddão empreendedor pelo crescimento de Xapurí,lembro me da decepção do meu HONRRADO E QUERIDO PAI,SR. JOÃO PEREIRA QUE CRIOU DEZ FILHOS E CINCO NETOS COM MUITA HONRRA E DIGNIDADE NA CIDADE DE XAPURI,na época o único profissional na area de SAPATARIA em XAPURI foi esquecido,o que questonei a veementemente com o então Vereador Jõao Carvalho,parecia até uma coisa insignificante mais se estava homenageando os Cidadãos que estvam pagando seus impostos e atendendo os anseios da população,contribuindo com a sua singela profissão,porque então foi esquecido?já que o mesmo era tratado com o mais alto respeito e consideração pelos seu clintes, que iam lá em sua simples Sapataria que ficava em frente do Posto de Saude só para ouvir e converssar com seu João Sapateiro,mais pra ele aquilo representaria muita coisa,fato que me causa repulsa até hoje de visitar Xapuri,deve ser por essa ou por outras que D.Carmem resolveu desabafar,eu acredito que Xapuri tem que ser de todos e não uma Cidade de Privilégios de alguns. Um Abraço a todos meus conterraneos,SUED porto Velho, RO.

Carlos Augusto disse...

O COMERCIO DE XAPURI ESTÁ CHEIO DE CLIENTES, E OS BANCOS DE XAPURI CHEIOS DE FINANCIAMENTOS A RECEBER, ALGUNS COM VALORES MUITISSIMO ELEVADO, OU SEJA, TRADUZINDO, A IDÉIA DE CRESCIMENTO DO COMÉRCIO LOCAL ESTÁ SENDO SUSTENTADA PELOS BANCOS, ISSO NOS MOSTRA DUAS COISAS: OS BANCOS ESTÃO CUMPRINDO SEU PAPEL AO OFERECER CREDITO, POR OUTRO LADO O COMERCIANTE SÓ ESTÁ CRESCENDO POR QUE FOI OBRIGADO A RECORRER AOS BANCOS; ISSO NOS LEVA A CRÊR QUE: O "CRESCIMENTO" DO COMERCIO DE XAPURI NÃO ESTÁ SUSTENTADO EM CAPITAL PRÓPRIO POR CONTA DO BAIXO LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO, DEVIDO A NUMEROSOS FATORES, DENTRE OS QUAIS DESTACO À DEPENDENCIA DO FUNCIONALISMO PÚBLICO, QUE MUITAS VEZES, RECORRE A OUTRAS PRAÇAS COMERCIAIS PARA FAZER SUAS COMPRAS (COBIJA POR EXEMPLO), A INADIMPLÊNCIA QUE EM NOSSO MUNICÍPIO ALCANÇA ALGO EM TORNO DE 30%,SEM CONTAR QUE MAIS DE 60% DAS PESSOAS ECONOMICAMENTE ATIVAS EM NOSSO MUNICIPIO ESTÃO NA LINHA DE POBREZA, VIVENDO DE SALÁRIO MINIMO OU ABAIXO DELE, COMPRANDO SOMENTE O NECESSÁRIO PARA TER UMA VIDA DIGNA. NÃO PODEMOS CONFUNDIR MOVIMENTO DE VENDA COM CRESCIMENTO NAS VENDAS, NEM TUDO O QUE PARECE REALMENTE É, O COMÉRCIO DE XAPURI EM PRIMEIRA E LEIGA VISTA, PARECE, ESTÁ AQUECIDO, SE FORMOS ANALISAR A LUZ DA CIÊNCIA, E OS ALUNOS DE ECONOMIA DE XAPURI ESTÃO COM DADOS CONCRETOS A RESPEITO DESSA PROBLEMÁTIVA, COMPROVAREMOS ESSAS QUESTÕES LEVANTADAS. PORTANTO NESSE DEBATE NÃO CABE ACHISMOS, TEMOS QUE ACATAR OS ESTUDOS QUE FORAM FEITOS PELOS ACADEMICOS DE ECONOMIA SOB PENA DE BOTARMOS EM SUSPEIÇÃO OS ESTUDOS OFERECIDOS PELA NOSSA AGUERRIDA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE, INSTITUIÇÃO NO QUAL OS NOBRES COLEGAS DEBATEDORES SE GRADUARAM.